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Da invisibilidade à glória: Isaquias faz história, mas não quer ser exemplo de superação

Publicado 21 Ago 2016 – 11:35 PM EDT | Atualizado 2 Abr 2018 – 09:32 AM EDT
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O jovem canoísta Isaquias Queiroz está no topo das vitórias nas Olimpíadas do Rio de Janeiro. Em segundo na prova de canoagem velocidade de dupla ao lado de Erlon de Souza, neste sábado (20), ele é o primeiro brasileiro a ganhar três medalhas em uma mesma edição olímpica. Os atletas da Bahia são os atuais campeões mundiais na canoagem – e nem mesmo tantos títulos e conquistas fazem com que Isaquias, que levou prata na canoagem individual 1.000 metros e bronze na canoagem individual 200 metros, queira usar sua história de vida como um mote para dar exemplo para alguém. 

Quem entra nas redes sociais do atleta, percebe facilmente que ele exala confiança e tem um jeito descontraído de levar a vida. Por mais que tenha passado por momentos de superação, como o fato de ter perdido um rim em um acidente, o mais recente medalhista do Brasil nestas Olimpíadas do Rio de Janeiro não curte muito falar desse passado.
Ele quer mesmo é viver sua juventude, treinar e compartilhar cada registro com seus fãs. No Instagram ( @isaquias_lx), por exemplo, além das fotos na canoa, o atleta diverte seus seguidores com fotos do seu dia a dia, mostrando seu jeito “moleque” de ser.

Tanta tranquilidade também é sua tática para conseguir se concentrar antes de entrar na água, o que, como podemos ver, deu supercerto. “Durmo tranquilo, sem ansiedade, evito falar de prova no hotel, no telefone, para não ficar pensando muito. Eu prefiro manter a tranquilidade e esperar chegar a hora para ver o que acontece”, revelou ao Globo Esporte.

Conheça mais sobre a carreira e os gostos do atleta baiano, que é fã de arrocha e se revela bastante vaidoso.

Isaquias Queiroz: conheça o canoísta da Bahia

Aos 22 anos, Isaquias ganhou sua terceira medalha olímpica no Rio, conquista nunca alcançada por um brasileiro nos Jogos Olímpicos. Isaquias passou a praticar a canoagem por meio de um projeto social em sua cidade natal, Ubaitaba, cujo nome significa “cidade das canoas” em tupi-guarani. Seu companheiro de remo, Erlon, nasceu na cidade baiana de Ubatã, que significa canoa forte no mesmo idioma.

Na infância, Isaquias afirma que não faltou nada a ele e seus cinco irmãos biológicos e quatro adotados. Quem cuidou de tudo foi a mãe, dona Dilma, que trabalhava como servente da rodoviária da cidade.

Com 3 anos, Isaquias sofreu queimaduras depois de derrubar uma panela de água fervente no seu corpo. Após um mês internado no hospital, foi para casa e se recuperou de uma forma invejável. Tanto que diziam à dona Dilma que o menino poderia ser sequestrado, o que de fato ocorreu, dois anos após a hospitalização. Dona Dilma reencontrou Isaquias e a família voltou à rotina.

Arteiro, aos 10 anos, o menino sofreu uma hemorragia interna e perdeu um rim após cair de uma árvore. Também superou essa dor, mas ganhou o apelido de “Sem rim” na cidade.

Trajetória profissional 

O interesse pela canoagem surgiu em um ambiente muito propício: em Ubaitaba, a canoa é usada como meio de transporte pelo Rio de Contas. Quem descobriu o talento de Isaquias para o esporte foi Figueiroa Conceição, na ocasião, auxiliar técnico de Jefferson Lacerda, pioneiro da canoagem brasileira.

Depois de muito treino, em 2013, o canoísta passou a colecionar títulos, como o de campeão mundial pela primeira vez, na Alemanha, no C1 (individual) 500m. Ele chegou a treinar na raia olímpica da USP, em São Paulo, e depois se mudou para a cidade de Lagoa Santa, em Minas Gerais, onde vive até hoje.

Ele e Erlon são os atuais campeões mundiais da C2 1.000m. A conquista veio em 2015, em Milão.

Personalidade

Isaquias tem um estilo diferente de se vestir e é bastante vaidoso. Tem até uma tatuagem dele mesmo no braço, em cima de uma canoa.

Com a sequência de medalhas olímpicas, o canoísta se tornou conhecido pelo público. Mas, segundo contou a jornalistas, não vê a hora de voltar para Bahia para comemorar ouvindo arrocha, seu estilo de música preferido.

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