Macacos são "anjos da guarda" dos homens ao alertar sobre o perigo da febre amarela
A morte de macacos que vivem em áreas silvestres próximas à cidade representa um forte alerta para a incidência de febre amarela na região urbana.
A informação é importante, pois, nas últimas semanas, a morte de uma família de macacos que viviam no Horto Florestal, na Zona Norte de São Paulo (SP), assustou a população.
Fato é que não são os símios que transmitem a doença para o homem e, sim, o mosquito.
Macacos não transmitem febre amarela
De acordo com matéria publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, a morte de 17 famílias de macacos bugios no Horto Florestal, apesar de ser uma má notícia no ponto de vista ambiental, ajudou as autoridades a definirem uma técnica de bloqueio do vírus entre os humanos.
Isso porque os macacos são animais vulneráveis à febre amarela e, por essa razão, são como "anjos da guarda" que anunciam a chegada da doença na população humana, como explica o gerente de vigilância das Doenças de Transmissão Vetorial, Renato Alves, em material do Ministério da Saúde.
O representante explica que, ao detectar a ocorrência de febre amarela entre os símios, autoridades podem se organizar para ações de saúde para a população de forma preventiva.
No caso de São Paulo, foram tomadas medidas como campanha de vacinação e fechamento de alguns parques públicos (que aos poucos são reabertos e indicados para aqueles que já tomaram a vacina com 10 dias de antecedência).
Febre amarela: como se transmite
Macacos não representam ameaça à população; a doença só é transmitida pela picada do mosquito. A doença também não é passada de uma pessoa para outra.
Ciclos da doença
O que acontece é que a febre amarela tem dois ciclos: o silvestre e o urbano.
No silvestre, os macacos são os principais hospedeiros e "amplificadores do vírus", como explica o Ministério da Saúde.
O vetor, ou seja, quem transmite o vírus, são os mosquitos Haemagogus e Sabethes. O homem só se torna hospedeiro quando entra em áreas de mata (daí o fechamento dos parques públicos em São Paulo).
Já na transmissão urbana, o homem é o único hospedeiro e é picado pelo mosquito Aedes aegypti que esteja infectado.
Mosquitos diferentes
Em entrevista ao VIX, a infectologista Lucy Cavalcanti Vasconcelos, membro da diretoria da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI), lembrou que a doença em macacos está relacionada aos mosquitos selvagens, que não sobrevivem em áreas urbanas.
"O grande risco seria se uma pessoa fosse picada pelo mosquito selvagem infectado, viajasse até a zona urbana e fosse picada pelo Aedes aegypti". Por essa razão, a vacinação em dose única ou fracionada é recomendada como prevenção.
Vacina da febre amarela
No Brasil, a vacina contra febre amarela é dada em uma dose, conforme recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), desde abril de 2017.
O Ministério da Saúde mantém uma lista de áreas de recomendação para a vacina da febre amarela dividida por cidades.
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