O que é essa bactéria “zumbi” que já matou um na Sibéria? Infectologista responde
Uma superbactéria tem colocado a população da Sibéria em estado de emergência. A bactéria Antraz, mesma que circulou em 2001, nos Estados Unidos, dentro de envelopes misteriosos e aterrorizou o mundo inteiro, ressurgiu das cinzas (de maneira bem literal) na localidade russa. Até agora, 23 pessoas foram infectadas e um menino de 12 anos morreu.
A bactéria tem sido chamada de “zumbi” pela mídia internacional. Isso porque uma das teorias, de acordo com o site local The Siberian Times, é de que os esporos de Antraz teriam sido liberados de cadáveres localizados em um cemitério da região. Outra possibilidade é o descongelamento do corpo de uma rena que abrigava a bactéria, já que as temperaturas no verão no Ártico aumentaram excepcionalmente, em virtude do aquecimento global. O animal estava congelado desde 1941, quando o último surto de Antraz aconteceu e, por conta, das baixas temperaturas, virou preocupação para as autoridades médicas siberianas.
Mas, afinal, será que ela pode se espalhar pelo mundo? Como acontece a contaminação? Te contamos a seguir.
Antraz na Sibéria: o que é esta bactéria?
A Antraz é uma bactéria altamente resistente, que permanece, de maneira geral, na superfície da pele de animais. Apesar de ser uma substância letal, o uso de antibióticos é eficiente para eliminar os riscos entre os infectados.
“É uma doença antiga e relacionada à pele dos animais, como rena e camelo”, explica o infectologista José Ribamar Branco, da rede de Hospitais São Camilo, de São Paulo. “A infecção humana acontecia quando as pessoas usavam o couro desses animais para se cobrir e a mortalidade era alta; mas, com o surgimento de antibióticos, ela tinha desaparecido”, explica.
Ele afirma que a contaminação por cadáveres de pessoas e animais doentes pode acontecer, sim. Mas, essa hipótese ainda não foi confirmada pelas autoridades da Rússia.
“Na decomposição do cadáver também podem ser encontrados esporos; por isso que os corpos podem ser enterrados em lugares isolados e lacrados”.
O surto na Sibéria já fez um estrago: 2.500 renas morreram da epidemia, segundo o The Siberian Times, no distrito de Iamália-Nenets e 10 pessoas estariam infectadas. Tanto os humanos quanto os animais dessa área foram isolados, para evitar a contaminação de outras regiões. O menino de 12 anos teria comido carne de uma rena infectada e entrado em contato com seu sangue.
Infecção por Antraz
Além da ingestão da carne do animal doente, o contato com seu tecido, pele, sangue e carcaças pode provocar a infecção de pessoas por Antraz. Não há contaminação de pessoa para pessoa, mas também é possível contrair por inalação – por isso, ela foi usada nas cartas enviadas por terroristas aos Estados Unidos, na época dos atentados.
O infectologista destaca que a doença pode se caracterizar como antraz cutâneo ou pulmonar.
“No cutâneo, a pessoa apresenta erupções que atingem a camada subcutânea e até o músculo, se não for tratado”, detalha. “Já na forma pulmonar, pode evoluir para uma infecção respiratória”.
O tratamento com antibióticos, segundo o médico, deve durar por dois meses. “E ao se identificar o Antraz, é preciso que a pessoa fique isolada por seis semanas”.
Vacina e risco de epidemia
De acordo com o infectologista, há vacina para o Antraz, mas ela não faz parte do calendário normal de proteção e é mais popular nos Estados Unidos. E ele assegura que não há riscos de que Antraz se torne uma epidemia mundial.
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