Após ouvir que nunca teria filhos, mãe dá à luz graças a raro transplante de útero
Quase um ano e meio depois de receber um transplante de útero, uma mulher deu à luz. Trata-se do primeiro bebê nascido após a realização de um procedimento desse tipo nos Estados Unidos.
O caso é um marco histórico na medicina do país, e um momento lindo de amor e esperança para a família. A mãe chegou a ouvir que nunca poderia gerar seu próprio filho, mas, agora, tem um menino em seus braços.
O transplante, em setembro de 2016, e o parto foram realizados em Dallas, na Baylor University Medical Center, que tem como braço de pesquisa o Instituto de Pesquisa Baylor Scott & White.
De acordo com os médicos, o sucesso da cirurgia e o nascimento do bebê apontam uma nova opção de tratamento de infertilidade para mulheres.
Bebê nasce após transplante de útero: 1º caso nos EUA
Nascimento tem história de superação
Segundo o Instituto responsável por todo o tratamento, a primeira mulher a ter um bebê após transplante de útero nos Estados Unidos estava sendo acompanhada desde setembro de 2016, quando ela e outras três pacientes realizaram a cirurgia.
"A complexidade [de um transplante] que não é de um órgão que salva vidas, mas de um órgão que produz vidas, é simplesmente fascinante para mim", declarou o pesquisador e cirurgião Giuliano Testa, da Baylor University Medical Center.
O especialista, que chefiou todo o procedimento, contou que a paciente chegou a ouvir que jamais poderia ter um filho. Isso, graças à ciência, não é mais verdade.
"Este bebê que nasceu de uma mãe que de outra forma não poderia ter carregado seu próprio filho, representa o sucesso final deste programa, e estamos honrados de ter sido parte desse marco para ela", destacou Doug Lawson, presidente da Universidade.
A Universidade explica que a mulher e a família pedem privacidade em relação à identidade.
Transplante de útero: como é feito
Primeiro, a paciente teve os óvulos colhidos para a realização da fertilização in vitro. Os embriões foram congelados.
Na segunda fase, o útero de uma doadora e o colo do útero foram removidos e implantados no organismo receptor.
Depois do transplante, a paciente precisou tomar remédios imunossupressores para que os órgãos doados não fossem rejeitados.
Ocorre, então, a implantação, que deve ser feita em até 12 meses após o transplante. Com o sucesso desse procedimento, a paciente está grávida.
Primeiro caso no mundo
De acordo com o Instituto, o procedimento já havia sido realizado na Suécia: sete mulheres consideradas inférteis receberam transplante de útero, e quatro delas ficaram grávidas. Em 2014, uma das pacientes, de 36 anos, se tornou a primeira mulher no mundo a dar à luz um bebê através de um útero doado.
O transplante de útero vem sendo estudo há pelo menos dez anos pela comunica médica e cientifica e representa uma avanço importante para o tratamento de infertilidade.
Quem pode receber e doar o útero
Para a realização desse estudo, foram selecionadas mulheres entre 20 e 35 anos, com ovários saudáveis e com algumas condições de saúde: livre de câncer durante pelo menos 5 anos e de DSTs como HIV, hepatite B e C, clamídia, gonorréia e herpes, sem histórico de diabetes e não fumante.
Já as doadoras precisavam ter idade entre 30 e 65 anos e pelo menos uma gestação completa.
Útero transplantado não é definitivo
O Instituto explica que o transplante uterino não é projetado para ser definitivo. Isso quer dizer que, após uma gravidez bem-sucedida, os médicos precisam avaliar se a mulher tem condições de manter o órgão para uma possível segunda gravidez.
"Transportar tecido corporal estranho pode aumentar o risco de infecção e requer medicação anti-rejeição ao longo da vida. Por isso, as mulheres neste estudo serão submetidas a uma histerectomia após uma ou duas gravidezes bem-sucedidas", explica a entidade.
O procedimento só é realizado na sede do Instituto, em Dallas, já que as pacientes precisam de acompanhamento médico constante.
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