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Cláudia Abreu detalha visitas a João de Deus para se posicionar sobre casos de assédio

Publicado 26 Dez 2018 – 02:12 PM EST | Atualizado 26 Dez 2018 – 02:15 PM EST
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Preso preventivamente desde 16 de dezembro por acusações de assédio sexual contra mulheres que iam atrás de tratamento espiritual, João Teixeira de Faria, o João de Deus, se tornou personagem principal de um relato da atriz Cláudia Abreu.

Avessa a aparições ou posicionamentos públicos, a artista resolveu se pronunciar por meio de seu Instagram, e comentou sobre duas visitas que fez à casa em que o médium atendia em Abadiânia, Goiás. Ela detalhou como foi sua participação nos atendimentos e demonstrou o respeito às "inúmeras mulheres fragilizadas" que podem ter sido vítimas do acusado.

Cláudia Abreu fala sobre João de Deus

A repercussão da prisão preventiva de João de Deus após a enxurrada de denúncias de assédio sexual contra ele gerou comoção entre muitos dos frequentadores da casa em que o médium atuava.

Artistas, como Tais Araújo, Xuxa Meneghel e Bárbara Paz, que visitaram Abadiânia ou se simpatizaram com o trabalho do médium, demonstraram total apoio às vítimas que o acusam de assédio e lamentaram terem tido confiado no que ele aparentava ser.

A atriz Cláudia Abreu foi uma das que procuraram o atendimento do médium e, em um relato forte, contou que chegou a levar sua filha, então com 13 anos, para conhecê-lo.

Ela mencionou que teve uma decepção com João de Deus e deu detalhes sobre sua visita à casa, dizendo que pessoas famosas eram constantemente convidadas a segurarem os instrumentos das cirurgias espirituais feitas por ele, para "legitimar", no caso dela, "alguém que eu mal conhecia".

Leia o texto na íntegra:

"Nem sei por onde começar. Sempre fui arredia às redes sociais, não tenho o hábito de postar muito sobre a minha vida cotidiana, nem de me posicionar sobre tudo a todo momento.

Mas não posso deixar de falar sobre assédio. Demorei um tempo pra digerir a decepção que tive com João de Deus. Fui à Abadiânia duas vezes, fui bem recebida por ele, por sua família e sua equipe. Nunca fui totalmente crédula, mas como presenciei cirurgias feitas diante de todos, com cortes feitos na hora e sem dor, foi difícil não acreditar em algum poder mediúnico. Mesmo assim, é preciso estar sempre alerta aos sinais da sua intuição.

Pessoa famosas eram sempre chamadas pra segurar os instrumentos das cirurgias diante de uma multidão. Fui convidada duas vezes e fui contrariada, pois era delicado dizer não. Lá ficávamos todos vulneráveis. Ao mesmo tempo, isso me obrigava a legitimar alguém que eu mal conhecia", revelou.

Cláudia, então, reforçou o apoio às mulheres que estão denunciando as práticas de crime sexual feitas pelo médium.

"Refletindo sobre esse meu desconforto, pensei nas inúmeras mulheres fragilizadas que foram convidadas a ir pra uma sala fechada e também foram obrigadas a fazer algo que não queriam.

Levei minha filha, então com treze anos, e não me canso de pensar que poderíamos ter sido vítimas também, caso eu não fosse conhecida. Isso me estarreceu. Porque isso toca num lugar muito mais profundo, que é a descrença no ser humano, na bondade, na caridade. Muito triste".

Depoimentos de mulheres contra João de Deus

De acordo com o Ministério Público de Goiás (MP-GO), já foram coletados 78 depoimentos formais de mulheres que se apresentam como vítimas de abuso sexual de João Teixeira, em Goiás e em outros estados. Até hoje (26 de dezembro), o MP já recebeu mais de 600 mensagens de denúncia pelo e-mail criado para o caso João de Deus (denuncias@mpgo.mp.br).

Segundo o órgão, cerca de 260 são potenciais vítimas do médium, sendo que 11 delas estrangeiras (4 nos Estados Unidos, 3 na Austrália, uma na Alemanha, uma na Bélgica, uma na Bolívia e uma na Itália).

Abuso, assédio: é hora das mulheres se unirem contra isso

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