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No México, há séculos existe um terceiro gênero: nem homens, nem mulheres, são muxes

Publicado 25 Mar 2020 – 04:17 PM EDT | Atualizado 25 Mar 2020 – 04:17 PM EDT
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Muito tempo antes da popularização da sigla LGBTQI+ e dos debates sobre orientação e identidade sexual, o México já reconhecia e celebrava a existência de um terceiro gênero: os muxes. Entenda mais sobre eles no vídeo abaixo:

Muxes: terceiro gênero existe há séculos no México

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Em Juchitán, Oaxaca (sul do México), acredita-se que os muxes, pessoas que não se identificam como homens ou mulheres, foram criados por um santo. Segundo a lenda, São Vicente Ferrer carregava três sacos de sementes: em um eram femininas, em outro eram masculinas e, no terceiro saco, havia uma mistura dos dois tipos.

Esse último saco virou quando São Vicente caminhava por Juchitán e é por isso que, de acordo com a crença, os muxes só são encontrados nessa parte do México. Como São Vicente é o santo padroeiro de Juchitán, os muxes têm um significado muito especial para o povo zapoteca.

Na região, é uma bênção para a família ter um muxe em casa, porque são pessoas que têm as duas divindades. Um muxe é uma pessoa que nasceu com aparelho genital masculino, mas que se “comporta como mulher”, de acordo com as normas sociais.

Embora não exista um jeito único de reconhecer um muxe, ele geralmente se identifica com funções “menos masculinas”, segundo a norma social ainda machista. É comum, por exemplo, que tenham profissões consideradas “femininas”, como cozinhar, costurar, bordar e cuidar da família.

O que não quer dizer, no entanto, que eles não tenham outros interesses. Cada vez mais eles saem de suas aldeias e continuam seus estudos em grandes cidades. E mais: na comunidade, não é malvisto que um homem cis sinta atração por um muxe. Eles são chamados de mayates.

Acontece ainda em Juchitán a “Festa da Vela”, onde se celebra uma cerimônia religiosa em homenagem aos muxes, porque mesmo a igreja reconhece a sua importância dentro da comunidade. Após a missa, os muxes desfilam com velas e a rainha do festival é coroada.

Os muxes são exemplo de que, historicamente, o gênero não tem sido binário e a prova de que a diversidade não é uma “moda”. O povo zapoteca, inclusive, dá uma verdadeira lição sobre respeito e tolerância em relação àqueles que são considerados “diferentes” e que fogem dos padrões.

Causa LGBTQI+

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