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A dolorosa prática sofrida por algumas mulheres após o parto "pelo bem de seus maridos"

Publicado 31 Mai 2018 – 01:00 PM EDT | Atualizado 31 Mai 2018 – 01:00 PM EDT
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Existe um procedimento bastante realizado em hospitais durante o parto vaginal chamado de episiotomia, o famoso "pique". A prática consiste em um corte cirúrgico feito na vagina, mais precisamente no períneo, sob a justificativa de facilitar a saída do bebê, ainda que não haja evidências científicas que comprovem a necessidade e os benefícios desse procedimento em situações normais.

Mas existe outro procedimento tão ou mais questionável que a episiotomia, e seu nome popular já anuncia a controversa, o chamado “ponto do marido”.

Ponto do marido é violência

Os pontos dados para fechar a episiotomia são chamados de episiaorrafia. Em muitos casos, além de fechar o corte, algumas equipes médicas dão um ponto a mais, sem necessidade, e o chamam de " ponto do marido".

O nome faz referência ao fato de alguns médicos se acharem no direito de fazer um ponto a mais no períneo da mulher com o objetivo de deixar a entrada do canal vaginal mais apertada para que o parceiro possa sentir mais prazer durante relações sexuais. Essa prática está longe de ser algo que diz respeito à saúde da mulher e configura uma grave tipo de violência obstétrica.

O procedimento compromete a autonomia da mulher sobre seu próprio corpo em níveis absurdos uma vez que tem em vista a satisfação masculina em detrimento do seu próprio bem estar, já que a prática resulta em dores no pós operatório e dores durante as relações sexuais que podem perdurar por toda a vida.

Além disso, muitas vezes a prática é feita sem a autorização da mulher ou é “vendida” com meias informações, sem evidenciar os impactos físicos, emocionais e morais que pode causar.

Episiotomia é necessária?

Em um artigo para o seu blog sobre a prática, a médica obstetra Dra. Melania Amorim explica que a episiotomia pode ser uma agressão e mutilação vaginal quando praticada sem o consentimento da mãe - além de causar dor, demorar a cicatrizar, causar queloide, dessensibilização ou hipersensibilização, requerer mais pontos que uma laceração natural e estourar com mais facilidade.

Segundo ela, enquanto a laceração natural acontece nas dobrinhas da vagina e de acordo com a configuração das fibras musculares e da pele, o corte proposital e os pontos são dados em uma região lisa do períneo, tendo como consequência maiores chances de estourar durante os movimentos, além de mais difícil cicatrização.

Soma-se a esses fatores a possibilidade da cirurgia prejudicar a satisfação sexual da mulher já que, em alguns casos, o sexo pode se tornar doloroso, já que o procedimento prejudica a elasticidade na região.

Para Dra. Melania, em entrevista ao blog Empoderamento Materno, “o ‘ponto do marido’ é uma visão machista e preconceituosa que demonstra “a falta de fé na capacidade do corpo feminino para parir e ainda querer reconstituir a natureza para satisfação sexual do homem”.

Violência obstétrica

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