Aline Midlej revela racismo sofrido na TV: "Hoje, minha resposta estaria na ponta da língua"
Uma das jornalistas mais conhecidas e queridas pelo público, Aline Midlej resolveu abrir o jogo sobre como o racismo se apresentou para ela ao longo de seus anos de carreira.
Atualmente âncora do "Jornal das Dez", da GloboNews, Aline, uma mulher negra, revelou que encarou diversas situações preconceituosas em sua vida — incluindo pedidos para que mudasse o seu cabelo, vindos de emissoras nas quais trabalhou antes da Globo.
Aline Midlej fala sobre racismo
Em entrevista ao jornal O Globo, Aline Midlej falou sobre diversos episódios racistas que aconteceram em sua vida — desde a sua infância. A jornalista afirmou que "a construção do seu eu negro foi um processo".
"Percebia ser exceção no prédio em que morava, em Perdizes [bairro de São Paulo]. Sempre fui a única negra na escola particular, no clube. Tive poucos namorados negros porque não convivia com eles. Vivi o racismo, que considero escancarado e não velado, num olhar, numa reticência corporal", contou.
Aline também revelou que passou por situações preconceituosas no início de sua carreira. "Em outras emissoras, nos anos 2000, tive o desafio da estética. Certa vez, deixei meu cabelo enrolado e me pediram para mudar o penteado. Fiz uma versão meio enrolada, meio lisa", confessou.
Apesar de ter aceitado as mudanças no passado, a jornalista afirmou ao O Globo que, atualmente, não se submeteria a esse tipo de demanda. "Hoje, a minha resposta para esse 'pedido' estaria na ponta da língua, eu ia rir alto", disse.
Para Aline, hoje a sociedade está aos poucos avançando nos debates sobre racismo e na discussão da história do Brasil escravocrata.
"A negritude não me define, ela me compõe. Também é um desafio não cair nessa estigmatização. Eu represento muita coisa: a mulher incomodada, filha de nordestinos, comunicadora, mulher negra e por aí vai", completou.