null: nullpx
atleta-Mulher

Doença que atleta contraiu em reality show é perigosa se não tratada logo: saiba tudo

Publicado 4 Jan 2018 – 02:16 PM EST | Atualizado 14 Mar 2018 – 05:10 PM EDT
Compartilhar

A atleta paulista Maurren Maggi, que foi campeã do salto em distância nas Olimpíadas de Pequim (China), em 2008, revelou em seu Instagram que está com leishmaniose, uma infecção por parasitas do gênero Leishmania que ela afirma ter contraído durante participação no reality show Exathlon Brasil, da TV Bandeirantes, gravado em uma ilha no Caribe.

Atleta contraiu doença em reality show

Em um vídeo na rede social, Maurren mostrou o momento em que estava fazendo um curativo após a coleta de material para exames. “Estou aqui ainda me curando do Exathlon. Tive que levar anestesia para fazer a coleta”, disse. Na legenda, a ex-atleta, inclusive, disse chorar de dor.

Dias depois, Maurren fez outro vídeo para tranquilizar seus seguidores. “Vim aqui mostrar que estou com curativo na perna, estou tomando antibiótico e fiz exames”, disse.

“É leishmaniose, a gente não sabe o grau dela ainda, mas estou descansando”, contou, revelando que fará uma biópsia dentro de alguns dias.

O Exathlon Brasil é um reality show de sobrevivência, onde os participantes precisam demonstrar habilidades de resistência física e psicológica para vencer desafios em circunstâncias adversas.

Maurren participou do programa, que foi gravado na República Dominicana, durante quase três meses, entre setembro e dezembro de 2017.

O parasita contraído por ela pode ser perigoso, dependendo do tipo, e precisa ser identificado logo para que o tratamento seja eficaz. A seguir, entenda melhor o que é a leishmaniose.

Leishmaniose: infecção causada por protozoário

A leishmaniose é uma doença infecciosa e não contagiosa, causada por diferentes espécies de protozoários do gênero Leishmania.

Ela é transmitida através da picada da fêmea infectada do mosquito Lutzomyia (ou seja, que picou antes algum animal que continha a doença). A espécie também é conhecida como mosquito-palha ou birigui.

A transmissão pode acontecer tanto em locais rurais, de mata, quanto urbanos.

De acordo com informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que, no mundo, mais de 350 milhões de pessoas estejam expostas ao risco da leishmaniose. E, ainda, há um registro aproximado de dois milhões de novos casos das diferentes formas da doença por ano.

Ela pode acometer humanos e também animais, como roedores, marsupiais silvestres e animais domésticos - os cachorros são um dos mais contaminados pela Leishmania.

Tipos de leishmaniose

“A doença se apresenta de duas maneiras: a tegumentar (ou cutânea-mucosa) e a visceral”, explica Paulo Olzon, clínico e infectologista da UNIFESP.

A primeira causa úlceras na pele e pode acometer também, mas não necessariamente, as mucosas das vias respiratórias superiores, como o nariz. A visceral compromete alguns órgãos internos, principalmente baço e fígado, podendo causar a morte.

Leishmaniose tegumentar

O sinal mais comum da Leishmaniose tegumentar é o aparecimento de uma ou até mesmo algumas lesões na pele - sintoma desenvolvido por Maurren Maggi.

Elas começam pequenas e ao longo dos dias podem aumentar, têm bordas avermelhadas e demoram para cicatrizar.

Quando feridas acometem o nariz, por exemplo, podem até mesmo destruir a cartilagem da região.

“As primeiras manifestações dos sintomas da doença no ser humano podem acontecer, em média, de dois a três meses após a pessoa contrai-la. Mas há variações de duas semanas a dois anos”, garante Olzon.

“A forma cutânea da leishmaniose é muito negligenciada pelas pessoas. Há quem passe anos com uma ferida e não vá atrás de um hospital para saber o que é”, diz Gustavo Queiroz, coordenador médico do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, no Guarujá, Baixada Santista.

Se não tratadas a tempo, as feridas podem, além de causar dor extrema, se multiplicar pelo corpo, gerar uma infecção secundária e até mesmo deformar as regiões acometidas.

Leishmaniose visceral

A versão visceral da leishmaniose é considerada mais grave e a que pode levar as pessoas a óbito. Isso porque o protozoário acomete órgãos internos, principalmente fígado e baço.

“Também pode levar a uma anemia importante, pois é um parasita que invade a medula óssea”, afirma Queiroz.

A condição mata cerca de 90% das pessoas infectadas e por isso requer diagnóstico precoce.

Um agravante importante acontece em casos de pacientes com HIV. “Quando há essas duas doenças, o quadro fica mais complicado de tratar.”

Entre os sintomas que podem aparecer estão febre intermitente e constante; anemia; perda de peso; falta de apetite e, principalmente, inchaço considerável do baço e do fígado.

Diagnóstico

O médico explica que com exame clínico o especialista consegue ver sinais da leishmaniose, porém, é preciso que o diagnóstico seja fechado com auxílio de testes laboratoriais.

“É possível fazer um exame parasitológico e uma biópsia no local, o que determina a presença ou não do parasita em amostra de tecido retirada das bordas das lesões”, comenta Olzon.

Ele ressalta, ainda, que ter o diagnóstico correto e diferencial é imprescindível para o tratamento adequado da doença, pois seus sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças.

Tratamento

Os tratamentos para a leishmaniose variam de acordo com a gravidade da doença, mas é sempre medicamentoso. Segundo conta o infectologista Gustavo Queiroz, nos dois casos são usadas drogas injetáveis. Uma das mais usadas são os antimoniais pentavalentes, drogas leishmanicidas.

“No caso da cutânea-mucosa, o tratamento dura, pelo menos, 21 dias. E a ferida tende a fechar aos poucos, porém, esse processo pode demorar”. Nesse caso, o infectado deve ir ao ambulatório todos os dias para receber a injeção.

As feridas também precisam de atenção, pois podem causar uma infecção secundária pela reprodução anormal das bactérias presentes na pele.

“Por isso, é preciso manter a área limpa, de acordo com as orientações médicas”, aconselha Queiroz.

Nos dois casos, é essencial fazer o acompanhamento adequado, pois as medicações são cardiotóxicas e, portanto, exigem muito cuidado.

Recomendações

Assim como a dengue, os vários tipos de leishmaniose podem ser erradicados se a prevalência de animais e mosquitos infectados for controlada.  

Informações do Manual de Vigilância Sanitária, do Ministério da Saúde, apontam algumas medidas básicas que podem prevenir os riscos:

  • Cuide muito bem dos animais domésticos para que eles não estejam suscetíveis ao mosquito transmissor da doença.
  • Coloque mosquiteiros nas janelas de casa.
  • O mosquito transmissor gosta de locais úmidos, escuros e com resíduos biológicos. Portanto, deixe quintais e terrenos baldios limpos e lixos fechados.
  • Fique de olho nas feridas do seu corpo e, caso alguma ferida na pele demore a cicatrizar, converse com um médico especializado.

Tipos de infecções

Compartilhar

Mais conteúdo de interesse