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Em Curitiba, ideia genial transformou calçadas em horta (e ganhou até prêmio!)

Publicado 30 Jan 2018 – 10:17 AM EST | Atualizado 14 Mar 2018 – 04:56 PM EDT
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O que era uma calçada mal cuidada, praticamente abandonada, até novembro de 2016, hoje é uma iniciativa comunitária que recebeu até um prêmio da Organização das Nações Unidas. A Horta Comunitária de Calçada Cristo Rei ganhou reconhecimento internacional após um ano em ação - período no qual chegou até a ser multada pela prefeitura.

Horta na calçada: pela comunidade e para a comunidade

O certificado emitido pelo projeto UN Food Gardens, promovido pela ONU, afirma que o prêmio dado pela instituição à horta “É o reconhecimento dos esforços notáveis ​​dos membros da Horta Comunitária de Calçada Cristo Rei para promover a agricultura urbana sustentável e contribuir para a segurança alimentar e o bem-estar de sua comunidade”.

E a horta é, realmente, comunitária: quem quiser plantar, traga uma muda e plante; quem quiser colher, pegue sua sacola e coloque nela o que desejar.

O importante é manter em mente que se trata de uma construção coletiva. “É uma ação direta, horizontal e autogestionada. Onde todos tem voz e participam ativamente das decisões. A horta não se limita apenas aos moradores do bairro, todos são bem vindo para colher, plantar, cuidar”, relata Jorge Koch, porta-voz da horta, em depoimento ao VIX.

Como surgiu

A horta nasceu sem qualquer pretensão maior. Um morador do prédio em frente à calçada notou que o espaço estava abandonado e decidiu começar a plantar sementes ali mesmo. Não tardou, mais moradores apareceram para colaborar e rapidamente a horta se tornou coletiva. Mas por pouco ela não acabou nos primeiros meses ainda.

Uma denúncia de falta de limpeza adequada levou a Prefeitura de Curitiba a enviar uma fiscal ao lugar e notificar oficialmente o proprietário do terreno para a retirada da horta - no Brasil inteiro, a responsabilidade legal do cuidado com a calçada é do dono do terreno ou imóvel da qual ela está em frente.

A reação da comunidade foi imediata e com o apoio do proprietário do terreno fizeram um mutirão de ações na horta e de pedidos diretos para a revisão da notificação na Secretaria de Urbanismo da cidade. Deu certo: embora o decreto municipal n° 1066, de 2006, exigisse que a calçada só pudesse ter grama em sua vegetação, a prefeitura permitiu que a horta seguisse.

Em dezembro de 2017 veio o reconhecimento definitivo com o certificado emitido pela ONU e a horta pode começar a se expandir para novas calçadas. “A horta ganhou uma visibilidade muito grande, além de estar inserida num coletivo mais geral de agricultura urbana da cidade, com capacidade de mobilização de convocar mutirões”, relata Jorge. Hoje, são quase 50 pessoas envolvidas diretamente na horta e cerca de 1 mil apoiadores.

Como funciona?

“O objetivo da horta é cultivar alimentos e potencializar o ocupação positiva dos espaços públicos, com base comunitária”, explica o porta-voz da iniciativa. O exemplo da comunidade de Cristo Rei já inspira outros bairros curitibanos a desenvolverem projetos com o mesmo modelo.

Trata-se de uma horta realmente aberta à comunidade: os alimentos ficam disponíveis para quem quiser coletar, na hora que quiser coletar, diretamente do pé. Claro, é preciso contar com o bom senso de todos: cada um pega o que for suficiente para si e de modo que não comprometa o crescimento da planta.

Entre os apoiadores há vários níveis diferentes de participação: um grupo cuida da horta, outro grupo planta as sementes, mais uma equipe colhe as mudas e assim por diante. “Todos se beneficiam”, conclui Jorge.

O que se planta na horta?

De tudo um pouco. Basta que os apoiadores levem sementes que a espécie será plantada na terra. Mas, além de plantas convencionais, como boldo, couve, alecrim, inhame, gengibre, batata-doce e até morango, o foco são as chamadas PANCs (plantas alimentícias não convencionais).

“As PANCs nascem de forma espontânea, sem que haja a necessidade de plantá-las. E por falta de conhecimento das pessoas, são geralmente eliminadas da horta mas que possuem grande valor nutritivo”, explica Jorge.

A lista das PANCs é extensa. Veja algumas (que podem até ser úteis para uma hortinha doméstica): ora-pró-nobis, nabo forrageiro, almeirão roxo, bertalha-coração, dente-de-leão, peixinho da horta, tomate japonês, guasca, moringa, melão-croá, araruta, azedinha, mitsuba, tanchagem e capuchinha.

Iniciativas sustentáveis

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