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As marcas de queimadura que ela ganhou ainda bebê não trazem vergonha, e sim orgulho

Publicado 28 Out 2020 – 01:50 PM EDT | Atualizado 28 Out 2020 – 01:50 PM EDT
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Ainda bebê, antes dos dois anos de idade, a jovem Allana Krysna sofreu um grave acidente em casa e, nele, teve 47% do corpo queimado. Mesmo após o tratamento imediato e dezenas de cirurgias reparadoras, porém, ela ainda carrega as marcas que o acidente criou há quase duas décadas – mas, de forma inspiradora, faz questão de mostrá-las para incentivar que pessoas como ela sejam mais aceitas pela sociedade.

Com fotos mostrando queimaduras, ela inspira a web

Conforme conta Allana ao VIX, o acidente aconteceu quando ela tinha um ano e dez meses e foi ocasionado por um palito de fósforo. Segundo a moça, hoje com 19 anos, ela encontrou na cozinha um fósforo que a irmã mais velha (na época com quatro anos) havia deixado cair e, ao riscá-lo acidentalmente na própria roupa, foi rapidamente envolvida por chamas.

“Eu peguei fogo muito fácil e a pele de bebê é muito sensível, então foi muito rápido. Queimou 47% do meu corpo”, afirma ela, lembrando que, na época, foi encaminhada ao Hospital Regional da Asa Norte (HRAN) em Brasília, cidade onde vive até hoje. Lá, ela recebeu os primeiros-socorros, mas devido a algumas complicações, teve de passar meses internada em estado delicado.

“Fiquei internada na UTI, peguei uma bactéria hospitalar, tive pneumonia, tive anemia... Foi um processo bem demorado”, explica Allana, que passou um total de 93 dias internada. Apesar de ter recebido a alta hospitalar, no entanto, o tratamento da moça para as queimaduras nunca parou e, até hoje, ela precisa fazer uma série de cirurgias reparadoras devido às consequências de crescer com a pele prejudicada pelo fogo.

“Desde então, eu não deixei de fazer cirurgias. Já foram mais de 20 ao longo da minha vida, todas reparadoras”, afirma ela, referindo-se a procedimentos que, apesar de serem essencialmente plásticas, não são considerados puramente estéticos devido aos motivos pelos quais são feitos. Segundo Allana, é comum que, ao crescer, a pele prejudicada pelas queimaduras repuxe por ter menos elasticidade e, nesse caso, é preciso operar.

Mesmo assim, porém, ela não se abala: em seu perfil no Instagram, ela vive mostrando as marcas da queimadura, vai à praia de biquíni e diz ter uma boa relação com o corpo. “Minha mãe sempre me ensinou a lidar com as cicatrizes do jeito que elas são. Ela me ensinou que cicatrizes são só cicatrizes e que todo mundo tem – as minhas só são grandes”, afirma Allana, ressaltando que não tem vergonha das marcas.

“Hoje, eu estou viva, então não tem por que eu sentir vergonha das minhas cicatrizes. É a marca da minha vida, então eu sinto orgulho delas e tento me libertar dos olhares, opressões e rótulos da sociedade. Busco ser eu mesma e não deixar de viver”, explica a moça que, ao contar sua história nas redes sociais, passou então a receber uma série de mensagens de agradecimento.

Conforme conta, outras pessoas que sofreram queimaduras costumam procurá-la, contando suas histórias e compartilhando as dores – e, diariamente, suas fotos são inundadas de elogios. “Feliz demais com sua história e por sua aceitação com tudo, principalmente por mostrar para as pessoas que não existe motivo para se odiar, temos que nos amar”, escreveu uma internauta.

“Queimei 30% do corpo em 2015 e ainda luto comigo mesma para me aceitar. Amei sua coragem. Gratidão”, compartilhou outra. Para Allana, a importância de compartilhar a própria história está justamente em fazer com que mais pessoas como ela se sintam confortáveis e enfrentem menos preconceito do que encontram na sociedade atualmente. “Meu objetivo é que o queimado seja visto, respeitado e incluso”, afirma.

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