null: nullpx
ator-Mulher

Apresentador da Globo Érico Brás fala sobre triste episódio de racismo que sofreu

Publicado 28 Mai 2020 – 02:22 PM EDT | Atualizado 28 Mai 2020 – 02:22 PM EDT
Compartilhar

O ator e apresentador do programa "Se Joga", Érico Brás, participou de uma live com Fábio Porchat e falou sobre o racismo estrutural no Brasil.

Enquanto comentava o assunto, ele relembrou um episódio de racismo que sofreu, em que foi confundido com um assaltante no ponto de ônibus.

Érico Brás fala sobre racismo

Ator e apresentador, Érico Brás contou que começou sua carreira muito cedo. Logo na infância, ele descobriu seu amor e talento para a arte. Foi no teatro das igrejas da Bahia que ele começou a atuar.

Várias das peças em que atuou tinham como tema central a discriminação do negro no Brasil - e ele contou como sofreu na vida real o mesmo preconceito por causa da cor de sua pele.

Durante sua conversa com Porchat, sem citar o ano, ele contou que, ao encerrar uma peça que estava fazendo no teatro Vila Velha, em Salvador, e correr para pegar o último ônibus de volta para a casa, ele foi confundido com um ladrão.

"Eu pegava o último ônibus para ir para a casa. Quando eu cheguei no ponto de ônibus, que eu saia correndo para pegar o ônibus para voltar para o subúrbio, parou uma viatura. Pensei que era uma batida normal. De dentro da viatura saíram dois policiais e uma mulher", que apontou para Érico e disse: "Foi você!", sem entender nada, o ator respondeu: "Eu?".

A mulher acusava o ator de ter roubado sua bolsa e, por isso, a polícia mandou Érico encostar no muro e imediatamente começou a revistar sua mochila, jogando tudo no chão e indagando-o: "Cadê a bolsa, onde está a bolsa dela?". "Não sei", dizia o ator.

Enquanto era revista, a polícia questionou Érico:

- "Onde Você estava?".

- "No trabalho".

- "O que você faz?".

- "Sou artista, ator, acabei de fazer uma peça e estou aqui esperando o ônibus para ir embora".

Ao ouvir sobre a profissão de Érico, a mulher interrompeu o interrogatório:

- "Como é que é?".

- "Acabei de sair do teatro".

- "Qual teatro?".

- "O Vila Velha".

- "Ah, menino, é você que faz aquela peça?", questionou a mulher.

"Sim! Sou eu que faço o personagem e comecei a fazer, ali, o personagem, no ponto de ônibus, para o policial entender", disse Érico, que começou a imitar seu personagem para que a mulher e os policiais percebesse que ele era ator e não assaltante.

"Nesse meio tempo, o meu ônibus, que era o último, passou [...] fiquei sozinho no ponto fazendo o personagem", contou o ator, que perdeu o ônibus de volta para a casa.

Após reconhecê-lo, a mulher afirmou aos policiais que havia se confundido e que ele não era o ladrão que roubou sua bolsa. Ao se "desculpar" com Érico, os três viraram as costas para ir embora, mas antes de entrar no carro, o ator chamou um dos policiais e disse:

"Pera aí, meu último ônibus passou e não tem outro ônibus, eu preciso ir embora, como é que eu faço?" e obteve a seguinte resposta: "Ah, meu irmão, se vira, você é artista, se vira!".

Após desabafar sobre o que sofreu naquela noite, Brás citou ainda o caso do menino João Pedro, assassinado dentro de sua casa no Rio de Janeiro.

“A arte me salvou. Por um momento eu me vi como um escravo no Mercado Modelo, pulando, provando que eu estava apto pra ser liberto, liberado. Se eu não fosse um artista eu estava fodido. E me assustou ainda mais a autoridade da mulher sobre o Estado. Ela comandava o carro da polícia. São coisas absurdas. É como o João Pedro. Mesmo estando em casa você vai tomar um tiro”, finalizou Érico.

Assista à conversa completa de Érica Brás e Fábio Porchat:

Famosos que enfrentam racismo

Compartilhar
RELACIONADO:ator-Mulherracismo-Mulher

Mais conteúdo de interesse