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História da modelo Paola Antonini inspira milhões e prova: somos maiores que as adversidades

Publicado 7 Out 2020 – 04:40 PM EDT | Atualizado 7 Out 2020 – 04:40 PM EDT
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Para celebrar a passagem de ano de 2014 para 2015, Paola Antonini pretendia ir a Búzios (Rio de Janeiro) na companhia do então namorado e alguns amigos, mas, na manhã da viagem, a jovem viu não só os planos do Réveillon como também a própria vida mudarem drasticamente. Em um acidente na porta de casa, ela perdeu a perna esquerda – e a graça com a qual embarcou na nova vida inspira milhões pessoas até hoje.

Paola Antonini perdeu uma perna - e não tem vontade de tê-la de volta

Passar por um acidente grave, cirurgias extensas e perder um membro do corpo no processo não é, de forma alguma, algo fácil – mas Paola Antonini, desde o início, enxergou um lado que nem a própria família conseguia ver. Tudo começou quando, às vésperas do ano novo em 2014, ela estava terminando de colocar as malas no carro do então namorado para uma viagem e foi atropelada junto dele na frente de casa.

Conforme contou em vídeos publicados no YouTube, ela, o ex-namorado e alguns amigos haviam combinado de viajar no dia 27 de dezembro e, devido à possibilidade de pegar trânsito no caminho, decidiram sair de casa às 5h30 da manhã. Apesar de a maior parte das bagagens já estar no carro desde a noite anterior, porém, Paola precisava colocar algumas coisas no porta-malas, e foi então que o acidente aconteceu.

“Quando fui por essa bolsa no porta-malas, uma moça acabou perdendo o controle do carro dela e acabou esmagando minha perna entre o carro dela e o do meu namorado”, contou ela. Após quase uma hora de espera, ela foi então levada a um hospital de ambulância e, lá, a equipe médica que a atendeu prontamente a preparou para uma cirurgia – algo que assustou a moça.

“Logo que entrei no bloco cirúrgico, perguntei para a anestesista: ‘Moça, eu não vou morrer não, né? Porque eu não me despedi de ninguém’. Ela falou: ‘Não, fica tranquila, você não vai morrer de jeito nenhum’”, relembrou Paola, afirmando que, quando acordou da sedação, mais de 14 horas haviam se passado. No dia seguinte, ela então soube que a cirurgia havia sido mais trabalhosa do que ela imaginava.

“Tinha sido uma cirurgia muito complicada, tentaram de tudo, colocar minha perna de volta, revascularizar, mas não estava dando, não conseguiram”, afirmou a moça, lembrando que, pela conduta dos médicos após a cirurgia, ela já desconfiava da possibilidade de ter sido amputada, mas foi apenas quando seus pais chegaram para visitá-la que ela teve a confirmação.

“Os médicos vieram com um papo um pouco diferente, falando: ‘E se tivessem que amputar sua perna?’. Eu falei: ‘Gente, será que amputaram? Não, de jeito nenhum, meu Deus do céu, amputar minha perna, não’. E aí eles [pais] chegaram me avisando que tinha tido que amputar”, disse Paola e, mesmo com a confirmação de algo indesejável, ela manteve a cabeça erguida.

“Eu simplesmente falei: ‘Tá’. Me explicaram que a cirurgia tinha sido muito complicada, que eu realmente corri risco de vida, que se eles tentassem um pouco mais eu poderia realmente ter sequela ou não estar mais aqui entre nós. Desde aquele momento eu resolvi [que] vou agradecer minha vida, agradecer que fiquei aqui. Minha perna não vai voltar mais, não adianta chorar, ficar triste”, comentou ela.

Conforme contou a mãe da moça em outro vídeo publicado no YouTube por ela um ano após o acidente, Paola permaneceu tranquila mesmo enquanto esperava a ambulância com a perna machucada e sentindo muita dor – e, mesmo depois de passar pela longa e arriscada cirurgia, foi ela quem cuidou dos familiares para que ninguém ficasse triste por ela.

“Desde o primeiro dia, [ela] nunca reclamou, nunca lamentou. Chegou para mim e falou: ‘Mãe, eu estou viva, estou feliz, tenho planos, quero estudar, trabalhar, ter filhos’. Isso foi uma surpresa, nunca esperava que ela fosse aceitar isso de uma forma tão madura”, disse ela sobre a filha, que logo começou a fazer o possível para se recuperar e, logo, poder andar novamente.

Após a cirurgia, Paola teve de fazer um trabalho intenso de fisioterapia e, basicamente, reaprender a se locomover e se equilibrar – tudo isso com as dificuldades naturais de se usar uma prótese. “No início, a prótese dói um pouquinho, machuca, eu achava muito pesada. Tem momentos em que você fala: ‘Quero tirar logo, ficar sem a prótese’. Mas eu falei: ‘Não, eu não vou tirar. Está doendo, mas vou ficar o dia inteiro’”, lembrou a moça.

Por meio de um trabalho árduo motivado pela vontade que Paola tinha de “ficar boa” o mais rápido possível, ela logo voltou a caminhar, e descreveu o dia com muita alegria. “No primeiro dia que eu andei, foi a melhor sensação da minha vida. Eu não me lembro de um dia que foi mais feliz para mim, estava esperando muito por esse momento. Coloquei a prótese e já saí andando, foi maravilhoso”, disse ela.

Com o tempo, ela começou também a retomar outras atividades – mesmo as que julgou serem impossíveis após ter a perna amputada. Entrar no mar pela primeira vez depois do acidente, por exemplo, foi outro grande marco em sua recuperação e, com o tempo, esses marcos foram se multiplicando. Nos anos que sucederam a amputação, ela passou a dançar, desfilar, correr e até surfar, inspirando muitos com suas conquistas.

“Eu decidi que, todos os dias, eu ia tentar ter a melhor vida que pudesse ter. Continuar me desafiando, sempre tentar coisas novas e me exercitar bastante. E é claro que eu não ia parar por aí, né? Por que não virar de cabeça para baixo? Virar cambalhota? E por que não ir além e fazer tudo aquilo que as pessoas me falaram que era impossível? Meu acidente me ensinou a não acreditar nessa palavra: ‘impossível’”, disse ela no Instagram.

Além de retomar as atividades normais e adquirir novos e desafiadores hobbies, Paola sempre lembra também que, mesmo após o acidente, ela não desistiu dos muitos sonhos que tinha – e realizou todos eles. “Eu tinha sonhos enormes, queria viajar o mundo, ser apresentadora de televisão... Sabe quais deles eu consegui realizar? Todos”, disse a moça que, hoje, trabalha como modelo e influenciadora digital.

Nas redes sociais, ela se compromete a passar uma mensagem positiva de autoaceitação aos milhões de seguidores. “Eu odiava, por exemplo, minhas estrias quando era mais nova, e eu percebi o tanto que isso era uma bobagem depois que perdi minha perna”, disse ela usando a ferramenta Stories do Instagram e afirmando que, mesmo se pudesse recuperar a perna, não faria essa escolha.

“Querendo ou não, eu uso uma prótese bonita e brilhante, mas quando tiro é uma perninha cheia de cicatriz, atrofiadinha, amputada – e eu aprendi a amar meu corpo. Se me falarem: ‘Paola, e se daqui uns anos conseguiram voltar com a perna pra você ter uma perna inteira?’. Eu acho que não vou querer porque gosto do meu corpo de verdade do jeito que ele é”, explicou a modelo.

Em meio a tanta positividade e superação, ela deu, inclusive, um jeito de fazer a própria prótese refletir toda a alegria. Em dado momento, ela passou a “encapar” a perna protética – e faz isso com tecidos cheios de brilho, mudando as cores de acordo com a ocasião. Certa vez, em um Outubro Rosa, ela deixou a prótese cor-de-rosa, enquanto na época da Copa do Mundo de 2018, usou um tecido nas cores da bandeira do Brasil.

Desde a época do acidente, ela recebe inúmeras mensagens positivas de quem a acompanha – algo que, além de a ajudar a seguir otimista, ajuda também a espalhar uma mensagem de autoaceitação. “Você tem uma luz incrível, uma amiga me enviou seu vídeo e a partir do momento em que assisti, você mudou minha maneira de olhar pra mim mesma”, escreveu uma fã da modelo em um vídeo em que ela fala de autoestima.

“Você é a pessoa mais linda e incrível que eu comecei a seguir!!! Inspiração pra vida”, disse outra. “Você é demais, um grande exemplo de ser humano. Parabéns por compartilhar tão bem a sua vida de uma maneira tão real”, agradeceu outra. “Você me inspira e inspira várias outras pessoas. Obrigada por abordar assuntos tão necessários! Também sou amputada”, compartilhou outra.

Autoaceitação e superação

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