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Médica diz quando mulher REALMENTE precisa fazer uma cesárea

Publicado 12 Mar 2018 – 05:12 PM EDT | Atualizado 14 Mar 2018 – 04:07 PM EDT
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Uma das grandes preocupações das gestantes é em relação ao  tipo de parto. É natural que desde as primeiras semanas as mães, sejam de primeira viagem ou não, pensem: será normal ou cesárea? De acordo com a pesquisa Nascer no Brasil, realizada pela Fundação Oswaldo Cruz, 72% das brasileiras querem ter um parto normal logo que engravidam. Mas, no final, 52% delas acabam sendo submetidas a uma cirurgia cesariana.

De acordo com o levantamento, a causa dessa diferença entre o desejo inicial e o desfecho final é o convencimento médico. Ou seja, embora a maioria das mulheres desejem um parto normal, ao decorrer dos nove meses os médicos e todo o sistema obstétrico a convencem - ou obrigam - a passar por uma cirurgia cesariana.

Cesárea é importante

O procedimento cirúrgico é um grande avanço da medicina. Depois de sua descoberta e aprimoramento, milhares de mulheres e bebês foram salvos. A indicação de sua realização, no entanto, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), não deveria ultrapassar os 15% - taxa referente aos casos em que realmente é necessária a realização da cirurgia.

No Brasil, no entanto, o cenário é diferente e os números de nascimento via cesárea na rede pública ultrapassam os 50% e na rede privada chega a quase 90%.

Os números preocupam porque, de acordo com Maria do Carmo Leal, coordenadora da pesquisa, uma cesariana feita sem real necessidade apresenta riscos para a mãe e para o bebê. Entre eles estão: aumento do risco de morbidade respiratória para o bebê, risco de internação em UTI, ausência de contato com bactérias maternas "do bem", risco maior de síndrome metabólica, asma e diabetes e, para a mãe, aumento dos óbitos maternos, aumento do risco de hemorragia e placentação anormal e rupturas uterinas nas gestações seguintes. 

É exatamente pelos riscos que, de acordo com as pesquisadoras e médicas, a cesárea deve ser feita apenas quando sua indicação apresentar mais riscos do que o risco já habitual da cirurgia.

Embora o diagnóstico deva ser feito pelo médico que acompanha a gestante após análise de todo o quadro, já que a soma de determinados fatores podem indicar a adoção de uma conduta ou outra, há alguns problemas que REALMENTE indicam a realização de uma cirurgia.

Ou seja, em alguns casos o médico precisa analisar todo o cenário e o histórico da mulher para indicar a cirurgia. Mas há situações em que não há outra alternativa, o procedimento é a maneira mais segura de trazer o bebê ao mundo. São essas as chamadas de indicações verdadeiras de cesárea - e elas são bem poucas e na maioria das vezes raras.

Para esclarecer sobre o assunto e derrubar mitos e falsas indicações, a médica Dra. Melania Amorim, pesquisadora e ph.D da Universidade Federal de Campina Grande, e a obstetriz Ana Cristina Duarte listaram quando uma mulher realmente precisa fazer cesárea. Essa lista inclui as indicações absolutas. Mas há casos em que, dependendo do contexto, histórico, condições da gestante e do feto e riscos, o médico e a família podem optar pela realização da cirurgia e ela ser bem indicada.

Quando a cesárea é realmente necessária

  • Prolapso de cordão: o cordão umbilical começa a sair antes do próprio bebê, o que acaba o pressionando e impedindo que o sangue e oxigênio sejam transportados da mãe para o filho. A condição só é diagnosticada depois que a gestante entra em trabalho de parto. Ou seja, não há como prever se vai ou não acontecer antes de a dilatação começar.
  • Descolamento prematuro da placenta com feto vivo: a placenta se descola da parede de útero, podendo causar prejuízo ao bebê, já que a placenta é responsável por oferecer nutrientes e oxigênio ao feto durante a gestação. Nesse caso, a depender do grau e da idade gestacional, a mulher deve ficar de repouso absoluto ou ser submetida a uma cirurgia de emergência.
  • Placenta prévia parcial ou total no terceiro trimestre: a placenta se fixa toda ou em grande parte no colo do útero, impedindo a passagem do feto. A condição pode provocar sangramento e outras complicações que levam ao parto prematuro. Dependendo da posição da placenta na 37º de gravidez a cirurgia pode ser agendada ou o parto normal induzido.
  • Apresentação córmica durante o trabalho de parto: o bebê fica na horizontal dentro da barriga, com bumbum, ombro e cabeça na mesma altura. Antes de entrar em trabalho de parto a equipe pode tentar a realização de manobras externas e internas para tentar virar o bebê. Mas se no trabalho de parto ele estiver nessa posição, é necessário operar.
  • Ruptura de vasa previa: decorrente da inserção anômala do cordão umbilical, os vasos sanguíneos cruzam o orifícios do colo do útero. Com o trabalho de parto pode ocorrer a ruptura desses vasos, quadro que prejudicaria o feto. Por isso, uma cesárea é agendada.
  • Herpes genital com lesão ativa no começo do trabalho de parto: se a mãe tem herpes com lesão ativa. O diagnóstico é feito no trabalho de parto e, para evitar a transmissão para o bebê, a cirurgia é realizada.
  • Desproporção cefalopélvica: a cabeça do bebê não passa pelo canal vaginal da mãe. Nenhum exame consegue prever o desfecho. Só é possível diagnosticar o quadro depois que a mulher entra em trabalho de parto e chega na dilatação total. A partir de então, prepara-se a gestante para a cirurgia . 
  • Frequência cardíaca fetal não-tranquilizadora: é quando fatores impedem que o fluxo sanguíneo transporte oxigênio suficiente para garantir o desenvolvimento e sobrevivência do bebê. Diagnosticado através do exame de cardiotoco, durante o trabalho de parto. Nesse caso a cirurgia é de emergência.
  • Parada de progressão: quando a dilatação estaciona. Mas para o diagnóstico, no entanto, a mulher precisa estar na fase ativa do trabalho de parto e outros fatores, como dilatação, intensidade das contrações e horas em trabalho de parto, devem ser considerados. Geralmente esse quadro só ocorre após a mulher atingir os 6 cm e depois ficar por mais de 6 horas sem nenhuma evolução.
  • Apresentação pélvica ou podálica: o bebê fica com o bumbum ou com os pezinhos no colo do útero. Antes do trabalho de parto é possível tentar manobras para que ele mude de posição. Caso não surta efeito, os riscos de aguardar o parto normal ou realizar uma cirurgia devem ser discutidos com a equipe.
  • Duas ou mais cesáreas anteriores: a partir da terceira cesárea, os riscos da realização da cirurgia são semelhantes a de um parto normal. Por isso, o ideal é que a mulher discuta com sua equipe médica quais são os riscos e os benefícios das duas vias de nascimento e esgotem as possibilidades para que possa optar por uma delas conscientemente.
  •  HIV / Aids: se a mulher for portadora do vírus HIV ou se já tiver desenvolvido a doença, para evitar o contágio, caso a carga viral esteja alta, a recomendação é o agendamento da cesárea.

Parto normal ou cesárea?

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