Como pessoas estão conseguindo emagrecer definitivamente com a ajuda do WhatsApp

Além da troca de mensagens com amigos, familiares, namorados e afins, o WhatsApp parece ter caído também nas graças de quem busca perder peso. Isso mesmo: o aplicativo de mensagens é uma das ferramentas usadas por programas de emagrecimento para ajudar quem precisar reduzir medidas.

Mas será que o WhatsApp é uma estratégia de emagrecimento eficiente (e segura) para a perda de peso?

O VIX conversou com duas consultorias de emagrecimento e órgãos de nutrição e educação física para saber como o aplicativo pode ajudar quem busca transformar o corpo e que tipos de cuidados cada um de nós deve manter na hora de usar a ferramenta com este objetivo.

WhatsApp para emagrecer: como funciona

De modo geral, os grupos de emagrecimento no WhatsApp são usados com três finalidades: monitorar e esclarecer eventuais dúvidas que o cliente tenha ao longo do processo; motivar os participantes; e permitir a troca de experiências entre pessoas que estão na mesma jornada de emagrecimento.

Monitoramento

O método "Afine-se" é um dos que usam o recurso de mensagem instantânea. O programa consiste em uma estratégia supervisionada para a perda de peso baseada na mudança de hábitos e padrões mentais a partir do pilar unido na sigla REMM (Repetição, Educação, Monitoramento Contínuo e Motivação).

Para isso, o cliente é orientado por uma equipe multidisciplinar, que inclui psicólogos, preparadores físicos e nutricionistas atuando como coaches ao longo do processo, que começa com uma avaliação presencial na sede do programa.

“Não são oferecidas dietas: nós proporcionamos uma reeducação alimentar, porque depois que a pessoa entra para a dieta restritiva, a probabilidade de voltar ao peso original é muito grande. Por isso atuamos na conscientização, na orientação”, explica Mariane De Chiara, uma das criadoras do Afine-se.

De acordo com ela, o WhatsApp entra no programa em um segundo momento, como um espaço em que o paciente é supervisionado sobre seus hábitos do dia a dia. "No grupo, ele é monitorado: tira foto do café, do almoço, do jantar e recebe motivações do coach de emagrecimento", diz Mariane.

"Com isso, o indivíduo passa a ter disciplina e motivação, porque, quando ele não está sozinho na dieta, quando tem outras pessoas no mesmo processo, a jornada torna-se mais prazerosa", conta a criadora do projeto.

Motivação

Outra forma de utilizar o WhatsApp encontrado pelas consultorias de emagrecimento é o uso da ferramenta para a distribuição de conteúdos relevantes para educar e motivar os participantes.

É o caso do programa Ludmila Marques, consultoria de emagrecimento que leva o nome de sua fundadora e tem a empresária como a coach que trabalha com seus clientes para que o objetivo seja atingido.

A proposta do programa de Ludmila é ajudar o cliente a emagrecer por meio da programação da mente. "Todo mundo sabe que não pode comer um chocolate inteiro. Mas o que faz a pessoa comer um bolo inteiro? A gente identifica isso. O grande lance não é emagrecer, mas permanecer magro", diz a profissional.

Assim, ela afirma que o plano não consiste em indicação de cardápios ou mudanças alimentares, mas sim em fornecer um suporte de motivação e fortalecimento mental para que o objetivo da perda de peso seja alcançado. "As Gêmeas Low Carb são parceiras e dão dicas sobre esta forma de alimentação, falam do que se trata, mas não passam dieta", garante.

Em seu atendimento, a consultoria online tem papel central. É através de e-mails, grupos de discussão no Facebook e listas de transmissão de conteúdos no WhatsApp que ela assessora os clientes na jornada de mudanças de hábitos.

No app de mensagens instantâneas, por exemplo, são enviados textos motivacionais, exercícios mentais para mudança de comportamento e até vídeos encorajadores.

"Se eu tenho hábito de devorar a geladeira, há exercícios que ajudam a mudar esse tipo de comportamento. São estes tipos de treinos mentais, feitos com ferramentas de coaching, que compartilhamos", explica

Troca de experiências

O WhatsApp também se torna aliado ao promover a troca de experiências entre as pessoas que estão convivendo diariamente por meio do aplicativo. Alguns programas criam grupos no app em que participam clientes e consultores.

Neles, são postadas fotos, dúvidas e até dificuldades pessoais que cada um enfrenta em sua jornada - uma interação que ajuda os participantes a enfrentar os obstáculos que vão surgindo no caminho e se manter focados.

Por que funciona?

Para as consultorias entrevistadas pelo VIX, o uso do WhatsApp é uma estratégia benéfica para seus clientes uma vez que a ferramenta os auxilia no processo de mudança de comportamento. “O problema não é a comida. É preciso tratar outras coisas para que, consequentemente, a pessoa emagreça. Com qualquer dieta restritiva é possível perder peso. Continuar magro, aí é que são elas”, afirma Ludmila Marques.

Por isso, na opinião de Mariane, o Whats se torna uma ferramenta transformadora - e, principalmente, motivadora: “Se a pessoa não tomava café da manhã antes e passa a postar a foto no grupo de WhatsApp todo dia, isso se torna um hábito.”

Caso real: menos 52 kg em 4 meses

Encontrar motivação para seguir em seu processo de emagrecimento foi o que aconteceu com a funcionária pública Waleria Miranda. Depois de certa relutância, a moradora de Guanhães (MG) aceitou o convite da irmã e dirigiu-se a uma consulta do programa Afine-se.

Logo após a primeira avaliação, Waleria foi adicionada ao grupo de WhatsApp junto a outros clientes da consultoria de emagrecimento. A princípio, a mineira sentiu-se tímida e pensou que não conseguiria atingir seu principal objetivo: reduzir peso.

Porém, o compartilhamento de informações e troca de experiências proporcionada pelo grupo serviu de estímulo para que Waleria alcançasse sua meta.

“Eu comecei a interagir pelo grupo, a fazer amizades. Eu fui tão bem recebida. Comecei a postar lanche, almoço e jantar. É assim: tiro a foto, posto no grupo e a Vivi [a coach] vê quando eu estou comendo muito de um determinado alimento, sempre me orientando”, conta Waleria, que no passado já havia cogitado realizar uma cirurgia bariátrica para perder peso.

Ela continua: “Sabe qual é a diferença entre fazer dieta sozinha e com acompanhamento? É o apoio. Quando eu fazia dieta sozinha, eu já tinha conseguido emagrecer 30 kg. Mas quando chegava o primeiro problema, eu pensava: ‘Estou sozinha mesmo’ e me entregava. Hoje, graças a Deus, se eu sair da dieta, eu tenho suporte para voltar. E esse suporte é o grupo.”

Em quatro meses, Waleria conta ter reduzido 52 kg a partir de mudanças feitas na alimentação. “Eu comecei a tirar o açúcar da dieta, adicionei mais verduras e legumes. Como também batata, inhame e mandioca. Sobre carnes, tanto as brancas quanto vermelhas. Antes eu comia muito pão, hoje eu como torrada ou pão integral”, conta a funcionária pública.

Atividades físicas não participaram do processo de emagrecimento de Waleria por conta de seu sobrepeso na ocasião. “Como eu estava tão pesada, optamos por primeiro não realizar exercícios. Mas estou na fase de fazer atividade física”, diz.

Cuidados ao usar o WhatsApp para emagrecer

Apesar de servir como um grande auxílio ao processo de emagrecimento, o WhatsApp jamais pode substituir a consulta presencial com o médico, nutricionista ou educador físico. O app pode somente servir como ferramenta de apoio.

O que dizem os órgãos oficiais?

Segundo o Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), é ilegal que a consultoria realize avaliação física do paciente de forma online, seja via mensagem, e-mail ou chamada de vídeo, bem como prescreva cardápios ou treinos por estes meios. “Nenhum nutricionista deve orientar planos alimentares pela internet, por exemplo. Não há regras nem regulamentação nesse sentido, seja por mídia social, e-mail, vídeo ou qualquer plataforma digital e aplicativo”, reitera o conselho.

Segundo a porta-voz da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição Lara Natacci, o WhatsApp ou o próprio e-mail não substituem o contato presencial, método importante para o trabalho do especialista. "É neste momento que são avaliados os sintomas, os aspectos clínicos. Tampouco é reconhecido o atendimento à distância. Pode haver acompanhamento, não um atendimento”, diz a nutricionista, que também atua na área de coaching.

Já o coordenador do Conselho Federal de Educação Física (Confef) Walfrido Amaral afirma que, embora não haja regulamentação que impeça a consultoria online, o órgão incentiva que o atendimento seja presencial. "Só assim pode-se fazer uma avaliação profunda da capacidade de cada pessoa, do estágio de condicionamento, da execução correta dos exercícios", afirma.

O que pode ser feito via WhatsApp?

• Envio de vídeo, textos e receitas complementares à consulta
• Cópia da receita dada na consulta a fim de registrá-la em um canal alternativo ao papel
• Comunicação entre especialista e médico a fim de tirar dúvidas pontuais
• Lembretes

O que NÃO pode ser feito via WhatsApp?

• Consultas (atendimento e avaliação à distância)
• Indicação de cardápios e dietas sem avaliação presencial prévia
• Envio de fotos de corpo do paciente a fim de análises e diagnósticos pelo médico
• Orientações sem atendimento prévio pessoal no consultório

Quais profissionais podem prescrever dietas e treinos?

Segundo recomendação do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), o nutricionista é o único profissional habilitado a prescrever dietas, bem como realizar assistência e educação nutricional aos indivíduos e à coletividade.

É por esse motivo que o nutricoach não é uma categoria reconhecida pelo CFN. Para o conselho, a atuação do nutricionista em coaching sugere que esse recurso é uma ferramenta gerencial que potencializa a realização de trabalhos em comunicação, administração e gerenciamento, conhecimentos básicos da formação em nutrição.

"O coach não possui registro na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). Portanto, atuar como coach não tem qualquer regulamentação legal. De maneira preliminar, o CFN considera inadequada a designação "nutricionista-coach”. Os que desejam atuar como coach devem ser orientados a desvincular essa forma de atuação das funções privativas do nutricionista, bem como daquelas relacionadas à alimentação e nutrição humana. Aos que estariam exercendo ilegalmente a profissão, cabe fiscalização dos Conselhos Regionais de Nutricionistas (CRN), já que se trata de uma atuação ilegal e exige a tomada das providências”, alerta o conselho em nota.

Quanto a treinos, a recomendação da Confef é que pessoas interessadas em realizar atividades físicas cretifiquem-se de que o profissional que lhe aplicou os exercícios realmente tenha formação em educação física e registro no conselho competente para tal.

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