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Jovem cria universo de super-heroínas e leva representatividade aos quadrinhos

Publicado 23 Ago 2017 – 06:00 AM EDT | Atualizado 15 Mar 2018 – 03:01 PM EDT
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Batman, Superman, Capitão América, Homem-Aranha. Não é difícil listar uma boa quantidade de heróis superfamosos dos quadrinhos, mas será que você também consegue nomear as heroínas? E, fora a Mulher-Maravilha, alguma que seja protagonista e não só coadjuvante?

Para reverter esse quadro e abrir espaço para quem quase nunca tem muita atenção na cultura pop, a norte-americana Jazmin Truesdale decidiu criar seu próprio universo de super-heroínas nos quadrinhos e tem se destacado como empresária nesse área.

Representatividade nos quadrinhos

Nascida na Carolina do Norte, Estados Unidos, Jazmin tem 29 anos e hoje lidera a Aza Comics, além de ter sua própria consultoria, focada em ajudar jovens a construírem carreira nas áreas de artes, tecnologia e ciência. Assim, a empresária juntou a paixão pelas HQs à vontade de criar seu próprio negócio para construir um projeto original.

Aza Comics

“Eu estava criando um videogame para uma empresa quando comecei a notar que os personagens que eu estava construindo eram super-heróis e isso me fez voltar aos quadrinhos. Mas percebi que as histórias praticamente não haviam mudado desde que eu era adolescente”, contou Jazmin ao VIX.

Influenciada pelo pai na infância, Jazmin começou a se interessar pelo universo dos super-heróis tanto no cinema, quanto nos quadrinhos. Mas apesar de ser fã da Mulher-Maravilha, não encontrar muita identificação a fez deixar essa leitura de lado. “Quando era criança, lógico, não notava essas questões relacionadas à cor da minha pele e outras coisas, mas fui crescendo e me incomodando cada vez mais, até parar de ler”, conta.

Assim, a ideia de criar novas personagens começou a tomar forma. “Existiam pouquíssimas personagens negras e eu não gostava da forma como as companhias tratavam as personagens femininas em geral em termos de marketing e visibilidade. Hoje, é fácil achar produtos da Mulher-Maravilha em qualquer lugar, mas há 3 anos não era”, conta.

Sexismo nos quadrinhos

Quando os super-heróis e suas histórias em quadrinhos começaram a se popularizar, entre as décadas de 1940 e 1950, o produto era destinado ao público masculino e, claro, priorizava figuras másculas, em detrimento de mulheres, que apareciam mais como parte dos romances e símbolos sexuais para os heróis.

Muitos anos depois, o cenário começa a dar seus primeiros passos para mudar, a exemplo do investimento em “Mulher-Maravilha”, que é símbolo para mulheres no entretenimento. E o universo criado por Truesdale ajuda nessa missão.

Super-heroínas multiculturais

Assim, Jazmin começou a desenvolver um grupo de heroínas que inclui diversas culturas pouco representadas no entretenimento. “Eu poderia facilmente construir um time de heroínas negras, mas queria que todos os meus amigos também pudessem se identificar com os personagens”, explicou.

De acordo com a empresária, o contato com pessoas de outras culturas e etnias sempre foi importante e presente em sua vida e a partir daí surgiram as primeiras ideias. “Comecei a pesquisar e percebi que muitas das dificuldades que mulheres enfrentam ao redor do mundo são exatamente as mesmas. Com isso, consegui desenvolver um laço que une minhas personagens”, disse.

Assim, foi criada a série “The Keepers”: na história, um grupo de heroínas vêm ao planeta Terra se juntar aos seres humanos e salvá-los da destruição. No primeiro volume, “Origins”, Jazmin conta de onde vêm as heroínas.

Assim, somos introduzidos a um grupo de super-humanas formado por Amaya, Kala, Ixchel, Adanna e Fenna, com habilidades e poderes especiais que precisam se unir para enfrentar uma grande ameaça.

Jazmin conta que durante a concepção das personagens e da história, conversou com grupos de mulheres de culturas diferentes. “Testei as personagens com pessoas que faziam parte de seu grupo étnico. Mostrei Adanna, por exemplo, a um grupo de indianas para poder construir uma aparência física condizente”, conta.

Com um time de 8 pessoas, incluindo o ilustrador Romero Colston, responsável pelo visual da HQ, Jazmin já começou a vender a HQ em versão digital e impressa. E com isso, claro, também vêm os desafios.

“É difícil trabalhar no marketing da Aza Comics porque não nos encaixamos bem em fórmulas que já existem. Preciso me esforçar para criar um plano criativo, aprender a comercializar, imprimir e distribuir”, conta.

Jazmin quer chegar ao mercado para competir com grandes editoras e, apesar das dificuldades, o momento parece propício e a representatividade começa a ganhar força.

“Super-heróis são o ápice do empoderamento e eu queria criar algo em que as mulheres pudessem se inspirar. Quero que as heroínas da Aza tenham o mesmo nível de qualidade, propaganda e visibilidade dos personagens masculinos que gostamos. Nós merecemos”, pontua.

Mulheres na cultura pop

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