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Capa de revista sobre assédio tem detalhe importantíssimo que passou despercebido

Publicado 8 Dez 2017 – 12:04 PM EST | Atualizado 15 Mar 2018 – 11:06 AM EDT
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Todos os anos desde 1927, a revista norte-americana Time publica uma capa com a Personalidade do Ano, um reconhecimento a alguém que tenha impactado o mundo, de forma positiva ou negativa. Em 2017, a Time elegeu cinco mulheres para sua histórica capa: elas representam todas as mulheres que se posicionaram contra o abuso sexual e denunciaram seus agressores.

Apenas por esta razão, a capa da Time já seria uma das mais poderosas e impactantes que a revista já publicou. Contudo, ela tem um detalhe importantíssimo que, inicialmente, passou despercebido. 

Detalhe na capa da Time traz mensagem importante

Além dos cinco rostos que aparecem na capa, há um braço posicionado sobre a mesa. De acordo com a publicação, ele é o símbolo da solidariedade com todas as mulheres que ainda não podem revelar suas identidades após sofrerem as agressões.

O braço pertence a uma norte-americana, moradora do estado do Texas, que teme que anunciar sua identidade possa prejudicar sua família. Mas não esquece de nada que aconteceu consigo. “Eu penso sempre: o que aconteceu? Por que eu não reagi? E continuo pensando: eu fiz alguma coisa, disse alguma coisa, agi de certa maneira a fazê-lo pensar que era aceitável?”, disse à revista.

A capa foi batizada de “The Silence Breakers” (“As mulheres que quebraram o silêncio”, em tradução livre). A fotografia exibe duas celebridades, a atriz e ativista Ashley Judd e a cantora Taylor Swift, e mais três mulheres, a engenheira Susan Fowler, a lobista Adama Iwu e a colhedora de morangos Isabel Pascual (cujo nome foi alterado para evitar represálias, uma vez que ela é imigrante mexicana).

Ashley Judd foi uma das primeiras a vir a público para denunciar o comportamento abusivo do  produtor de cinema e executivo Harvey Weinstein. Em outubro de 2017, ela deu uma entrevista ao jornal norte-americano The New York Times na qual relatou o assédio de Weinstein em 1997, que sugeriu à atriz lhe conceder privilégios se fosse para cama com ele. Pelo menos outras 80 artistas relataram ter passado pelo menos abuso, entre elas as vencedoras do Oscar e estrelas de Hollywood Gwyneth Paltrow e Angelina Jolie.

Taylor Swift estava em uma rádio em Denver quando o DJ David Mueller tocou seu corpo por baixo de sua saia. Ela o denunciou e Mueller foi demitido. Pouco depois, o radialista a processou pedindo milhões em danos. No julgamento, ela disse “Eu não vou deixar vocês me fazerem sentir que de alguma forma isso seja minha culpa. Esse episódio infeliz na sua vida é um resultado das suas ações”. Swift venceu o processo.

Susan Fowler, ex-engenheira da Uber, iniciou uma série de denúncia sobre como empresas de tecnologia localizadas no Vale do Silício, nos EUA, lidam com questões de abusos e assédios sexuais. Ela diz que agora é comumente chamada de “a famosa vítima de assédio sexual.”. “Há algo capacitador em defender o que é certo. Ser chamada assim é sinal de honra”, disse à Time.

Adama Iwu trabalha defendendo os interesses de empresas e organizações diante do governo norte-americano. Em um evento, ela foi tocada em frente a colegas e ficou chocada com o fato de ninguém se posicionar a seu favor. Na semana seguinte, ela organizou uma carta com a assinatura de 147 mulheres expondo o assédio no governo da Califórnia. Antes de levar a denúncia a público, relata, muita gente tentou dissuadi-la, dizendo que ela seria a prejudicada.

Isabel Pascual, imigrante mexicana, não pode revelar seu nome verdadeiro devido ao risco de represálias que ela pode sofrer. Não basta o risco de ser extraditada, ela tem medo também de violência física. O criminoso que a assediou passou a persegui-la em casa e a ameaçou: caso o denuncie a alguém, iria atrás dos filhos dela.

Além da imagem de capa, a Time publicou a reportagem completa sobre os assédios e agressões sofridas por estas seis mulheres.

Contra o assédio

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