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‘Não imaginávamos viver esse pesadelo’, diz pai de criança que teve complicação da Covid

Publicado 14 Jan 2021 – 09:26 AM EST | Atualizado 14 Jan 2021 – 09:26 AM EST
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Apesar de a COVID-19 ser estatisticamente menos comum, menos agressiva e menos fatal entre crianças, elas não estão livres de riscos ao contrair a doença – e isso é algo que a família do pequeno Rodrigo Bernardes Filho, de sete anos, descobriu da pior forma possível quando o menino precisou ser internado em estado grave após desenvolver uma síndrome inflamatória ligada ao novo coronavírus.

Síndrome pediátrica pós-COVID-19 faz família viver pesadelo

Em setembro de 2020, após o tio e o pai contraírem a COVID-19, Rodrigo Bernardes Filho, a mãe e a irmã também testaram positivo para a doença – e, como informações da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que casos graves de infecção pelo novo coronavírus em crianças representem uma porcentagem muito pequena do total, ninguém imaginou que ele poderia ficar debilitado da forma que ficou.

Quinze dias após o diagnóstico da COVID-19 e sem apresentar os sinais típicos da infecção (como tosse seca, perda de olfato, entre outros), porém, o garoto começou a manifestar sinais alarmantes que preocuparam os pais. “Ele teve dores musculares, conjuntivite, lábios avermelhados, inchaço, manchas vermelhas pelo corpo e fortes dores abdominais”, explicou Rodrigo Bernardes, pai do garoto, ao VIX.

Diante do quadro, Rodrigo foi levado ao médico e, sob recomendação de um pediatra, passou a ser medicado para dengue. “Após um exame negativo para dengue e o aumento dos sintomas, procurei o pronto-atendimento, e ele foi transferido para a Santa Casa de Santos. Após 24 horas, ele foi entubado”, explicou ele, que também já havia sido hospitalizado devido à COVID-19.

Por 14 dias, Rodrigo ficou internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) – assim como o pai, que teve de receber cuidados mais intensos mesmo sem a necessidade de ficar entubado, e o tio, que ficou em intubação durante cerca de um mês e hospitalizado durante dois. No caso dele, porém, a internação não foi causada pela COVID-19 em si, mas pela Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica, a SIM-P.

A síndrome (que inicialmente chegou a ser confundida com a doença de Kawasaki pela semelhança entre os sintomas) foi recém-descoberta por especialistas e, apesar de ainda não haver evidências científicas concretas da relação entre ela e a COVID-19, há um número cada vez maior de crianças apresentando este quadro inflamatório semanas após a infecção pelo vírus – como no caso de Rodrigo.

De acordo com Leonardo Campos, reumatologista pediátrico do Hospital Universitário Antônio Pedro, os principais sintomas da SIM-P são febre persistente acima de 38°C, dor abdominal (que pode simular apendicite), diarreia, vômitos, manchas pelo corpo e vermelhidão em áreas como olhos, boca ou extremidades (mãos e pés), e todo este quadro pode levar a comprometimentos sérios.

Conforme conta Thais Bernardes, mãe de Rodrigo, tudo isso aconteceu enquanto a família tomava todos os cuidados para prevenir a COVID-19 e, apesar de crerem na gravidade da doença (especialmente após o tio do pequeno adoecer), o quadro delicado de Rodrigo surpreendeu a todos. “Desde o início levamos o isolamento social muito a sério, porém não imaginávamos que passaríamos por esse pesadelo”, diz o pai.

Além do temor em ver o filho doente e internado, o casal passou também por outra situação difícil relacionada a isso: devido à situação atual da pandemia e ao fato de que o garoto tem uma irmã mais nova, Julia, Rodrigo e Thais não podiam se revezar para acompanhar o pequeno no hospital. “A gente teve que se privar pra não ficar levando o vírus pra casa. Foi bem difícil”, afirma ela.

Como a SIM-P tende a afetar o coração, ela pode causar disfunções cardíacas, choque e até levar o paciente à morte, mas, felizmente, Rodrigo não faz parte destas estatísticas e se recuperou bem após as duas semanas que passou no hospital, dentre os quais cinco foram de intubação. “Hoje, após noventa dias, ele está recuperado, conseguindo reviver todas as coisas, esportes, como sempre gostou”, diz o pai.

Agora, com o filho recuperado, Rodrigo e Thais fazem um alerta. "A responsabilidade pelas crianças é dos adultos, portanto digo para que todos se cuidem, levem a sério isolamento social e sigam todos protocolos e orientações. É muito sofrido passar por essa situação, ver um filho nessa situação e não poder fazer nada. Não deem a oportunidade para esse vírus destruir você ou uma pessoa que você ama", diz ele.

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