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Marielle continuou viva no último ano e estas impactantes homenagens mostram

Publicado 26 Fev 2019 – 10:29 AM EST | Atualizado 26 Mar 2019 – 03:20 PM EDT
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Um mundo mais justo e diverso. Uma das ideias mais fortes simbolicamente transmitida pela vereadora Marielle Franco, assassinada há um ano no Rio de Janeiro, "virou semente" e germinou em diversas manifestações de resistência e lembrança do papel importante que ela teve para a sociedade brasileira, atuando na política.

Em 14 de março de 2018, a parlamentar do PSOL foi alvo de quatro tiros enquanto estava dentro de um carro acompanhada pelo motorista Anderson Gomes, que também morreu.

A história tomou o noticiário do país e, um ano depois, se transforma a cada dia em narrativa de resistência: por isso, todas as homenagens à mulher, negra e "cria" da Favela da Maré, como se apresentava Marielle, são poderosas mensagens de continuidade da luta pelos direitos das mulheres e da comunidade negra.

Homenagens a Marielle: arte, luta e emoção

"Quem matou Marielle e Anderson?", "Marielle presente", "Lute como Marielle Franco". Essas frases se repetem desde o dia 14 de março de 2018 e ganham registros em manifestações e homenagens à vereadora e ao motorista.

Placas, camisetas, fotos em telões, desenhos pelas ruas da cidade se tornaram formas sensíveis e simbólicas de valorizar a memória e a existência de Marielle e, por consequência, tudo que ela representa: a resistência e a busca por igualdade no País.

Separamos 11 homenagens incrivelmente impactantes, que transformam, todos os dias o "luto" em "luta".

Placas no corredor da Câmara dos Deputados

https://instagram.com/p/BtgPMdfFv2D/

Um corredor da Câmara dos Deputados, em Brasília, recebeu placas com o nome de Marielle Franco. De acordo com a deputada Talíria Petrone, são "quatro gabinetes feministas vizinhos": o dela, o de Áurea Carolina, de Sâmia Bomfim e de Fernanda Melchionna.

O da deputada Luiza Erundina também está no andar. "A gente não chegou pra ficar calada", escreveu a parlamentar.

Placa de Marielle em Berlim

Ao exibir o filme "Marighella" ao lado da equipe, o ator e diretor Wagner Moura ergueu placa com o nome da vereadora no Berlinale International Film Festival Berlin, na Alemanha.

Em coletiva de imprensa, em inglês, Wagner ainda falou sobre a morte sistemática de pessoas negras que acontece no Brasil, e destacou o triste episódio de Marielle, negra, defensora dos direitos humanos e que, como Marighella, foi assassinada dentro de um carro.

"O Estado brasileiro é racista. Marighella foi assassinado em 1969. Um homem negro, revolucionário, de esquerda. Ele foi assassinado pelo Estado dentro de um carro, 50 anos atrás. E 50 anos depois de Marighella, uma vereadora no Rio de Janeiro também negra, de esquerda, defensora dos direitos humanos, foi assassinada em um carro provavelmente por agentes do Estado", disse o ator.

"Então, a violência do Estado brasileiro cometida contra revolucionários nos anos 60 é a mesma que eles estão fazendo nas favelas contra pessoas negras. É a mesma coisa. Eles estão torturando, eles estão matando. A polícia no Brasil não é treinada para proteger os cidadãos, é treinada para proteger o Estado".

"Escadão Marielle" em Pinheiros, São Paulo

São Paulo também tem um grande "mural" em homenagem a Marielle. O "escadão Marielle Franco", na esquina das ruas Cardeal Arcoverde e Cristiano Viana, em Pinheiros, ganhou cores e palavras de luta e força às mulheres negras.

Ao destacar a história de Marielle, as artistas convidadas para grafitar as paredes fazem com que a cidade sempre lembre que é importante resistir e respeitar a luta pelos direitos humanos, um dos legados que a ativista deixou.

Tribuna dos vereadores com frase de Marielle

A tribuna em que os vereadores do Rio de Janeiro se pronunciam recebeu o nome de Marielle.

A luta da vereadora foi eternizada por duas impactantes frases suas. "Não serei interrompida. Não calarão a minha voz" foi dito por Marielle no dia 8 de março de 2018, Dia Internacional da Mulher, durante discurso na tribuna que hoje leva seu nome.

A bonita homenagem foi feita cerca de 10 meses depois da morte de Marielle e do motorista Anderson Gomes.

Samba enredo da Mangueira

Destacando a "história que a História não conta", a Estação Primeira de Mangueira desfila no Rio de Janeiro homenageando personalidades e momentos de resistência negra no País com o verso "Brasil, chegou a vez de ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês".

https://instagram.com/p/BuBx8tnlOsT/

Além de Marielle, a escola relembra a história de Luiza Mahin, africana livre, que estava associada ao Levanta dos Malês, de 1835, em Salvador, na Bahia, organizado por negros muçulmanos.

Programa "Amor e Sexo"

No programa "Amor e Sexo", na TV Globo, a apresentadora Fernanda Lima levou ao palco um grupo de pessoas muito importantes na história de Marielle: sua irmã, Anielle Franco, sua companheira, Mônica Benício, e amigas ativistas, Pamela passos, professora de História, Lia Rocha, doutora em Sociologia, e Regiany Ferreira, educadora com graduação em Geografia, que seguraram a placa "Marielle Presente".

Anielle destacou que o senso de justiça de Marielle surgiu ainda na infância. "[Ela era revolucionária] desde pequena. Ela mostrava: 'quando não dá pra ser, a gente luta por aquilo'".

Uma das falas mais emocionadas foi da companheira de Marielle, que traduziu a grandeza e a representatividade inerentes à vereadora. "Marielle era temida pelo mesmo motivo que ela era muito amada. Ela carregava no corpo dela todas as pautas que ela lutava e acreditava. Uma mulher com todas essas características ocupando um espaço de poder que a sociedade racista e machista luta diariamente para que essas pessoas não ocupem esses espaços.

Por ter se tornado habitual dizer que Marielle deixou sementes, a apresentadora Fernanda Lima perguntou qual é a revolução pela qual agora, as pessoas que ficaram, lutam.

"É uma revolução por uma sociedade mais igualitária, por um mundo mais justo, onde mulheres e homens têm o mesmo direito, onde negros e brancos não tenham diferenças, um mundo onde todo ser humano seja socialmente respeitado e tenha o direito de amar livremente quem quiser, sem temer. E possa exercer sua cidadania plena, sem nenhuma diferença ou dificuldade", finalizou Mônica, sob aplausos do público.

Causa por trás de camiseta "Lute como Marielle Franco"

A marca de camisetas "Peita" confecciona a camiseta com os dizeres "Lute como Marielle Franco", uma variação da expressão feminista "Lute como uma garota". No site oficial da Peita, a empresa explica que, inicialmente, o produto foi feito apenas para a família e a equipe de campanha de Marielle.

"Acontece que o mundo quer lutar como a Marielle, quer expressar isso e quer levar o nome dela pras ruas todos os dias. Por isso, junto com a família, decidimos produzi-la". A Peita afirma que parte da renda e da produção é doada a projetos de "empoderamento e resistência feminina".

Em vários modelos, a camiseta com os dizeres passou a se popularizar entre as pessoas que acreditam nos mesmos ideias que Marielle acreditava.

Stencil de Malala no Rio de Janeiro

Quando Malala Yousafzai, ganhadora do Nobel da Paz, esteve no Brasil, ela registrou um stencil do rosto de Marielle em um muro na comunidade Tavares Bastos, no Catete, no Rio de Janeiro. Cinco meses depois, ele foi vandalizado e coberto com tinta preta. Mônica, então, refez o desenho para que a homenagem permanecesse como um ato de resistência.

Participação da família em show de Katy Perry

No show do “Witness: The Tour”, que fez no Rio de Janeiro, a cantora Katy Perry colocou a imagem da vereadora no telão e chamou a filha de Marielle, Luyara Santos, e a irmã da política, Anielle, ao palco.

A famosa pediu um minuto de silêncio pelo assassinato, que havia acontecido quatro dias antes.

Show de Roger Waters no Rio de Janeiro

Sete meses após a morte de Marielle, Roger Waters fez um show no Rio de Janeiro bastante emocionante: ele levou ao palco Mônica Benício, Luyara Santos e Anielle Franco. "Marielle continua conosco, em nossos corações, de muitas formas", disse o músico ao público.

Música de MC Carol

MC Carol também deixou sua mensagem a "todas mulheres negras vitimas de violência" em uma música feita dias depois da morte de Marielle. A gravação de "Marielle Franco", feita com o grupo Heavy Baile, tem um tom poderoso de desabafo e denúncia. "O povo preto tá sangrando todo dia. eu não aguento mais viver oprimida nesse país sem democracia", diz Carol, em um trecho da letra.

Ouça abaixo:

Se você quer conhecer um pouco mais sobre Marielle Franco, assista ao vídeo abaixo:

Marielle Franco

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