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Cientista previu pandemia de "Doença X" dois anos atrás e chegou a alertar OMS

Publicado 3 Abr 2020 – 02:42 PM EDT | Atualizado 3 Abr 2020 – 02:42 PM EDT
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No começo de 2018, em um encontro com a OMS (Organização Mundial da Saúde), o ecologista Peter Daszak e uma equipe de cientistas alertou o órgão sobre a "Doença X", como escreveu o especialista em um artigo publicado no jornal norte-americano The New York Times.

A doença, que ainda não circulava entre a população, seria proveniente de um vírus que se originou em algum animal silvestre. Quase dois anos depois, a previsão se tornou a realidade e tem até um nome oficial: Covid-19.

Cientista "previu" pandemia de coronavírus

Peter Daszakc é o presidente da EcoHealth Alliance, uma organização internacional que se dedica a pesquisas sobre proteção da saúde humana, animal e ambiental. Ele foi o responsável por descobrir que o vírus da Sars (Síndrome respiratória aguda grave), doença que causou uma epidemia na China em 2003, veio de morcegos.

A doença, como foi descoberto, foi transmitida de morcegos para os seres humanos e também é causada por um tipo de coronavírus (o SARS-CoV). Desde então, o pesquisador e sua equipe se dedicam aos estudos da saúde humana e vida selvagem.

Eles encontraram, por exemplo, mais cerca de 500 coronavírus em morcegos, sendo que alguns podem infectar seres humanos. O alerta feito à OMS veio dessa descoberta: a doença que surgiria seria mais letal que uma gripe comum e causaria pânico global.

A previsão foi ainda mais certeira: o grupo afirmou que a doença poderia ser confundida com outras, o que faria com que ela se espalhasse de modo rápido e silencioso. Ela seria de fácil transmissão e atingiria o mundo todo, causando, inclusive, um grande impacto econômico.

Segundo Daszak, essa pandemia é relacionada com o modo como vivemos hoje: muitos animais carregam vírus que podem nos infectar, e, à medida que nos aproximamos deles, seja por causa do desmatamento, construção de estradas, agricultura ou alimentação, também nos colocamos em maior risco.

O trabalho do ecologista, de acordo com o site da EcoHealth Alliance, "É dirigido pela convicção de que os surtos de doenças não são apenas previsíveis, mas evitáveis. Essa abordagem vai de acordo com uma perspectiva que vê problemas de doenças humanas e animais intimamente ligadas - exacerbados pelas mudanças ecológicas".

A abordagem do trabalho do cientista aponta que estamos seguindo na direção para combater o problema das pandemias. "Esperamos até que elas de fato aconteçam e torcemos para encontrar uma vacina ou remédio que pode ser desenvolvido rapidamente (...) O problema é que, entre os surtos, a vontade de gastar dinheiro em prevenção diminui", escreveu.

Se essas mudanças não forem adotadas, ele diz, é apenas uma questão de tempo até que uma outra epidemia relacionada à vida animal se espalhe pelo mundo.

Pandemia de coronavírus

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