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Essa mãe doou 45 litros de leite sozinha após saber de situação de bebês em UTI neonatal

Publicado 10 Ago 2018 – 04:33 PM EDT | Atualizado 10 Ago 2018 – 04:33 PM EDT
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Muitas mães sofrem porque não têm leite suficiente para amamentar seus filhos. Por outro lado, outras produzem quantidades mais do que suficientes, como a dona de casa Barbara dos Santos, de 26 anos.

Ela tinha tanto leite, que pensou que poderia beneficiar outras crianças além do filho, Nicolas. Durante quase um ano ela doou seu leite e ajudou no aleitamento de outras crianças.

Barbara produzia muito leite: "chegava a vazar"

Antes mesmo de se tornar mãe, Barbara já sonhava em amamentar e sabia da importância do leite materno para o bebê. "Eu já tinha em mente que o meu leite era a vida para os meus filhos". E ela estava certa.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, os benefícios do leite materno não apenas ajudam a manter os bebês saudáveis em seus primeiros dias de vida, como podem influenciaá-lo até a vida adulta.

Se dependesse da produção de leite de Barbara, Nicolas seria a criança mais saudável do mundo. "Eu tinha tanto leite, que chegava a vazar", revelou.

A opção por doar

Quando ainda estava no hospital depois do parto de Nicolas, Barbara descobriu que alguns bebês prematuros que ficavam internados na UTI neonatal não podiam ser amamentados por suas mães e, por isso, eram alimentados com leite materno proveniente de um banco de doação.

A situação daqueles bebês comoveu Barbara e ela decidiu que seu leite iria amamentar não só seu filho, como outras crianças. "Se Deus me deu em abundância por que não ajudar?".

Barbara foi atrás de informações de como fazer para doar e descobriu que o Hospital Estadual Mario Covas, em Santo André, cidade onde ela mora, no estado de São Paulo, tinha um banco de leite.

"Eles mandaram uma enfermeira na minha casa para fazer a primeira coleta e me ensinar os procedimentos corretos para eu fazer sozinha depois", contou Barbara.

Na primeira coleta é feito um teste com o leite para verificar se ele está apropriado para o consumo. Segundo informações do Ministério da Saúde, toda mulher que estiver amamentando é uma possível doadora. Basta ser saudável e não fazer uso de medicamentos que interfiram na amamentação.

Coleta e armazenamento do leite

Bárbara foi orientada a coletar o leite e armazená-lo em potes de vidros esterilizados. Antes de começar o procedimento, ela precisava lavar os seios com água corrente, higienizar as mãos, colocar luvas e usar uma touca nos cabelos. A coleta não podia ser feita no banheiro, nem na cozinha.

"Eu não tinha trabalho nenhum. Eles forneciam os potes esterilizados, as luvas, as toucas e ainda vinham retirar na minha casa".

A dona de casa também explicou que aprendeu a técnica da ordenha humana para coletar o leite. "Você pega o peito com as duas mãos em forma de C e vai apertando. Conforme você vai fazendo isso, o leite vai escorrendo no pote".

A extração não precisa ser feita com bomba elétrica, nem manual. A ordenha com as mãos é a melhor técnica para estimular as glândulas mamárias e para a mãe coletar o leite.

De acordo com Barbara, o processo é dolorido no início, mas depois melhora. "Eu não vou mentir. Eu sentia um pouco de dor no começo, mas com o passar do tempo, me acostumei".

Depois de coletar o leite, Barbara deveria guardar o pote no freezer para conservá-lo até o pessoal do banco fazer a retirada. "Toda semana eles vinham buscar na minha casa". Segundo o Ministério da Saúde, o leite humano pode ser armazenado por até 10 dias no congelador.

Barbara doou mais de 40 litros de leite

Barbara passou 11 meses doando seu leite. "Doava cerca de 1 litro por semana". Considerando que um recém-nascido mama até 240 ml de leite por dia, a quantidade que ela doava na semana era suficiente para amamentar um bebê por pelo menos 4 dias.

No total, Barbara doou 45 litros de leite para o banco e disse que se sentia privilegiada perante outras mães que não conseguiam ou não podiam amamentar.

Nunca passou pela cabeça de Barbara que se ela doasse leite, seu filho ficaria sem. "Parece que quanto mais eu tirava, mais eu produzia".

E não era só uma percepção. De fato, a produção de leite materno funciona a partir de estímulos e, portanto, quanto mais estímulos as glândulas mamárias recebem, mais elas produzem.

Barbara doaria leite outra vez

Hoje, Nicolas é uma criança saudável de 5 anos e Barbara o amamentou até os 3. Ela acha que sua atitude ajudou muitas crianças. "Muitas mães não têm uma farta produção de leite e para um recém-nascido, o leite materno é prioridade".

A dona de casa também tem uma filha de 1 ano e 7 meses, mas como a bebê nasceu prematura, a amamentação não foi tão fácil quanto a de Nicolas e Barbara não conseguiu doar o leite.

Mas ela diz que se tiver uma terceira gestação e tudo correr bem, com certeza será doadora de novo. "Eu doaria sem pensar duas vezes. É um pra prazer saber que podemos ajudar tanto,fazendo tão pouco", finalizou Barbara.

Doação de leite materno ajuda a salvar vidas

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