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Gesto no pódio coloca vida de etíope em risco: entenda o significado por trás

Publicado 22 Ago 2016 – 04:06 PM EDT | Atualizado 2 Abr 2018 – 09:32 AM EDT
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O etíope Feyisa Lilesa conquistou a medalha de prata nas Olimpíadas 2016 e sua reação após a vitória foi de um jeito inusitado e corajoso: o atleta fez um sinal contra o governo do seu país.

Com os braços cruzados e os punhos fechado no alto, Lilesa fazia um gesto de apoio aos manifestantes da etnia oromo do seu país, acusados de serem terroristas, que vêm sendo perseguidos, presos e mortos pelo governo, dominado por outra etnia, a ahmara.

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“Eles fazem o mesmo sinal lá. Eu queria mostrar que eu não estava de acordo com o que está acontecendo. Tenho parentes e amigos na prisão. O governo está matando meu povo, o povo Oromo, gente sem recursos. Talvez me matem quando eu voltar. Se não, eles vão me colocar na prisão, se não vão me barrar no aeroporto e me forçar a deixar o país”, revelou ele aos jornalistas.

A situação da Etiópia está conturbada desde que o governo aprovou e depois cancelou logo em seguida um plano para a expansão urbana da capital Adis-Abeba, que pode colocar em risco territórios do povo oromo.

“A Etiópia tem muitas etnias. Alguns foram privados de suas terras, mortos pelo governo. Defendemos nossos direitos, queremos paz, a democracia. Há nove meses temos manifestações, e acho que mais de mil mortes”, explica Lilesa.

Os oromos somam cerca de 40% da população do país (em torno de 38 milhões de pessoas) e vivem basicamente da agricultura. O governo acredita que eles possuem ligação direta com grupos terroristas estrangeiros que lutam pela separação da região como a Frente de Libertação Oromo (OLP). Por isso, se utiliza da lei que libera o uso ilimitado da força contra os suspeitos, que inclui prisão preventiva e tortura, de acordo com informações do site de notícias do Globo Esporte.

Apesar disso, o ministro de Comunicações etíope, Getachew Reda, deu um comunicado sobre o gesto do etíope. Garantiu que o atleta vai ser recebido como herói e que não deveria se preocupar.

“É um pouco exagerado dizer que seus entes estarão em risco porque você fez um gesto ou outro. Eu posso assegurar que nada vai acontecer à sua família e nada vai acontecer a ele”, disse em entrevista ao site de notícias americano da CNN.

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