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"pílula anticoncepcional"-Mulher

Minipílula evita nova gravidez e não aumenta o risco altíssimo de trombose no pós-parto

Publicado 30 Mar 2017 – 12:09 PM EDT | Atualizado 16 Mar 2018 – 10:39 AM EDT
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A recomendação médica é bem clara: por uma questão de segurança, mulheres só devem engravidar após dois anos ou mais de terem tido um bebê. Para isso, além da amamentação, que inibe a fertilidade, para não afetar a saúde, os especialistas recomendam o uso de outros métodos contraceptivos específicos, entre eles a minipílula.

Quando uma mulher pode voltar a ter relação depois do parto?

Embora não existam regras, as recomendações geralmente são de 21 a 30 dias depois do nascimento do bebê. Isto porque esse é o tempo que o corpo leva para cicatrizar as lacerações e pontos, caso haja, para que os órgãos e o canal vaginal comecem a voltar a sua anatomia normal e para que o sangramento cesse.

O que vai determinar o momento exato da relação sexual depois do parto, no entanto, é o desejo da mulher e seu conforto para as práticas. Quando isso acontecer, alguns cuidados com a contracepção devem ser adotados pelo casal.

Mulher pode engravidar amamentando?

É verdade que a amamentação age como um tipo de contracepção natural. É por isso que muitas pessoas dizem ser difícil engravidar enquanto amamenta. Isto acontece porque para produzir o leite, o corpo libera um hormônio chamado prolactina, que inibe a ovulação e, por isso, reduz a fertilidade.

A quantidade de prolactina produzida, no entanto, varia de acordo com uma série de fatores, como a quantidade de vezes que o bebê mama e o estado emocional da mãe. Apenas o aleitamento exclusivo, sem complementação com fórmula, em livre demanda e sem introdução alimentar é capaz de garantir mínima segurança a uma mulher. É exatamente por isso que é bastante arriscado contar apenas com o resultado da amamentação para a contracepção.

Métodos contraceptivos para o pós-parto

Critérios 

Para evitar o risco de engravidar logo depois do parto, especialistas recomendam medidas contraceptivas como um acréscimo no controle da fertilidade. A escolha do melhor método deve levar alguns pontos em consideração, especialmente aqueles relacionados às possíveis alterações no leite e ao risco de trombose.

Anticoncepcional pode afetar o leite?

O estrógeno, hormônio presente em pílulas combinadas também com progesterona, pode interferir na qualidade do leite materno.

Além de alterar a quantidade produzida, afeta a qualidade, baixando o teor proteico e lipídico e os níveis de cálcio e fósforo podendo interferir no ganho de peso do bebê.

Anticoncepcional e o risco de trombose no pós-parto

De acordo com Dr. César Fernandes, presidente da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), e Dra. Ilza Maria Urbano Monteiro, professora da Unicamp, o risco de uma mulher ter trombose é de 4 para cada 10 mil mulheres, se ela está fora da gestação e do puerpério e não toma anticoncepcional.

Na gravidez, o risco aumenta de 29 a cada 10 mil. No pós-parto chega a ser de 120 a cada 10 mil. Ou seja, um aumento de mais de 15 vezes. Isto acontece porque durante toda a gestação o corpo se prepara para não ter uma hemorragia no parto (momento em que o sangramento já é alto). Como? Produzindo substâncias coagulantes. No pós-parto essas substâncias estão muito concentradas e, por isso, podem formar trombos (coágulo de sangue dentro do vaso) facilmente.

O estrógeno, hormônio comum nas pílulas combinadas, faz crescer ainda mais esse risco. Isto porque ele é responsável pelo drástico aumento das chances de trombose nas gestantes. A razão é sua ação coagulante que, somada à predisposição temporal do organismo, pode causar o problema.

É por isso que medicamentos com este tipo de hormônio, no geral, são contraindicados para puérperas. Além de métodos de barreira, como a camisinha e o DIU de cobre (colocado no parto), alguns remédios hormonais são permitidos, como o DIU Mirena e a minipílula, ambos feitos apenas com a progesterona.

Minipílula no pós-parto

De acordo com Dr. Fernandes e Dra. Ilza, o uso da minipílula é altamente recomendado durante a gestação porque fornece à mulher o controle da fertilidade sem que altere condições da amamentação e aumente os riscos de trombose.

Como ela age

O medicamento é feito com progestina, forma sintética da progesterona e age de três maneiras:

  • Altera o muco do colo uterino e, por isso, prejudica o movimento dos espermatozoides, impedindo a chegada deles até as trompas;
  • Altera os movimentos das trompas uterinas, evitando o contato do espermatozoide com um possível óvulo;
  • Altera a camada do endométrio, tornando-a mais fina e incapaz de receber um possível embrião.

Como tomar

No Brasil, os tipos mais comuns são: Noretisterona, Levonorgestrel, Linestrenol e Desogestrel.

Os especialistas fazem alerta em relação a assiduidade. Em caso de pílula, ela deve ser tomada todos os dias e no mesmo horário – com variação máxima de 3 horas.

Qualquer mulher pode tomar?

Embora seja uma recomendação comum entre os ginecologistas, cada mulher precisa ser avaliada individualmente, inclusive em relação às suas predisposições. Por isso, a prescrição do medicamento deve ser feita pelo profissional que acompanha o histórico de cada paciente.

A minipílula, como não aumenta o risco cardiovascular e provoca poucos sintomas adversos, como enxaqueca, diminuição da libido e ganho de peso, também é prescrita para outros grupos, como fumantes, mulheres com mais de 35 anos, hipertensas, com sobrepeso ou diabéticas. Sempre sob orientação médica.

Por quanto tempo ela deve ser tomada?

No pós-parto, a minipílula é um ótimo complemento da contracepção fornecida pela amamentação. Por isso, pode ser indicada até o seis meses, até o fim da amentação exclusiva ou enquanto a mulher amamentar em livre demanda.

Depois do primeiro trimestre ou a partir do momento em que for conveniente retomar a um método mais eficiente, a paciente, caso queira, pode voltar ao seu método adotado antes da gestação.

Anticoncepcional passa pelo leite?

Embora seja possível encontrar resquícios das substâncias do medicamento no leite materno, de acordo com os especialistas, a quantidade é insignificante e incapaz de alterar o ganho de peso do bebê ou a qualidade do leite.

* Colaborou Giovanna Mazzeo, repórter do Vix

Pós-parto

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