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Senadora australiana amamenta em sessão e foto ganha o mundo com marco na política

Publicado 10 Mai 2017 – 12:00 PM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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A naturalização da amamentação em público é um desafio comum a vários países. No dia 9 de maio de 2017, mais um ponto foi somado nesta batalha quando a senadora australiana Larissa Waters amamentou sua filha Ali, de dois meses, no plenário, durante uma sessão. As fotos do ato viralizaram em todo o mundo e geraram debate.

Waters retornou ao trabalho dois meses depois do parto e, para conseguir dar continuidade à amamentação, levou a bebê consigo para o parlamento.

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o aleitamento exclusivo e em livre demanda deve chegar até o sexto mês e a amamentação associada à introdução alimentar até, no mínimo, o segundo ano de vida.

De acordo com informações do tabloide britânico Daily Mail, isto só foi possível porque durante o ano passado, uma luta foi travada para que o Senado australiano criasse regras que permitissem que pais e mães cuidassem brevemente de seus filhos no plenário, como já era permitido na Câmara dos Deputados. Com o retorno da licença, Water, então, se tornou a primeira senadora a amamentar com “autorização”.

Antes disso, mães chegaram a ser expulsas e criticadas pelos mesmos atos. De acordo com publicação da própria senadora, em 2003, a deputada Kirstie Marshall foi expulsa do plenário por amamentar seu bebê de 11 dias.

A atitude de Waters foi aprovada por todos os seus colegas. A senadora Katy Gallagher disse que é um momento que merece ser reconhecido, afinal, as mulheres podem ser mães e, ainda assim, continuar seu trabalho público. “As mulheres têm feito isso em parlamentos ao redor do mundo… É ótimo ver que é capaz de ocorrer agora no Senado. A realidade é que vamos ter que acomodar isso”, comentou em entrevista.

Em suas redes sociais, Waters, ao comentar a repercussão do caso, pediu a presença de mais mulheres no parlamento e comentou que todos precisam de lugares de trabalho mais amigáveis às famílias, além de assistência infantil acessível.

Amamentação em locais de poder público

O que aconteceu com a senadora australiana, no entanto, não é a realidade de outras representantes públicas. Em 2016, segundo o site de notícias do jornal El País, uma parlamentar espanhola amamentou sem filho durante uma sessão e recebeu inúmeras críticas dizendo que o ato era um “mau exemplo”, “desnecessário” e “ridículo”.

Amamentação em público no Brasil

No Brasil, a amamentação é uma questão polêmica. É comum casos de mulheres que, ao amamentar em público, como lojas, shoppings e praças, serem coagidas, constrangidas e até expulsas.

Alguns estados inclusive chegaram a criar leis que permitem que mães ofereçam o peito a seus filhos em locais públicos prevendo punições para estabelecimentos e indivíduos que impeçam o ato.

A ex-deputada Manuela d'Ávila, do Rio Grande do Sul, no final de 2015, amamentou sua filha de quatro meses durante uma sessão extraordinária da Câmara Legislativa e o caso ganhou repercussão – e nem todos os comentários foram positivos. A representante usou as redes sociais para falar sobre o episódio e explicar o que, na visão dela, é o causador de tanta recepção negativa.

“O que chama atenção na foto em minha opinião? Mulheres em espaço de poder, crianças em espaços de poder, vida em espaços de poder. A política é masculina e machista, a política não tem espaço para as mulheres, a política não tem espaço para o que nos diferencia dos homens, a política não tem espaço para a ingenuidade e para a alegria das crianças, não tem espaço para a naturalidade com que conciliamos nosso trabalho e nossas lutas com nossos bebês. Levar Laura comigo tornou-se, sem que eu percebesse, uma forma de resistir a política que desumaniza”, escreveu.

Importância da amamentação

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