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É ouro! Conheça Rafaela Silva, que colocou o Brasil no topo do pódio nos Jogos 2016

Publicado 8 Ago 2016 – 07:49 PM EDT | Atualizado 13 Mar 2018 – 04:42 PM EDT
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A judoca Rafaela Silva, de 24 anos, conquistou a primeira medalha de ouro para o Brasil nas Olimpíadas 2016. Em 2013, ela foi a primeira mulher a conquistar uma medalha de ouro na história do judô brasileiro em mundiais.  "Ela é uma das joias da nova geração do judô brasileiro. Ela é muito inteligente, tem uma disciplina tática e é espetacular", disse na ocasião o ex-judoca Flávio Canto, fundador do Projeto Reação, onde Rafaela começou a praticar o esporte. Pouco antes da final do judô, ele se emocionou ao relembrar a trajetória da atleta.

Primeiro ouro na Olimpíada 

O ouro olímpico de Rafaela tem um sabor especial por ter sido conquistado em casa. A atleta nasceu e foi criada na comunidade da Cidade de Deus, uma das mais pobres e violentas do Rio de Janeiro, a poucos quilômetros do Parque OIímpico onde acontecem os jogos.

História de superação

A menina de infância humilde, filha de um entregador de pizza e uma vendedora de botijões de gás, se tornou uma vencedora. Ao site do Globo Esporte, ela disse que cresceu vendo drogas, armas, tudo de forma normal na comunidade. 

Contou também que quando pequena gostava de soltar pipa e jogar bola na rua, até que um dia roubaram seu único par de chinelos. "Fiquei um mês inteiro chorando. Meu pai falou que era caro e não podia me dar. Mas ele deixou de comprar coisas para a casa e me deu um novo", disse.

As brigas na vizinhança fizeram com que ela aprendesse a se defender com um jeito agressivo, que foi posteriormente disciplinado pelo judô. Ela se destacava nas lutas, mas precisou ser lapidada até se tornar um destaque no esporte.

Disputas Olímpicas

Em 2012, ela participou pela primeira vez das Olimpíadas, em Londres, e era uma das apostas da CBJ (Confederação Brasileira de Judô), mas foi desclassificada depois de um movimento ilegal na disputa com Hedvig Karakas, da Hungria. Nas redes sociais a repercussão foi a pior possível, com publicações racistas. Ela chegou a ser xingada de "macaca" e se revoltou, chegando a bater boca com alguns seguidores. "Da maneira que perdi já tinha doído bastante. Eu estava indignada, só queria minha família. Achei que ia ter incentivo, mas estava todo mundo me criticando", disse.

Depois, desabafou: "Perdi, sim, sou humana como todos. Errei e sei que tenho capacidade de chegar e conquistar uma vaga para 2016". 

Chateada com todos os acontecimentos, Rafaela desanimou e fez com que seu técnico chegasse a pensar que ela fosse desistir.  Uma coach, Alessandra Salgado, foi contratada pelo Projeto Reação para dar um suporte psicológico aos atletas e, a partir disso, houve um recomeço.

Quatro anos depois ela não só conquistou a vaga para a categoria dos pesos leves (57 kg), como eliminou a mesma húngara, chegou à final e conquistou a primeira medalha de ouro para o Brasil ao vencer a atleta da Mongólia, Sumiya Dorjsürengiin, atual líder do ranking mundial.

Rafaela, 24 anos, mulher, negra, nascida em comunidade, que teve a vida transformada pelo esporte aprendido em um projeto social, fez o público chorar com ela após o anúncio da vitória. 

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