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Jogar em casa pode sabotar nossa chance de medalhas nos Jogos: psicóloga explica

Publicado 8 Ago 2016 – 06:49 PM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Para os atletas brasileiros, disputar uma Olimpíada em casa é a chance de ter a maioria da torcida a favor, além de contar com a presença de familiares e amigos nas arquibancadas incentivando em cada competição. Por outro lado, esse apoio pode fazer com que se sintam mais pressionados a terem um bom desempenho, o que pode acabar atrapalhando o rendimento. Quem explica é a psicóloga Monica Portella, do Rio de Janeiro.

"O bom de jogar com a torcida do seu lado é que isso incentiva nas horas de dificuldade, dá mais entusiasmo e desestabiliza os adversários. Mas isso também gera uma ansiedade e, se o atleta não souber lidar, vai se sentir obrigado a ter um desempenho melhor, só que o resultado vai ser o contrário: o desempenho pode cair", afirma.

Competir em casa é mais difícil?

Segundo ela, o fator psicológico é um dos principais diferenciais em uma competição grande como as Olimpíadas, já que, fisicamente, a maioria dos atletas tem um preparo mais ou menos equiparado. E os esportes mais populares como vôlei e futebol tendem a sofrer uma pressão popular ainda maior, o que aumenta o estresse dos atletas, ao contrário de esportes que não têm tanta visibilidade.

Por isso é importante que todos saibam controlar o nervosismo gerado por uma competição, especialmente quando acontece um erro ou o placar está desfavorável. "Um atleta precisa saber administrar a ansiedade, aumentar seu foco e se concentrar, estando 100% no momento presente. Se errar e não souber se controlar, vai fazer pior. Mas, se for treinado a ter resiliência e foco, vai superar e fazer melhor", diz.

Para alcançar esse quadro, além do treino físico é preciso ter também um treino psicológico. E isso não é possível em dois ou três meses. É um trabalho de anos que deve acontecer antes e durante as competições. "Os atletas de alto desempenho dos Estados Unidos, Europa e alguns países orientais, como China e Japão, passam por esse treinamento", diz.

Já os brasileiros costumam ser muito emocionais, o que se reflete no comportamento da torcida e de alguns familiares que acompanham de perto as competições. "Dar apoio é importante, mas de forma otimista".

Pressão psicológica

A forma como cada pessoa lida com as emoções, no entanto, é algo individual e varia para cada caso. Há aqueles que ficam o tempo todo sérios e concentrados, como se estivessem abstraindo o comportamento da torcida, ainda que favorável. Mas há também os que conseguem manter a descontração sem perder o foco. "A brincadeira ajuda a diminuir o estresse e não significa falta de comprometimento", explica.

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