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Você tem nome de rico? Estudo mostra quais sobrenomes ganham mais dinheiro

Publicado 29 Nov 2017 – 02:02 PM EST | Atualizado 15 Mar 2018 – 11:17 AM EDT
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Um amplo e inédito estudo relacionou o sobrenome de mais de 46 milhões de trabalhadores brasileiros com sua renda média. Como conclusão, ficou claro que a origem do sobrenome exerce influência sobre esse fator e também sobre o número de anos de estudo. 

O que seu sobrenome diz sobre sua renda? 

O trabalho produzido pelo economista e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Leonardo Monasterio demonstrou que pessoas cuja ascendência é alemã ou japonesa têm salários maiores.

“O estudo mostra que a ascendência do sobrenome está associada a diferenças significativas nos salários e na escolaridade”, diz o artigo acadêmico. Para produzir a base estatística da pesquisa, foram elencados os nomes de 46,8 milhões de brasileiros na faixa etária de 23 a 60 anos e ativos no setor privado 40 horas semanais, via Relatório Anual de Informações Sociais 2013.

Dos 531.009 sobrenomes diferentes encontrados nos dados, 293.634 tiveram suas origens identificadas - o número final corresponde a 96,7% dos trabalhadores, porque são nomes muito mais populares.

Sobrenomes mais relacionados à riqueza 

Da enorme quantidade de sobrenomes, o pesquisador programou um sistema de machine learning (nome técnico dado ao processo de aprendizado que o computador tem conforme recebe mais informações) para dividir a base de dados em cinco categorias: ibérico (portugueses e espanhóis), italiano, japonês, alemão e leste-europeu.

Para a leitura da máquina, foram selecionados 71,7 mil sobrenomes, porque foram considerados os casos de palavra única ou última palavra: são 26.191 italianos, 22.502 alemães, 10.142 ibéricos, 7.581 do leste-europeu e 5.375 japoneses.

Contudo, a grande maioria dos trabalhadores tem nome de origem ibérica: 88,1% do total, sendo que, entre esses, os nomes Silva, Santos, Oliveira, Souza e Pereira correspondem a 45%.

Ao final de seu estudo, o pesquisador concluiu que:

  • Trabalhadores de ascendência japonesa ganham, em média, R$ 73 e R$ 52 por hora
  • Os alemães recebem em média R$ 52 por hora
  • Os ibéricos recebem R$ 34

Anos de estudo

Porém, a diferença não é tão grande quando se refere à educação: pessoas com sobrenomes japoneses e italianos têm, respectivamente, média de 13,6 e 12,4 anos de escolaridade, enquanto ibéricos têm 11,4 anos.

Uma hipótese levantada pelo pesquisador é de que quando japoneses e alemães, quando chegaram ao Brasil, na virada do século 19 para o século 20, já vieram com mais anos de estudos que os brasileiros herdeiros dos portugueses e espanhóis. Esse fator pode ter impactado as gerações seguintes.

Questão de raça também é determinante

Leonardo Monasterio apresenta o trabalho como uma sugestão de complemento para as classificações que relacionam o recorte de cor/raça e renda. “De todo modo, a classificação de ascendência dos sobrenomes revelou diferenças que permaneceriam ocultas se as classificações de cor/raça usuais fossem as únicas consideradas”, pondera no artigo.

A abordagem adotada não deixa fora de seu escopo fatores econômicos, sociológicos e geográficos, que colaboram também para estabelecer e reforçar diferenças salariais e escolares. Contudo, reconhece que o fator cor/raça é determinante.

“Sabe-se que os salários e a escolaridade mais baixos são encontrados entre os trabalhadores brasileiros cuja cor/raça é registrada como negra, mista ou nativa”, afirma, e acrescenta. “No entanto, os números também revelam que indivíduos com sobrenomes não ibéricos ganham salários substancialmente superiores aos registrados como brancos, com sobrenomes ibéricos”.

Nome e dinheiro

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