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Desabafo sincero de atriz mostra a vida real de uma mãe solo: "Deixem a gente em paz"

Publicado 26 Nov 2018 – 03:16 PM EST | Atualizado 26 Nov 2018 – 03:16 PM EST
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Mariah de Moraes ficou conhecida ao apresentar o programa matinal "TV Globinho", no qual era conhecida como Mariah Rocha. Um pouco afastada das telinhas, a apresentadora hoje mobiliza milhares de seguidores em suas redes sociais.

A atriz é mãe solo do pequeno João Pedro, que completou nove anos de idade e, recentemente, dividiu um texto forte e sincero sobre a divisão desigual de responsabilidades entre homens e mulheres na criação dos filhos. Veja:

Texto sobre maternidade solo de Mariah de Moraes

Em uma foto na qual aparece sozinha, ela começa a refletir sobre as mulheres que também carregam sozinha toda a responsabilidade sobre a criação dos filhos.

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 5,5 milhões de pessoas não possuem o nome do pai em sua certidão de nascimento e mais de 80% das crianças têm como primeiro responsável uma mulher.

"Ninguém quer ser mãe solo. Não é motivo de orgulho pra nenhuma mulher. Não as que eu conheço. Geralmente, envolve uma incapacidade paterna, que pode ser por muitas razões, e a mãe acaba sobrecarregada", começa.

O texto continua e ela fala sobre como muitas mulheres estão sobrecarregadas por carregarem essa obrigação sozinhas.

"[...] Não devo ganhar uma estrela no meu nome por fazer algo que é minha obrigação e direito dele. Cuidar do meu filho com responsabilidade, amor e afeto é meu dever e direito dele. Bem simples assim. Mas a responsabilidade solo disso as vezes é muito exaustiva", continua.

Depois outra questão é levantada, como o mundo da maternidade é especialmente cruel com as mães, que têm seus erros evidenciados a todo instante.

"[...] Se estou longe, estou trabalhando. Todo mundo acha lindo. 'Olha como ela cuida dele, está sempre com ele'. Essas mesmas pessoas, se meu filho, por exemplo, sai com uma blusa furada, porque eu não vi, vão julgar que sou desatenta e não cuido tão bem assim. Tudo isso por que sou mulher", escreve.

Já no final, ela desabafa sobre como essas mulheres estão sempre ocupadas e, na maioria das vezes, sem quase nenhuma rede de apoio. "Sou uma mulher, uma mãe, latina, com pouca rede de apoio e exausta, numa grande parte do tempo", finaliza.

Leia o texto na íntegra:

Ninguém quer ser mãe-solo. Não é motivo de orgulho pra nenhuma mulher. Não as que eu conheço. Geralmente, envolve uma incapacidade paterna, que pode ser por muitas razões, e a mãe acaba sobrecarregada. Eu me lembro a primeira vez que meu filho me chamou de guerreira. Aquilo partiu um pouco meu coração e ao mesmo tempo me deu uma ponta de orgulho. Sou chamada de guerreira todos os dias da minha vida. Penso que cuidar do meu filho é minha responsabilidade. Não devo ganhar uma estrela no meu nome por fazer algo que é minha obrigação e direito dele. Cuidar do meu filho com responsabilidade, amor e afeto é meu dever e direito dele. Bem simples assim. Mas a responsabilidade solo disso as vezes é muito exaustiva. Tem uns 5 finais de semana que ele está competindo no futebol, tem 5 finais de semana que eu passo 24h por dia com ele. Fora todos os outros. Com ele também. Se estou longe, estou trabalhando. Todo mundo acha lindo. 'Olha como ela cuida dele, está sempre com ele'. Essas mesmas pessoas, se meu filho, por exemplo, sai com uma blusa furada, porque eu não vi, vão julgar que sou desatenta e não cuido tão bem assim. Tudo isso por que sou mulher. Tudo isso por que vivemos nesse sistema massacrante do patriarcado. Se meu filho tira notas altas na escola, meu Deus, parabéns, Mariah. Se ele está mal-humorado e sem paciência, e isso resulta numa resposta 'desajustada', 'imprópria', é por que eu não dou educação. É essa montanha-russa. Guerreira ou coitada. Heroína ou vilã. Não sou nenhuma das duas. Sou uma mulher, uma mãe, latina, com pouca rede de apoio e exausta, numa grande parte do tempo. Mas nunca vou deixar de cuidar do meu filho como ele merece, porque como disse antes, não estou fazendo mais do que minha obrigação. Só tô cansada de ser reduzida a estereótipos, quando a minha maternidade vai muito além do que os olhares limitados que recebo podem ver. Um dia ainda escrevo um livro. Mas por hoje é só. Risos. Deixem a gente em paz. Um dia após o outro, fazemos o melhor que podemos. E hoje à noite, manda vinhos.

Maternidade real

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