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Mesmo comendo doce e carboidrato, estas mulheres emagreceram: ‘truque’ é o mesmo

Publicado 22 Out 2018 – 03:03 PM EDT | Atualizado 22 Out 2018 – 03:03 PM EDT
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Emagrecer, para muitos, não é um processo nada fácil, e essa dificuldade faz boa parte das pessoas achar que, para perder peso, é necessário cortar diversos alimentos do cardápio – e o pior: nunca mais chegar perto deles.

Ao mesmo tempo em que dietas restritivas e técnicas drásticas como o jejum intermitente estão em alta, porém, é crescente o número de adeptos da reeducação alimentar, que mostram como restrições podem dificultar o processo e como é possível manter o peso sem deixar de lado aquela pizza no final de semana.

Obsessão com dieta e ganho de peso

Quando chegou aos 15 anos de idade, Amanda Panza começou a se sentir insatisfeita com o próprio corpo. Na época, ela pesava 55 kg e queria muito engordar, então começou a comer em grandes quantidades e sem critérios em uma tentativa de “ganhar corpo”.

“Eu fui desenvolvendo ansiedade e comia sem controle. Eu comia de dois a três pães franceses, na hora do almoço sempre repetia, era um pratão de comida, mas sempre repetia. À tarde, muitas vezes ficava sem comer, mas na janta comia o dobro”, conta Amanda, ressaltando que, além de comer muito, fazia escolhas bastante calóricas com muita frequência.

Ao perder o controle da alimentação, ela não demorou muito para chegar aos 80 kg e voltar a se sentir desconfortável com o corpo. Decidida a emagrecer e tendo em mente a ideia de que, para isso, é preciso “fechar a boca”, ela se matriculou em uma academia ao mesmo tempo em que adotou uma alimentação restritiva.

“Eu comia bem pouquinho mesmo. Cortei arroz, cortei feijão, era folha e proteína no almoço e na janta. Às vezes, fazia até jejum, chegava da academia e não comia, ou batia um suco verde e achava que estava arrasando”, diz ela, que, nessa época, conseguiu perder cerca de 10 kg.

Mesmo mais magra, porém, Amanda estava infeliz com o estilo de vida. “Eu desanimei porque, na minha cabeça, não poderia nunca mais comer ‘porcaria’. Nunca mais eu poderia comer um chocolate, comer um arroz com feijão...”, conta. Em meio a esse desânimo, ela desistiu do processo e voltou a engordar.

Alimentação saudável não precisa excluir prazeres

Após passar um período em efeito sanfona constante, Amanda decidiu procurar ajuda especializada e, no final de 2015, foi pela primeira vez à nutricionista que a acompanha até hoje. Apesar de surpresa com o fato de que a dieta prescrita pela especialista não era nem um pouco restritiva, Amanda passou a seguir o cardápio da nutricionista – e se surpreendeu com os resultados.

“Fui perdendo peso aos poucos. Meu processo de emagrecimento não foi radical, não passei fome, sempre comi carboidrato no almoço e no jantar, nunca precisei cortar”, diz, admitindo que, apesar de tentar ficar longe do churrasco e da cerveja do fim de semana, sempre se permitiu matar as vontades.

“Antes eu via os alimentos como proibidos, e a gente não pode ver um alimento como proibido. Tudo a gente pode, tem que comer de tudo um pouquinho, de forma consciente”, explica. Hoje, 17 kg mais magra e com o percentual de gordura em 17%, Amanda se encontrou nos exercícios físicos e não tem dificuldade de manter o corpo mesmo sem fazer restrições alimentares.

“Eu costumo comer ‘regradinha’, mas, se tem alguma festa durante a semana, não levo marmita, não sou paranoica, como o que tem. Aprendi a me policiar”, afirma. Ela ainda acredita que “comida de verdade não engorda ninguém” e adota uma dieta balanceada com carboidratos integrais (pão, arroz, macarrão, etc.), feijão, proteínas, legumes e verduras – mas sem dispensar a pizza e o brigadeiro ocasionais.

“Continuo comendo tudo o que gosto quando tenho vontade. Não como doce ‘fit’ na TPM, quando estou com vontade de comer um doce, como doce de verdade, só não dou mais prioridade para isso. Não vai fazer diferença, a gente não vai engordar por causa disso”, comenta.

Ela também se posiciona contra o “terrorismo nutricional” promovido nas redes sociais. “As pessoas acompanham essas blogueiras, veem que elas vão a festas e levam marmitas, que negam doce, abominam pizza... Aí todo mundo entra em parafuso! A gente é de carne e osso. Temos de dar prioridade para a saúde e comer a comida que a gente gosta”, defende.

Das dietas restritivas aos transtornos alimentares

Apesar de não envolver um processo de emagrecimento tão drástico, a história de Fernanda de La Corte mostra que dietas restritivas realmente podem não ser o melhor caminho para perder peso ou mantê-lo. Como sempre foi magra, a jovem conta que não tinha regras para comer quando era mais nova, e se viu desesperada ao engordar 10 kg por efeito colateral de um remédio.

Ela comenta que, apesar de saber que não podia se considerar uma pessoa com sobrepeso, se sentia desconfortável com o corpo e recorreu a dietas restritivas e à academia, mas não teve sucesso. O descontentamento piorou ainda mais quando, após sua viagem de formatura em 2013, ela não conseguiu retomar a rotina alimentar restrita que estava levando até então.

“Comecei a engordar mais e mais. Acabei pesando uns 72 kg nesse momento e me assustei muito porque sempre tive 56, 54 kg, aí resolvi fazer uma dieta e voltar para a academia”, conta ela. Apostando na dieta cetogênica, ela passou por um período de oscilação do peso até deixar de tomar remédio e finalmente conseguir emagrecer.

Nessa época, porém, Fernanda começou a estudar para ingressar na faculdade de medicina e a se isolar do mundo. “Eu comecei a me privar de tudo, de sair, de churrasco de família, de cinema... Não me dava nenhum lazer, nenhum prazer, só ficava enfurnada no quarto estudando”, conta.

Estressada com os estudos, a jovem passou a descontar as emoções na comida; em uma ocasião, ela detonou uma quantidade de chocolate que descreve como “absurda” e, em seguida, tomou uma atitude drástica. Com medo de voltar a engordar como já havia acontecido antes e ainda com a ideia de que manter o peso requer sacrifícios, decidiu forçar o vômito.

Por meses, ela viveu regurgitando tudo o que comia compulsivamente e, mesmo quando passou a ser acompanhada por uma nutricionista e conseguiu deixar o hábito de lado, ainda tentava “compensar” o que comia fazendo exercícios físicos em exagero e jejum prolongado.

“Eu já cheguei a ficar 72 horas em jejum, só que não funcionava, né?”, comenta, ressaltando que, após comer exageradamente, era tomada por culpa e chegava a ficar dias sem tomar banho para não precisar ver o próprio corpo. Nessa época, como não “compensava” o excesso de comida, voltou a engordar e chegou aos 75 kg.

Além disso, ela também desistiu da medicina e decidiu cursar nutrição imaginando que, ao fazer isso, se manteria magra. “Pensava: ’Sempre vou ter de estar magra porque toda nutricionista tem de ser magra; sempre vou me forçar a seguir dieta, vou passar o resto da vida cuidando do meu corpo’”, comenta.

Após iniciar tratamento psicológico e tomar remédios para controlar o apetite e a depressão que havia desenvolvido, Fernanda entrou em um período de altos e baixos até finalmente receber alta no início de 2018. Durante o processo de cura (e emagrecimento, já que, hoje, pesa em torno dos 64 kg), ela passou a entender como realmente deveria se alimentar para manter o peso e criou até uma conta no Instagram para mostrar que restrição não é o caminho.

Comer de tudo - e só quando há fome - é a saída

Conforme explica a jovem, sua rotina alimentar atual é “basicona” e ela come o que é preparado pela mãe. “Arroz, feijão, guisado, moranga... É uma alimentação normal, cotidiana de brasileiro”, diz, ressaltando que não gosta de ficar mais de quatro horas sem comer para não ingerir mais que o necessário na refeição seguinte.

Ela também diz optar por uma alimentação intuitiva, ou seja, prestando bastante atenção a quando realmente precisa se alimentar e a quando já está satisfeita. Além disso, ela não deixa de matar as vontades. “Se estou muito a fim de um doce, eu como, seja segunda, terça, quarta, tanto faz. Na semana de TPM, como muito mais. Como de tudo!”, afirma.

Além da alimentação balanceada e irrestrita e de atentar para a saciedade do corpo, Fernanda conta que também vai à academia. “Mas nada de obrigação, tirei essa palavra da minha vida. Agora, eu faço as coisas pelo meu bem-estar, pelo bem da minha saúde e com prazer”, conclui.

Emagrecimento saudável

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