Famosos descobriram autismo após os 50 anos e contam como se sentem
O transtorno do espectro autista (TEA) se refere a um conjunto de transtornos do desenvolvimento do cérebro que podem ser caracterizados por algum grau de comprometimento no comportamento, comunicação, interação social e linguagem, geralmente manifestado no nascimento ou início da infância.
O funcionamento intelectual em pessoas com TEA é extremamente variável. No caso, por exemplo, de pessoas com síndrome de Asperger (uma das que compõem o espectro), elas geralmente possuem grandes habilidades em observação e ordem. Acredita-se, inclusive, que o gênio da física Albert Einstein convivia com a síndrome, conforme apontado em um artigo científico de 2003.
Apesar de as características de TEA serem identificadas mais comumente na infância, famosos como Anthony Hopkins e Susan Boyle mostram que o diagnóstico também pode vir tardiamente.
Anthony Hopkins foi diagnosticado quase aos 70 anos
Além de ator, o britânico Anthony Hopkins, de 82 anos, é também pintor e compositor. Um artista completo.
Vencedor do Oscar de Melhor Ator por "O Silêncio dos Inocentes" e indicado outras quatro vezes ao prêmio mais importante do cinema norte-americano, Hopkins descobriu ter a Síndrome de Asperger com quase 70 anos.
Em entrevista ao jornal "The Desert Sun", ele revela como a síndrome influenciou sua vida como artista. O ator conta que costuma ser uma pessoa multitarefas e que nunca consegue ficar sossegado. "Eu decido que não vou pintar e depois passo 24 horas pintando."
As artes cênicas entraram em sua vida quando ele ainda não tinha certeza do que gostaria de fazer com sua vida ou quem ele era. "Isso causou anos de profunda insegurança e curiosidade. Eu nunca poderia me estabelecer em nenhum lugar. Eu estava perturbado e causava problemas, especialmente quando jovem. Amadureci um pouco, então estou muito mais em paz comigo mesmo."
Ao Daily Mail, Hopkins revelou que não costuma ir a festas e não tem muitos amigos, mas gosta de pessoas. "Eu gosto de entrar em suas cabeças", explicou o ator.
"Eu definitivamente olho para as pessoas de forma diferente. Eu gosto de desconstruir, separar o personagem, descobrir o que as faz funcionar, e a minha visão não será a mesma de outros."
Susan Boyle mostra que mulheres também têm Asperger
Homens têm maior risco de apresentar distúrbios neurológicos do que as mulheres, mas isso não quer dizer que elas estejam livres do TEA. A britânica Susan Boyle, de 59 anos, também tem a Síndrome de Asperger.
Mas, diferentemente de Anthony Hopkins, a cantora parece ter sofrido mais com as dificuldades sociais causadas pela síndrome.
Susan ganhou fama em 2009 após participar do programa de calouros "Britain’s Got Talent". Após emocionar o público com a música "I dreamed a dream", ela lançou o álbum de estreia mais vendido de todos os tempos no Reino Unido.
Em carta publicada pelo The Daily Beast, porém, ela revela que "louca", "estranha" e "bizarra" foram adjetivos pelos quais foi chamada ao longo de toda sua vida.
"Nascida em uma pequena vila escocesa em uma época em que a medicina ainda não tinha feito os grandes avanços que vemos hoje, meus pais foram instruídos a não esperar muito de mim, já que foram levados a acreditar que eu tinha danos no cérebro causados no nascimento."
O que Susan levou mais de 50 anos para descobrir é que ela tem Asperger. "Isso não me define, mas me dá uma maior compreensão de quem eu sou."
A cantora conta que sofreu por não entender o que havia de "errado" com ela, sentindo que vinha sendo injustamente rotulada. Quando foi diagnosticado com Asperger aos 51 anos, a sensação foi de "alívio, compreensão e aceitação".
"Não escrevi isso com o objetivo de provocar piedade. Muito pelo contrário. Não tenha pena de mim. Me compreenda."