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Mãe que não tinha leite pôde amamentar graças à técnica que todas devem conhecer

Publicado 1 Ago 2018 – 12:51 PM EDT | Atualizado 1 Ago 2018 – 02:35 PM EDT
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"Eu me senti mãe pela primeira vez na hora em que amamentei meu bebê", é assim que a nutricionista Bruna Balduino descreve como foi a experiência de alimentar o filho, Lucca, no próprio seio.

Amamentar era o sonho de Bruna e ele quase foi impossibilitado quando ela foi informada que não produzia leite suficiente para seu bebê. O que permitiu que ela continuasse amamentando foi a relactação, técnica que pode ajudar muitas mulheres que querem continuar ou voltar a amamentar mesmo quando isso parece impossível.

Desafio de não conseguir amamentar

A primeira mamada de Lucca foi rápida, mas forte o suficiente para marcar o início da maternidade na vida de Bruna. "Foi maravilhoso perceber que meu filho iria se alimentar de algo que estava vindo de mim".

Tudo corria como o esperado. Embora sonhasse ter parto normal, Bruna teve alta do hospital após uma cesárea e foi para casa com o filho nos braços.

A primeira consulta com o pediatra foi quando Lucca tinha 10 dias de vida. O médico constatou que o pequeno não havia ganhado o peso esperado e deu uma orientação para Bruna. "Ele disse para eu voltar para casa e amamentar meu filho por mais 10 dia e retornar".

Na segunda consulta, Lucca estava abaixo do peso esperado e, segundo o pediatra, Bruna não estava produzindo leite suficiente e, por isso, teria que complementar a alimentação do recém-nascido com uma fórmula infantil.

O plano da nutricionista era amamentar o filho somente com o próprio leite e a notícia de que teria que dar fórmula para Lucca a assustou.

"O fato de meu leite não ser suficiente era algo que mexia muito comigo. Eu chorava quando tinha que dar leite artificial para o meu filho", contou Bruna.

Bruna não queria parar de amamentar e se julgava incapaz por não conseguir produzir a quantidade de leite que atendesse a demanda do filho.

"Demorou muito tempo para eu conseguir aceitar que meu corpo não estava trabalhando da maneira que eu achei que ele fosse trabalhar".

Esse sentimento de culpa é comum a muitas mulheres que não conseguem dar o peito ao filho e só quem já passou por isso é capaz de entender. Nunca é demais reforçar que não dar de mamar não torna nenhuma mulher menos mãe e que o vínculo é possível e forte mesmo que esse gesto esteja ausente.

A descoberta da relactação e a volta à amamentação

O corpo de Bruna só passou a "trabalhar da maneira que ela imaginou" quando ela procurou ajuda em um banco de leite e descobriu que existia uma técnica que poderia ajudá-la: a relactação.

Além de estimular o vínculo e dar conforto à criança, o procedimento é realizado para que o bebê volte a estimular as glândulas mamárias da mama da mãe e, com isso, ela pode voltar a produzir leite.

A relactação com sonda é orientada por médicos, enfermeiras ou consultoras de amamentação e consiste em oferecer o leite artificial ou o leite materno por meio de uma sonda presa junto ao bico do seio e uma mamadeira, seringa ou copinho.

Bruna não conhecia nem sabia o que era a relactação, mas quando ela descobriu que poderia continuar amamentando com o auxílio de uma sonda e, que isso ainda poderia ajudar na produção do leite, ela aceitou na hora.

A experiência aconteceu na primeira visita ao banco de leite. "Eles colocaram a fórmula em uma seringa, ligaram uma sonda a ela e grudaram a ponta da sonda no meu seio", explicou Bruna.

Dessa maneira, foi possível que Lucca mamasse o leite da mãe e a fórmula ao mesmo tempo. Bruna tratou de aprendeu a preparar tudo direitinho para continuar fazendo em casa.

Embora seja imprescindível orientação de profissionais, a relactação pode ser feita em casa. Para o kit é necessário uma sonda médica fina, um recipiente para o leite e fita adesiva para uso corporal para fixar a pontinha da sonda no bico do seio.

Para Bruna, a relactação foi fundamental tanto para o filho, quanto para ela. "Me ajudou muito psicologicamente e prolongou o tempo de amamentação do Lucca. Se eu não tivesse tentado, meu leite teria secado muito rápido".

"É muito bom ter um filho sugando o seu peito, independente se for com ou sem sonda. Muito melhor do que dar só a mamadeira, ou só no copinho ou na colherzinha dosadora. A relactação faz a gente experimentar o que é de fato a amamentação.

A relactação é um dos caminhos para as mulheres que desejam voltar ou continuar amamentando, mas Bruna ressalta que o procedimento é trabalhoso.

"É um trabalho extra e cansativo. Toda vez que ele começava a chorar, porque tinha fome, eu tinha que deixar ele chorando um pouco para preparar tudo antes de começar a amamentar", revelou Bruna.

Lucca mamou até os 5 meses: "Sem culpa"

A nutricionista abandonou a técnica quando Lucca completou cinco meses, pois ele "percebeu a presença da sonda" e não queria mais mamar, em seguida, o leite dela acabou secando totalmente.

Bruna tentou de tudo para manter a amamentação até os seis meses de vida do filho, mas não foi possível. "Eu estava cansada de tudo aquilo e acho que ele também. Decidi partir para a mamadeira, mas sem culpa, pois fiz tudo o que eu podia".

Mesmo com todas as dificuldades e o trabalho extra para amamentar o filho, ela diz que faria tudo de novo, pois foi a melhor experiência que ela teve depois que se tornou mãe. "A amamentação é a coisa mais prazerosa que eu experimentei na maternidade".

"Eu acho que o vínculo entre mãe e o recém-nascido é criado de uma maneira muito forte com a amamentação, mas ele também se estabelece com a mamadeira. A ligação entre mãe e filho vai muito além do seio".

Hoje, Lucca tem 3 anos e é uma criança muito saudável. Já Bruna, está grávida de seis meses de uma menina. "Espero com todas as minhas forças conseguir amamentar minha segunda filha, mas se não for possível, vou tentar a relactação novamente", finalizou.

É possível voltar a amamentar mesmo depois de o leite secar

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