null: nullpx
fb_ia-Mulher

Inspiração olímpica: pior tempo da história dos Jogos, nadador africano é exemplo até hoje

Publicado 10 Ago 2016 – 07:57 PM EDT | Atualizado 14 Mar 2018 – 09:30 AM EDT
Compartilhar

Eric Moussambani é da Guiné-Equatorial e foi aos Jogos Olímpicos de Sidney, em 2000, sem nunca ter disputado uma competição sequer e tendo treinando natação há apenas quatro meses. A falta de experiência fez com que ele não conseguisse uma boa colocação na prova, mas sua garra conquistou a torcida e fez com que ele se tornasse um herói olímpico.

Em entrevista ao programa Globo Esporte, da TV Globo, Moussambani revelou que nem sequer pensava em ser nadador. Tudo começou quando ele ouviu um anúncio no rádio que dizia que o Comitê Olímpico de seu país estava à procura de nadadores porque havia recebido um convite do Comitê Olímpico Internacional (COI). O convite foi oferecido a nações que precisavam ganhar experiência na natação.

“Eu fui o único que apareci pra fazer a inscrição. Eu e uma menina, Paula Barila. Como fomos os únicos que apareceram, nos disseram que iríamos competir nas Olimpíadas e que começássemos a treinar”, relembrou sobre a candidatura que aconteceu só quatro meses antes dos jogos.

História de superação

Moussambani começou pedindo para um pescador ensiná-lo a nadar e depois começou a treinar sozinho e de favor em um hotel das 5 às 6 da manhã, porque era o horário em que não tinha hóspedes na piscina.

O medo bateu quando ele chegou à Austrália e viu o tamanho da piscina olímpica. Pensou em desistir, mas decidiu que o melhor a fazer era observar os outros atletas competindo e as orientações que recebiam de seus técnicos.

Recebeu emprestado do treinador da África do Sul uma sunga e um óculos de natação e com ele aprendeu a fazer a virada na borda da piscina.  Na hora da prova, saltou e começou a nadar com força, mas na volta sentiu o cansaço bater - e não sabia mais como deveria respirar. Ele teve que reunir forças e, com o apoio da plateia, conseguiu terminar a prova.

Herói olímpico

“Cheguei! Ali eu me sentia forte, sentia alívio, orgulho do meu esforço. Uau, consegui completar os cem e competir nos Jogos Olímpicos”, contou sobre o que sentiu ao conseguir concluir a prova. 

O ganhador da prova percorreu os 100 metros em 47s84. Já Moussambani precisou de 1m52s72 para terminar o percurso e chegou em último. “Quero agradecer à torcida por ter me incentivado. Porque, se não fossem eles, não teria conseguido”, falou, 16 anos depois, sobre a importância que o apoio da torcida teve para o seu feito.

A repercussão do que aconteceu foi muito grande e continuou no dia seguinte à competição. “Lembro que quando fui ao refeitório todos queriam tirar foto comigo e eu não conseguia entender. Até que vi uma foto minha no refeitório e dizia assim: ‘Herói olímpico’”.

Vitória pessoal

Além de ter sido uma vitória pessoal, a participação de Moussambani na Olimpíada também contribui para o desenvolvimento da natação na África. Isso porque foi depois deste feito que a Federação Internacional de Natação reservou um fundo especial voltado para o desenvolvimento do esporte. O dinheiro deste fundo é voltado para o financiamento de novos treinadores e bolsas para jovens atletas.

A Olimpíada de Sidney foi a primeira e única em que Moussambani competiu. Atualmente, ele é engenheiro de informática e treinador da seleção de natação da Guiné-Equatorial. 

O africano ficou bem longe do ouro em 2000, mas sua história é vista até hoje como um marco, mesmo não sendo o único exemplo de superação. 

A judoca brasileira Rafaela Silva também precisou se superar para chegar as Olimpíadas Rio 2016. Ela enfrentou o racismo, o preconceito, venceu a depressão e coroou a sua volta por cima com uma medalha de ouro. 

Maiores aflições das Olimpíadas: Fraturas, tombos e outros momentos angustiantes

Compartilhar

Mais conteúdo de interesse