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Vídeo de filha dando "bronca" em ministro não ameniza gravidade do que ele disse

Publicado 12 Ago 2016 – 06:45 PM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Depois de muitos comentários negativos sobre a declaração do ministro da Saúde, Ricardo Barros, de que "homens vão menos ao médico porque trabalham mais" do que as mulheres, a resposta veio da própria filha do responsável pela pasta, a deputada estadual Maria Victória Barros.

Ela postou em seu Facebook um vídeo com um "puxão de orelha" no pai, destacando a realidade de muitas mulheres que vivem a dupla jornada – atuando no mercado de trabalho e em casa, cuidando dos filhos, entre outras atividades.

O posicionamento da deputada, entretanto, não pode ser visto apenas como uma simples divergência de opinião entre pai e filha, um caso de briga familiar ou muito menos ameniza a gravidade da fala do ministro. Como pessoas públicas, principalmente ocupando cargos no governo, as declarações sobre assuntos tão universais – como a realidade de homens e mulheres no Brasil – se tornam atenuantes ou agravantes em sua carreira política.

Ou seja, o vídeo de Maria Victoria pode ter sido usado muito mais como arma política para eles do que como uma "bronca dura no pai", como foi divulgado em muitos veículos de comunicação. 

Declaração do ministro da Saúde sobre mulheres

Na quinta-feira (11), o ministro Ricardo Barros afirmou, durante evento sobre a saúde do homem, que os homens buscam menos atendimento médico por trabalharem mais.

“Eu acredito que é uma questão de hábito. Os homens trabalham mais, são os provedores da maioria das famílias e não acham tempo para a saúde preventiva. Isso precisa ser modificado”, declarou o ministro.

A internet veio abaixo e o comentário gerou muita revolta entre as mulheres. 

Isto porque, apesar de os dados mostrarem que há mais homens no mercado formal de trabalho, a mulher é submetida a uma jornada mais extensa já que, culturalmente, é ela que cuida das atividades domésticas. 

A soma desta dupla jornada resulta em quase cinco horas a mais por semana, em média, de trabalho feminino comparado ao masculino, segundo o IBGE. Este, aliás, é só um dos fatores de desigualdade de gênero no âmbito profissional – dados mostram que mulheres ganham menos e só 5% ocupa cargo de chefia no mundo.

O Ministério da Saúde publicou uma nota em que Ricardo Barros pede desculpas “se foi mal interpretado”.

No comando do Ministério da Saúde, o ministro é responsável por criar políticas públicas para homens e mulheres, portanto, suas declarações podem refletir quais medidas serão adotadas futuramente para a melhoria da saúde pública.

Vídeo de resposta da deputada

Independente das intenções de Maria Victória para a produção do vídeo, é inegável que seu nome ganhou relevância por causa da polêmica. Não é possível afirmar as reais motivações da produção, mas vale lembrar que ela é candidata à Prefeitura de Curitiba nestas eleições. Em pouco tempo, o vídeo já tinha mais de 12 mil visualizações. 

A mensagem de Maria Victória reforça ainda a atuação de sua família na política, já que ela inicia o vídeo comentando que, além de ela exercer um cargo parlamentar, a mãe também é vice-governadora do Paraná. 

Veja o vídeo e o discurso da deputada

“Pai, logo o senhor, com duas mulheres como nós em casa, a vice-governadora do estado do Paraná, Cida Borghetti, eu, deputada estadual, e trabalhamos tanto quanto o senhor. 

Por mais que haja dados absolutos de que há um maior número de homens no mercado formal de trabalho, o IBGE afirma que as mulheres trabalham, em média, cinco horas a mais na semana do que os homens, portanto uma jornada de trabalho mais longa. 

E não precisa de dados para mostrar o quanto as mulheres trabalham nesse Brasil inteiro. 

Depois de trabalhar fora de casa, ainda tem que trabalhar em casa, a famosa jornada dupla de trabalho. Não é isso, mulherada?”

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