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Ela venceu a compulsão, perdeu 40 kg sem passar fome e hoje inspira milhares na web

Publicado 2 Jul 2019 – 10:22 AM EDT | Atualizado 2 Jul 2019 – 10:26 AM EDT
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Mesmo quando há necessidade devido a problemas de saúde causados pela obesidade ou mesmo uma vontade muito grande, emagrecer não é algo que pode se considerar fácil. Além de mudanças de hábito serem complicadas, há também o fato de que não é nada raro encontrar quem sofre de ansiedade e compulsão alimentar – caso, por exemplo, de Eloisa Helena.

Após uma gravidez conturbada que desencadeou episódios de compulsão alimentar, Eloisa, que sempre fora magra, se viu passando dos 100 kg e sem o menor controle sobre seus hábitos alimentares, fatores que quase a levaram à morte. Durante os quatro anos que se seguiram, porém, ela decidiu mudar seu dia a dia e perdeu cerca de 40 kg sem ficar com fome nem deixar de comer o que gosta.

Gravidez, ansiedade e ganho de peso

Conforme o bebê cresce dentro da mãe, é natural que ela ganhe peso – cerca de 2 kg no primeiro trimestre e em média 1,5 kg a cada um dos meses seguintes –, mas, quando engravidou de seu primeiro filho, Eloisa engordou muito mais do que o esperado. Mesmo tendo vivido a juventude com o peso ideal para seu biótipo, uma notícia ruim durante a gestação trouxe um ganho de peso desenfreado.

“O médico falou que eu estava grávida de um higroma cístico e que eu viria a ter um aborto, daí me desencadeou ansiedade, compulsão alimentar e depressão. Foi uma gravidez bem difícil, psicologicamente”, afirma Eloisa, destacando que o médico chegou inclusive a afirmar que, caso ela não abortasse espontaneamente, deveria buscar um procedimento para fazê-lo. A constatação, porém, estava errada.

Algum tempo depois, durante um ultrassom morfológico, Eloisa descobriu que, na realidade, seu bebê tinha Síndrome de Down e se desenvolveria de maneira saudável. Isso, porém, não freou suas compulsões, e ela terminou a gestação pesando 109 kg (com 1,75 m de altura). E, após o nascimento, mais uma luta: como seu filho tinha uma condição cardíaca, Eloisa conta que ele teve de ser operado aos seis meses de vida.

“Até operar, foi mais um período de ansiedade, então eu ganhei ele, emagreci um pouco após o parto porque amamentei, mas como já estava desencadeada a minha compulsão e a ansiedade, eu só comia, comia e comia”, explica, afirmando que, mesmo antes da gravidez, já tinha uma alimentação desregrada, rica em comida gordurosa, tudo isso associado a maus hábitos de saúde como o tabagismo.

“Bebia refrigerante todo dia, fazia lanche, comia besteira, não comia nada de fruta e de verdura, não tinha o hábito. Isso veio de infância, minha mãe não me deu esse hábito, acho que pelas poucas condições financeiras. A alimentação era o básico do básico, a gente tinha pouco acesso a frutas, verduras, e eu achava que não gostava porque não tinha a oportunidade de experimentar”, relembra.

Mesmo perdendo algum peso com a amamentação, Eloisa seguiu engordando e, quando seu primeiro filho tinha cerca de um ano e meio, ela já havia recuperado todo esse peso, superando a marca que bateu no fim da gravidez e chegando aos 111 kg. Nesse momento, ela engravidou novamente, e engordou mais 6 kg ao longo da segunda gestação.

Consequências da obesidade

Até dar à luz sua segunda filha, Eloisa conta que não dava tanta importância à questão do peso, mas que tudo mudou quando a menina tinha cerca de seis meses e ela, além de não ter mais roupas para vestir além de calças legging muito finas e vestidos que serviam de batas, começou a desenvolver um grave problema de saúde.

Conforme conta, ela passou a sentir dores de estômago constantes e, após ter um mal-estar muito grande na rua, acabou indo para o hospital e sendo diagnosticada com uma crise relacionada a pedras na vesícula. “Já estava com início de pancreatite aguda, porque as pedras da vesícula foram para o canal do pâncreas. Me deu uma crise forte, fui internada e fiquei 45 dias lá”, relata.

Com um prognóstico bem negativo, Eloisa conta que perdeu a mãe enquanto estava internada, e tudo isso somado ao fato de que ela não podia ver ou cuidar dos filhos com a frequência que gostaria fez com que ela passasse a se arrepender de não ter cuidado de seus hábitos antes de eles ocasionarem uma situação tão extrema.

“Eu só podia vê-los uma vez por semana por um período de 40 minutos. Sofri muito, tive muito tempo para pensar no que a má alimentação estava me causando, a dor que estava me gerando além da física”, diz, afirmando que, após finalmente melhorar e conseguir operar a vesícula, ela voltou para casa com a vontade de mudar seus hábitos – algo que não seria nada fácil.

Reviravolta e emagrecimento

Apesar de ter perdido algum peso no hospital, Eloisa ainda lidava com a compulsão e a ansiedade, que foram, inclusive, intensificadas pelo quadro de saúde e o falecimento da mãe. “Eu mudei um pouco, mas não totalmente, aí voltei a engordar. A minha vida virou em junho de 2015”, afirma, revelando que foi por conta de um comentário do marido que ela decidiu ficar mais firme nas mudanças.

Conforme conta, tudo aconteceu quando ela estava em uma padaria com a família e quis pedir dez pastéis. Segundo ela, eles eram pequenos e não era um absurdo tão grande pedir dez deles, mas seu marido decidiu apontar a relação entre o “exagero” e o sobrepeso de Eloisa. “Meu marido é muito brincalhão, chega a ser chato, mas, embora eu conheça o jeito dele, aquilo foi uma facada”, explica.

Após a situação, Eloisa voltou para a casa, comeu os pastéis e então tomou sua decisão; aos 107 kg, ela tirou fotos de como seu corpo estava na época e decidiu mudar de vez seus hábitos alimentares. Ciente de que dietas restritivas - que ela inclusive já havia testado após dar à luz seu primeiro filho - não eram uma boa opção para si, ela apostou em uma reeducação, deixando de lado alguns alimentos e fazendo substituições saudáveis.

“Eu não gostava de salada, mas temperava bastante com limão, vinagre, um salzinho, tempero natural para mascarar o sabor. Comecei a me alimentar com mais frequência, de três em três horas. Cortei fritura, doces [tradicionais], comecei a investir em receitinhas saudáveis, bolos saudáveis”, enumera ela, contando que, ao deixar de lado alimentos extremamente gordurosos e em grandes quantidades, seu corpo reagiu rapidamente e ela perdeu 10 kg em um mês.

Motivada pelos resultados, ela continuou seguindo uma alimentação mais saudável e, após emagrecer cerca de 18 kg em alguns meses, decidiu começar também a praticar atividades físicas. Como seus filhos eram muito pequenos e ela não tinha condições de pagar uma academia, Eloisa passou a se exercitar em casa, apostando em uma modalidade bastante eficiente para queimar gordura rapidamente: o HIIT.

“O HIIT é o tipo de exercício que tu faz com o peso do próprio corpo, e eu fazia de forma moderada”, diz ela, ressaltando que cada “sessão” de HIIT levava de 20 a 30 minutos e que ela acompanhava tutoriais no YouTube para praticar a atividade. Mantendo essa nova rotina, Eloisa conseguiu eliminar 40 kg em oito meses.

Conforme começou a compartilhar sua história de emagrecimento no Instagram, Eloisa ganhou milhares de seguidores em seu perfil e, eventualmente, passou a trabalhar com o assunto, criando um projeto de emagrecimento no qual atua como coach. Em seus posts motivacionais, ela fala sobre exercícios, alimentação, autoestima e também sobre a cirurgia plástica que fez após perder todo o peso para retirar excesso de pele.

Julgada por ter passado pelo procedimento, Eloisa lembra que a plástica não invalida seu processo - e, ao contrário do que muita gente pensa, não ajuda a emagrecer. "Abdominoplastia não emagrece! Ela retira pele flácida que sobra de quem já emagreceu. Então quando me perguntam se emagreci só com dieta, a resposta será sempre sim! Porque a plástica só veio após dois anos e meio de luta", escreveu ela em uma publicação.

Hábitos atuais e dicas

Em sua jornada para perder peso e se tornar mais saudável, Eloisa afirma que chegou a ficar um pouco obcecada com o emagrecimento - e a se culpar por algumas refeições que fazia. “Se eu comia alguma coisinha fora da dieta, já me sentia culpada e colocava na minha cabeça que aquilo estava fazendo mal para mim. Como estava fazendo mal para mim, eu ia no banheiro vomitar”, conta ela, que, na época, estava com 71 kg.

Ao ter contato com influencers que falavam sobre esse assunto, Eloisa percebeu que não estava bem e passou a equilibrar cada vez mais sua vida. Atualmente, ela afirma seguir uma alimentação do tipo paleo - que consiste em ingerir uma boa quantidade de proteínas, vegetais, legumes e oleaginosas - e não passa vontade quando quer comer algo que “não entra na dieta”.

“Hoje em dia eu não me privo de mais nada; se estou com vontade de comer e vale a pena o comer, eu como. Se vejo que a coisa é muito gostosa, que estou em uma situação especial, em um passeio ou evento, não me privo mais. Hoje minha regra é a alimentação saudável e a exceção são os momentos que deixo para comer algo que gosto. O equilíbrio é o carro chefe”, afirma ela.

Além de aconselhar a busca por esse equilíbrio, Eloisa também afirma que é importante identificar seus gatilhos - especialmente para quem tem, como ela teve, compulsão alimentar. “Um dos meus era a balança. Toda vez que subia nela, se não estava no peso que queria, me causava compulsão e ansiedade”, afirma, ressaltando que, após aprender que a balança não mede apenas gordura e o peso pode oscilar, abandonou o ato de se pesar.

Ainda que saiba a quantidade de peso que perdeu ao começar o processo de emagrecimento, hoje em dia Eloisa mantém a forma observando suas roupas. “Estou física e emocionalmente contente, usando manequim 40, 42. Lá atrás, quando comecei, idealizava chegar no 44, 42, entrar em roupas que tinha antes de engravidar. Hoje, elas estão largas”, afirma.

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