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Quem é o queniano eleito "melhor professor do mundo": história de dedicação sem igual

Publicado 25 Mar 2019 – 01:00 PM EDT | Atualizado 25 Mar 2019 – 01:10 PM EDT
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Ensinar e aprender nem sempre são tarefas fáceis quando obstáculos como pobreza e falta de equipamentos escolares batem à porta. Por essa razão, a história do professor queniano Peter Tabichi, que ganhou o prêmio de " melhor professor do mundo", viralizou nas redes sociais — e, de fato, ela é cheia de elementos que mostram o quanto ele ama o que faz.

Queniano Peter Tabichi eleito melhor professor do mundo

Membro da ordem religiosa franciscana, Peter ganhou o Global Teacher Prize de 2019 por reconhecimento de sua importância na vida dos alunos (e de seus familiares) na área rural de Nakuru, no Quênia. O prêmio é como se fosse um "Nobel da Educação" e, além de valorizar os professores no mundo, entrega ao vencedor a quantia de US$ 1 milhão (mais ou menos R$ 3,9 milhões).

Dedicado a melhorar a vida da comunidade em que atua, Peter é mesmo um exemplo de que um professor pode ser não só um transmissor de conhecimento, mas um transformador de realidades: entre muitas de suas ações, ele doa 80% de seu salário para projetos comunitários locais.

Em sua entrevista para a equipe da premiação, ele contou que a ideia é gerar "impacto positivo" não só em seu país, mas em toda a África.

Em seu discurso de vitória, ele destacou que a premiação é uma importante forma de reconhecimento da potencialidade que existe no continente.

"Todos os dias na África, viramos uma nova página e um novo capítulo. Hoje é outro dia. Este prêmio não me reconhece, mas reconhece os jovens deste grande continente. Eu estou aqui apenas pelo que meus alunos conseguiram. Este prêmio lhes dá uma chance. Diz ao mundo que eles podem fazer qualquer coisa."

Amor pela profissão vem de família

Peter tem uma história linda de dedicação à docência. Ele conta que seu amor pela profissão veio de sua família e que isso está dentro de seu coração há muito tempo. "Ensinar está no meu sangue, meu pai, tios e primos também ensinam", disse em entrevista à premiação. "Cuidar das pessoas está no meu coração".

Professor de matemática e física, ele dá aulas a crianças na escola Keriko Secondary, na vila de Pwani. Os alunos encontram várias dificuldades no caminho para conseguir acompanhar as atividades escolares, inclusive falta de alimentos. Alguns deles precisam andar sete quilômetros até o colégio. Quase todos são de famílias pobres. E todos esses fatores fazem com que eles possam ficar desconcentrados durante as aulas.

Na escola, as condições também são precárias. Classes que eram para ter até 45 alunos chegam a reunir 80 crianças.

Forma de ensinar tem tudo a ver com incentivar alunos

E é nesse ponto que Peter faz a diferença, ao mostrar para os estudantes como o conhecimento pode ser uma oportunidade de ampliar os horizontes para ansiar uma vida melhor. Com tanto incentivo, os alunos têm se engajado em projetos de ciência e até participado de competições nacionais. Tudo isso resultado de uma dedicação coletiva, com Peter no leme, para facilitar o aprendizado das crianças.

"Para ser um bom professor, você precisa ser criativo, abranger tecnologia, você deve promover formas modernas de ensinar. Você tem que fazer mais e falar menos", comentou Peter.

Ensinando comunidade e "clubes de paz"

Se não bastasse toda a dedicação aos assuntos escolares, Peter ainda promove ações para a comunidade local, ensinando às famílias, por exemplo, formas alternativas de plantar e cultivar a terra, para driblar as dificuldades de seca e fome que assolam a comunidade.

Também promove "clubes de paz", em que os alunos formam rodas de conversa, para apaziguar possíveis diferenças culturais que se acirraram desde que houve conflito de tribos na região, em 2007.

No vídeo (em inglês) divulgado pela premiação, é possível ver como o trabalho de Peter muda a vida das pessoas:

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