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Vídeo impressionante mostra parto normal de bebê com cordão no pescoço: há risco?

Publicado 1 Jun 2017 – 07:00 AM EDT | Atualizado 16 Mar 2018 – 08:30 AM EDT
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Um vídeo mostrando o parto normal de um bebê que estava com o cordão umbilical enrolado ao pescoço impressionou nas redes sociais. A gravação da norte-americana Melissa Irish-Miller levantou debates, já que o fenômeno preocupa muitas mães por ser considerado perigoso e, geralmente, faz com que os médicos optem por cesárea. Afinal, há risco em ter parto normal quando o cordão está próximo ou enrolado ao pescoço? A cesariana é mesmo necessária? Entenda. 

É normal?

Segundo a obstetra Dra. Rita Sanchez, líder do Projeto Parto Adequado do Hospital Israelita Albert Einstein, a circular de cordão (termo médico para o cordão umbilical enrolado no pescoço do bebê) ocorre em aproximadamente 30% das gestações.

A especialista ressalta que o cordão dá voltas no bebê graças ao movimento natural que o feto faz dentro da barriga, como para ficar de cabeça para baixo e se preparar para o nascimento. 

Dr. Sérgio Floriano de Toledo, da Sociedade Brasileira de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP), explica que é possível que surjam até três voltas ao redor do pescoço ou corpo. Contudo, na maioria das vezes, isso não causa riscos e nem impede o parto natural ou normal.

Como saber se o bebê tem circular de cordão?

Os ultrassons realizados no decorrer da gestação indicam se o cordão está enrolado ou se é curto demais, conforme explica a obstetra Rita Sanchez. "A média de comprimento é de 50 e 60 centímetros. Dá para desconfiar dos extremamente curtos no ultrassom", esclarece. Contudo, o parecer pode mudar em questão de semanas ou dias, visto que algumas vezes o nó se desfaz sozinho pela própria movimentação do feto.

“A circular se forma geralmente entre o quinto e o sexto mês de gravidez. Enquanto ainda houver espaço suficiente para o bebê se mexer, o nó poderá ser desfeito naturalmente. Depois disso, o cordão enrolado dificilmente se soltará”, esclarece a Dra. Rita Sanchez.

Entretanto, mesmo que não se solte, os médicos garantem que não há motivo para angústia ou alarme das futuras mães, já que na maioria das vezes o fenômeno não prejudica o nascimento. 

Consta no laudo?

O aparecimento do cordão enrolado no pescoço é muito debatido entre médicos, visto que alguns especialistas evitam colocar o resultado no laudo da ultrassonografia para não alarmar a mãe.

A obstetra Rita Sanchez desaprova tal decisão, pois afirma que a mãe deve estar ciente de tudo que ocorre com seu filho. “Tem de colocar e orientar a gestante de que a circular não proíbe o parto natural, mas exige um trabalho de monitorização mais frequente”, ressalta.

É perigoso?

Assim como acontece no vídeo, a maioria dos casos de circular de cordão não apresenta complicações e, portanto, não oferece riscos.

Apenas uma pequena parcela dos quadros pode apresentar situações prejudiciais para o bebê. Em geral, são duas situações que podem indicar a necessidade de cesariana:

Compressão do cordão

O cordão umbilical é formado por duas artérias, uma veia e a geleia de Wharton, que é um líquido gelatinoso que protege a corrente sanguínea que ali reside.

Em caso de voltas no pescoço, essa geleia evita que a criança seja enforcada por compressão porque desliza a estrutura.

No entanto, a descida do bebê no trabalho de parto pode fazer com que um cordão seja excessivamente esticado a cada contração, o que resulta na compressão de suas artérias e na redução do fluxo sanguíneo e de oxigênio para o feto.

“As pessoas acham que o cordão enforca o bebe, mas na verdade ele é comprimido pela tensão e o batimento cai”, ressalta a especialista.

Chamado de sofrimento fetal, esse estado é caracterizado por pouca oxigenação e batimento desacelerado.

Cordão curto

Quando enrolado na criança, o cordão umbilical curto atrapalha a descida do feto pela bacia da mãe. “A mulher faz força e a cabeça desce, mas quando ela para de forçar, o filho volta para dentro”, explica a obstetra Rita Sanchez.

Há risco para a mãe?

Cordão enrolado no pescoço não causa risco para a gestante e, na maioria das vezes, também não prejudica o bebê.

É recomendação de cesárea?

Os médicos entrevistados nessa matéria são unânimes: circular de cordão não é recomendação de cesariana – exceto nos dois casos citados acima.

A cirurgia é uma opção muito importante e que pode ajudar a salvar vidas, mas a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é apenas realizá-la quando há indicação precisa, como em casos de riscos para a mãe ou para o filho, o que nem sempre acontece nos casos de gestações com circular de cordão, ao contrário do que se acredita. A informação é importante: somente com o bebê em sofrimento ou dificuldade de nascimento o parto normal pode ser perigoso.

Como saber se é caso de cesárea, então?

A indicação da gravidade do caso surge apenas no trabalho de parto, por meio de um minucioso monitoramento que avalia o estado da mãe, do filho e o andamento do parto. 

“Detectamos a alteração pela aferição dos batimentos cardíacos do feto ainda na barriga, com um instrumento chamado cardiotocografia”, afirma Dr. Floriano de Toledo.

Infelizmente, ainda não é possível determinar previamente se o bebê apresenta o fenômeno enrolado no pescoço terá dificuldade para nascer.

Parto normal com circular de cordão: cuidados 

Nos casos em que o cordão está enrolado no pescoço do bebê, mas não há indicação de cesárea, o parto normal deve ser cuidadoso. O monitoramento dos batimentos cardíacos da criança deve ser mais frequente a fim de identificar previamente quaisquer alterações. 

Além disso, em casos de partos humanizados em casa, o ideal é que a mãe esteja ao menos 30 minutos de um centro obstétrico, para que possa ser atendida rapidamente caso haja complicações.

“Geralmente, ele nasce naturalmente e o cordão é retirado em seguida. Se estiver muito apertado, é possível clampeá-lo, cortá-lo e liberar o bebê sem problemas”, indica o especialista Dr. Sérgio Floriano de Toledo.

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