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Poliana Abritta conta como virou mamãe de 3 após diagnóstico tardio de endometriose

Publicado 3 Ago 2018 – 04:43 PM EDT | Atualizado 3 Ago 2018 – 04:43 PM EDT
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Poliana Abritta participou do programa "Conversa com Bial", da TV Globo, e contou todo seu processo de gravidez. Durante a entrevista, a jornalista falou sobre um problema de saúde bastante comum em mulheres, que foi tardiamente diagnosticado: a endometriose.

Além do problema do diagnóstico tardio, ela falou como levou sete anos tentando engravidar e como todo o processo acarretou em bastante sentimento de culpa e incapacidade.

Gravidez de Poliana Abritta

Durante a entrevista, a apresentadora fala que começou as tentativas de engravidar aos 23 anos e, depois de quatro anos tentando, começou a se questionar o porquê de ainda não ter se tornado mãe.

Em um primeiro momento, Poliana diz que sentiu muita culpa, por acreditar que o problema estava relacionado a um comportamento dela e não por conta de uma condição de saúde.

“Falavam que eu não tinha nenhuma causa a mais de infertilidade, só que com isso os anos vão passando, você vai tentando, e aí você começa a ouvir das pessoas: 'Relaxa, vai tirar umas férias que aí acontece'. Só que isso vai pesando ainda mais para a mulher, porque ela começa a achar que tem algo errado na cabeça dela, que está produzindo uma não gravidez, e aí vem uma culpa. No meu caso essa foi a primeira sensação”, fala.

Ao completar 30 anos, a jornalista disse que, de fato, constatou que estava com algum problema biológico que a impedia de realizar o sonho de ser mãe, foi quando veio o diagnóstico de endometriose. "Quando eu tive um diagnóstico de endometriose, fiz a cirurgia e depois de um ano e meio, eu não tinha engravidado naturalmente", conta.

Com um desejo ainda muito latente em relação à maternidade, ela deu início então a diversos tratamentos para aumentar a sua fertilidade. Poliana realizou estimulação ovariana, que através de uma injeção de hormônios, a mulher produz mais de um folículo ovariano, que irá ovular e poderá virar um embrião. Supõe-se que mais de um folículo produzido, aumente as chances de uma fecundação bem sucedida.

Outro procedimento tentado foi a inseminação artificial, no qual os espermatozóides são injetados no útero da mulher, no seu período fértil, ou seja, quando ela está ovulando, facilitando assim a união dos gametas para a formação do embrião. Após diversas tentativas e muitos anos, a fertilização in vitro foi a opção escolhida por Poliana e seu marido.

Porém, por conta do estigma em volta da maternidade, a jornalista conta que manteve segredo em relação ao seu tratamento. “Existe um acanhamento, eu passei alguns anos tentando engravidar e sofria calada quando eu não conseguia, poucas pessoas sabiam disso. Porque eu não queria que as pessoas soubessem", fala.

A questão da frustração em relação aos inúmeros resultados negativos em exames de beta HCG também acompanharam a apresentadora. "Antes de tentar a fertilização, eu fiz mil simpatias e outros tratamentos, mas chega uma hora que você tem um atraso na menstruação, o meu maior atraso foi de 14 dias, e quando você abre o exame e vê menos do que o valor de referência é muito frustrante”, comenta.

Fertilização em vitro

Ela conta que via a fertilização de uma maneira muito positiva, mas a falta de conhecimento sobre o processo a fez demorar um tempo para aceitar o procedimento. "Eu olhava para a ideia da fertilização como uma luz no fim do túnel, ela não foi uma decisão difícil. Eu não conhecia ninguém que tivesse passado por isso, talvez isso tenha feito com que eu demorasse mais a partir para a fertilização”, confessa.

O estigma em relação a processos de fertilização ficou para trás depois da confirmação da gravidez. "As pessoas na rua não perguntam como você engravidou, mas se você está esperando trigêmeos sempre falam “fez tratamento, né?”, porque não é tão natural uma gravidez de três a toda hora. Então no dia seguinte que eu soube que eu estava grávida, eu aceitei e falei disso com muita naturalidade desde então”, fala. Hoje, os filhos Manuela, José e Guido estão prestes a completar 10 anos.

Endometriose

Endometriose é uma doença grave que atinge mais de 6 milhões de brasileiras, de acordo com a Associação Brasileira de Endometriose (SBE), isso representa entre 10% a 15% de mulheres em idade fértil (12-45 anos) e tem 30% de chance de causar infertilidade.

A doença não tem cura, mas se descoberta precocemente existem tratamentos que podem amenizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida da paciente. A doença é caracterizada pela presença do endométrio - que é a camada que reveste a região interna do útero - fora do órgão.

É possível separar em dois os tipos de endometriose: superficial e profunda. O primeiro é menos agressiva e penetra em menos que a 5 milímetros da superfície do tecido. Já o segundo tipo é caracterizado por lesões maiores e que podem atingir diversas partes do corpo, desde trompas até mesmo o intestino.

No caso de um quadro mais profundo, o grande perigo é que as células podem prejudicar a função de outros órgãos, o que acaba por causar sérios riscos de saúde para a paciente.

Causas da endometriose

O mal ainda não tem causa definida, porém, estudos apontam para uma ligação entre genética e o aparecimento das lesões. A ginecologista e obstetra Heloisa Brudniewski explica que a menstruação retrógrada, fenômeno em que as células endometriais voltam ao invés de serem expulsas pela menstruação, é um deles.

Outras motivações são o transporte de células endometriais pelo sistema linfático, doenças imunitárias e acúmulo de tecido em cicatrizes.

Sintomas da endometriose

Segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), os sinais mais comuns da doença são:

  • Cólicas frequentes e intensas durante a menstruação
  • Dores abdominais, independente de estar no período menstrual
  • Dificuldade para engravidar
  • Intestino preso, solto ou dor para evacuar durante a menstruação
  • Dores durante a relação sexual
  • Desconforto/sangramento ao urinar na época da menstruação

A demora no diagnóstico é bastante comum, assim como aconteceu com Poliana. Por isso, é de extrema importância relatar todo e qualquer sintoma ao médico e insistir em investigar o que pode estar acontecendo.

Exames de sangue, de imagem e até mesmo físicos podem fazer com que a hipótese da existência da doença seja considerada, porém, somente uma biópsia pode realmente confirmar a endometriose, como fala o ginecologista e obstetra Arlindo Brun. “A biópsia feita pela videolaparoscopia é a melhor maneira de determinar a existência do problema”, ressalta.

O tratamento clínico consiste no uso de anti-inflamatórios e analgésicos que ajudam a controlar os sinais. Além disso, também podem ser administrados hormônios, DIU e alguns tipos de pílulas anticoncepcionais para controlar e até mesmo parar o ciclo menstrual, evitando o avanço da doença.

Alguns casos exigem cirurgia, em lesões mais extensas ou em mulheres que não apresentam melhora com os tratamentos clínicos. A intervenção é feita por videolaparoscopia, melhorando a qualidade de vida da paciente e ajudando nas chances de engravidar.

Tratamentos para engravidar

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