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4 relatos emocionantes dos sobreviventes de Brumadinho: "Existe vida embaixo desse barro"

Publicado 31 Jan 2019 – 01:47 PM EST | Atualizado 31 Jan 2019 – 03:08 PM EST
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Na mídia e nas redes sociais, temos falado muito sobre a tragédia humana que se desenrolou após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, Minas Gerais, com o número de mortes aumentando a cada dia.

A perda dos amigos, familiares e colegas de trabalho que foram levados pelo mar de destruição e lixo industrial da mineradora deixou marcas irreparáveis nos sobreviventes de Brumadinho — e o projeto SP Invisível, que tem a proposta de contar histórias de pessoas anônimas, em situação de rua e que quase sempre são invisibilizadas pela sociedade, resolveu dar voz a essas testemunhas do desastre.

Separamos quatro relatos comoventes coletados por eles no local.

Relatos de sobreviventes de Brumadinho

"É muito triste pensar que existe vida embaixo desse barro"

Onofre Agostinho da Silva, 64 anos, perdeu o sobrinho e o cunhado na tragédia de Brumadinho. Da última vez que viu seu sobrinho, lembra com carinho do elogio que recebeu pelo "macarrão com galinha" oferecido. "Essa foi a última vez que eu o vi antes de acontecer essa tragédia com a vida dele (...)".

Após o desastre, ele mudou de comportamento e ficou mais quieto, o que foi percebido pela sua neta. "Ela nem me reconheceu porque eu tava quietinho e eu não gosto de ficar quieto, gosto de trabalhar, de me movimentar, mas tá difícil", disse aos representantes do projeto.

O próprio Onofre havia trabalhado na mineração, "puxando minério com caminhão", antes mesmo de o lugar ser explorado pela Vale.

Assim como o Brasil inteiro, Onofre simplesmente não compreende como tantas vidas acabaram debaixo de lama, em uma tragédia que havia sido anunciada. "É muito triste pensar que existe vida embaixo desse barro".

Leia o relato completo no post:

"3 anos atrás eu já previa esse acidente"

Wilson José Ferreira não tem conhecimento técnico ou formação em engenharia, mas já falava sobre os potenciais riscos da barragem da Mina Córrego do Feijão se romper há três anos.

Desde que aconteceu a tragédia em Mariana, Wilson alertou sobre os perigos de um crime ambiental acontecer de novo no estado. "Essa barragem aqui era a mais perigosa. Sempre falei que se ela rompesse, ia tudo embora, sempre bati nessa tecla, mas ninguém me dava atenção", lembra.

Ele contou que foi até entrevistado por equipes de TV na época de Mariana para falar sobre a barragem de Brumadinho. "Trabalhei na área em 2001 e 2002, naquela época já constava muita umidade nas barragens, a estrutura era muito ruim", afirmou. "Agora, não dá para descrever a tristeza. Acabou o nosso sossego, perdemos muitos queridos".

Leia o relato completo no post:

"Última coisa que lembro dela me falando foi um 'vai com Deus'"

A história de Leidiane, 24 anos, é da dor da perda de sua mãe. Antes da tragédia, Leidiane conta que trabalhava para dar melhores condições de vida para a família, mas, depois do episódio, ela afirma que sequer tem sonhos.

"Eu tinha o sonho de melhorar minha condição e a condição da minha mãe. 5 dias atrás, meu sonho era encontrar minha mãe viva no meio desse barro. Hoje, não tenho mais sonho nenhum, já não tenho mais esperança de achar ela viva", lamenta.

A jovem afirmou ao SP Invisível que era uma das funcionárias da pousada mais conhecida de Brumadinho, para onde foi antes de ouvir o último "Vai com Deus" de sua mãe. Agora, são só ela e os irmãos, de 21 e de 19 anos, no mundo.

"Tenho vontade de sumir ou de fechar os olhos e ver tudo reconstruído e minha mãe do meu lado. Tá difícil, tenho ódio da Vale hoje".

Leia o relato completo no post:

"Eu perdi minha horta e perdi minha irmã, também"

A experiência de Jefferson Dos Passos, 33 anos, foi de ajudar as pessoas que estavam sob a lama assim que aconteceu a tragédia.

"Eu fui o primeiro a entrar nessa lama aí pra resgatar as pessoas. Quando eu soube da notícia, eu e um amigo, entramos na lama que ainda estava úmida pra ver se tinha alguém vivo", contou.

"Achamos duas pessoas. Assim que achamos, acalmamos as vítimas e esperamos o helicóptero que veio depois de 40 minutos". Ele disse que voltou ao local para tentar ajudar mais pessoas, mas já não encontrava mais ninguém.

Como muitos moradores de Brumadinho, Jefferson está devastado por ter perdido sua irmã, que era camareira em uma pousada da cidade. "Fui correndo pra lá, mas não achei nada. To arrasado. 2019 nem começou, mas já acabou pra mim. Não sei como vai ser daqui pra frente".

Leia o relato completo no post:

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