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Médica cria lista com problemas que NÃO são motivo para fazer uma cesárea

Publicado 23 Ago 2018 – 12:31 PM EDT | Atualizado 23 Ago 2018 – 12:34 PM EDT
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A obstetra paraibana Melania Amorim se propôs a fazer uma ampla listagem, com base em pesquisas e relatos, sobre as causas e justificativas médicas utilizadas para realizar nascimentos via cesárea quando não há necessidade. Desde quando foi publicada, no site Estuda, Melania, Estuda, em 2015, a lista não para de cresce e hoje conta com a contribuição da obstetriz Ana Cristina Duarte, que fez alguns acréscimos.

Para quê serve?

A intenção da lista não é cobrir todas as possíveis indicações de cesariana, mas mostrar o que NÃO são motivos para a realização da cirurgia. A cada 10 partos realizados em maternidades particulares no Brasil, 8,5 são cesáreas - a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda 1,5.

Parte dessa discrepância está relacionada à preferência do médico e não uma real necessidade da gestante. Tendo isso em mente, a lista contribui para desmistificar falsas indicações de cirurgia e munir a mulher de informação para refutar o profissional quando necessário.

Causas médicas fictícias

  • Aceleração dos batimentos fetais
  • Anemia de qualquer tipo (a cesariana vai agravar a anemia, uma vez que a perda sanguínea é cerca de 500 ml no parto normal e 1.000 ml na cesariana)
  • Bacia "muito estreita"
  • Calcificação da sínfise púbica (alegando-se que ocorreria em TODAS as mulheres com mais de 35 anos, impedindo o parto normal)
  • Cálculo renal (nefrolitíase)
  • Candidíase
  • Edema de colo do útero
  • Endometriose em qualquer grau e localização
  • Gastroplastia prévia
  • HPV com ou sem Lesão Intraepitelial Cervical
  • Líquido amniótico em excesso

Justificativas absurdas

  • Assalto ou outras formas de violência (gestante ou familiar foi vítima de assalto, então o bebê pode ficar estressado)
  • Aniversário da gestante ou de qualquer parente próximo (para fazer coincidir a data do nascimento)
  • Barriga “sarada”, porque a musculatura pode prejudicar o trabalho de parto
  • Bebê desocupado: está tudo pronto (tamanho e peso) e ele não vai ganhar mais nada ficando lá dentro
  • Compromissos previamente assumidos pelo profissional por volta da data provável do parto
  • Data provável do parto (DPP) próximo a feriados prolongados e datas festivas (incluindo aniversário do obstetra)
  • Evolução tornou o corpo da mulher incompatível com o parto
  • Feto com unhas compridas
  • Frio
  • Gestante saudável demais, correndo o risco de ter um parto fácil e muito rápido, podendo parir antes de chegar ao hospital, com risco de morte do bebê
  • Mulher muito alta, tem canal de parto muito grande, com risco de cansar o bebê durante a passagem
  • Paciente não tem perfil para parto normal

A lista em nada interfere na escolha das mulheres. Aquelas que mesmo conscientes e informadas sobre riscos e benefícios à mãe e ao bebê da cirurgia optam por ela, já têm sua escolha respeitada.

Iniciativas como essa, no entanto, ajudam aquelas mulheres que não querem uma cesárea, mas podem vir a ser confundidas pela equipe médica.

De acordo com o maior levantamento obstétrico do Brasil, a pesquisa Nascer no Brasil, realizada pela Fio Cruz, entre 70% e 80% das mulheres no início da gestação querem um parto normal. No entanto, na maioria dos casos o desfecho sai diferente do desejado. É para essas mulheres que este tipo de iniciativa existe, para que elas se informem e possam ter suas vontades respeitas, assim como aquelas que optam pela cesárea já têm.

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