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Se meditação não funcionou, você deve ter tentado uma linha "incompatível" com seu perfil

Publicado 5 Ago 2020 – 04:09 PM EDT | Atualizado 5 Ago 2020 – 04:09 PM EDT
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Indicada até por médicos, a meditação traz inúmeros benefícios para a saúde, agindo especialmente sobre o estresse e a ansiedade e, consequentemente, prevenindo uma série de problemas. Ao tentar meditar, porém, nem todos conseguem relaxar como o proposto pelos guias da prática – e isso, segundo um especialista da área, pode ser porque estas pessoas não tentaram o tipo de meditação mais apropriado para o perfil delas.

Meditação não deu certo? Pode ser o tipo de técnica

Especialmente diante de uma situação angustiante, meditar é uma boa saída para manter tanto a saúde mental quanto a física em dia, visto que a prática atua no controle do estresse e da ansiedade. Ao desacelerar a mente e baixar os níveis de hormônios relacionados à tensão, o corpo fica mais desinflamado, a concentração melhora e a qualidade do sono aumenta.

Ainda assim, porém, não é raro encontrar pessoas que tentaram diversos tipos de meditação e dicas para conseguir relaxar durante a prática, mas não tiveram sucesso e acabaram desistindo. Isso, segundo Fernando Gabas, criador do protocolo de meditação Life Matters, pode vir do fato de que, assim como diferentes personalidades são mais propensas a determinados hábitos, cada perfil de pessoa tem um “tipo certo” de meditação.

“Dificilmente uma pessoa mais agitada e irrequieta se dará bem com uma técnica de simplesmente observar a respiração por vinte ou trinta minutos, assim como uma pessoa muito racional também não terá uma adesão a uma linha mais mística, que envolva mantras”, afirma o especialista, que estuda a prática há sete anos e ministra cursos de meditação.

Para ele, um simples ajuste na técnica de meditação pode fazer com que o praticante comece a observar os bons efeitos que nunca conseguia notar. “O hábito de meditar começa a fazer sentido novamente. Há vários caminhos para se chegar a um bem-estar e à chamada iluminação”, diz Gabas, lembrando também que o tipo mais indicado de meditação para alguém pode mudar ao longo da vida.

“O que funcionava muito bem em uma época, em outras pode deixar de funcionar, seja por mudanças de carreira, relacionamento, novos desafios ou perdas”, esclarece o especialista. Ele ressalta ainda que, dependendo da pessoa, também é possível não se encaixar inteiramente em nenhuma das técnicas, e ter então uma mistura delas como o “tipo ideal” de meditação.

Sinais de que o tipo de meditação está errado

Para alguns, meditação se resume a relaxamento – mas, segundo Gabas, este não deve ser o principal ponto observado para avaliar se um tipo de meditação funciona ou não. “O estado de relaxamento pode ser um dos benefícios observados até mesmo após experiências curtas de prática, mas meditar com a simples intenção de relaxar seria como querer matar uma formiga com um canhão”, afirma ele.

Segundo o especialista, os efeitos da prática se manifestam a longo prazo na forma como a pessoa enxerga a vida e controla os próprios sentimentos. “Você compreende que não é um ser isolado do mundo e experimenta uma conexão inexplicável com tudo e com o todo. Depois disso, é impossível voltar a viver em estados predominantemente negativos. Mesmo que aconteçam, eles rareiam e duram menos tempo”, afirma.

Como descobrir o tipo certo?

Conforme explica Gabas, a meditação é um aprendizado como outro qualquer, e o sucesso depende tanto do costume com a prática quanto do esforço em aprender a segui-la. “O essencial é que a pessoa tenha disposição e comprometimento. Isso quer dizer que é necessária alguma dedicação de tempo de qualidade, caso contrário a pessoa pode cair na armadilha de achar que ‘nada funciona’”, diz ele.

Além disso, o especialista também indica a busca por um profissional da área ou guia de como meditar para ajudar no processo, bem como sempre estar aberto a testar diferentes técnicas até ter sucesso. Para começar, porém, é possível se guiar pelas relações traçadas por ele entre tipos de personalidade e linhas meditativas – que, apesar de ser uma classificação abrangente, pode funcionar.

Para estabelecer estes paralelos, o especialista estudou dados das turmas do protocolo Life Matters. Segundo ele, ao final dos cursos, foram documentadas quais linhas meditativas cada aluno preferiu e, assim, foi possível fazer um panorama geral de melhores tipos para cada perfil de pessoa:

Pessoas introvertidas e solitárias

De acordo com Gabas, pessoas que apresentam estas características geralmente se dão melhor com técnicas de “ mindfulness”, que é o processo psicológico de treinar a mente para que ela foque no presente. Isso, segundo o especialista, ocorre porque estas técnicas são, em geral, praticadas de forma individual. “Os exercícios envolvem um aumento de atenção e presença, seja observando a respiração ou sensações”, afirma.

Pessoas lógicas e racionais

Já pessoas com esta característica costumam, segundo o especialista, aproveitar bem as técnicas de autodescoberta. “Meditações com objetivo mais definido de observar as manifestações da consciência, observando o fluxo de pensamentos, de onde vêm, como desaparecem, são mais atraentes para elas”, afirma o especialista, explicando em detalhe esse tipo de técnica.

“Exemplos clássicos são indagações sobre ‘o que mais importa em minha vida?’, ‘quem sou eu?’, meditações guiadas para observar a impermanência dos pensamentos, meditações guiadas para observar a natureza da mente e da consciência”, aponta Gabas.

Pessoas abertas e criativas

Para estas pessoas, Gabas indica técnicas menos limitadas e de grandes descobertas. “Existem técnicas de pura consciência que chamamos de protocolo de ‘awareness’. O praticante, através de uma sequência guiada de exercícios que envolvem respirações e despertar dos estados, consegue ficar consciente da consciência, que antecede todos os pensamentos e emoções”, afirma ele.

Isso, segundo o especialista, faz com que o praticante ganhe uma nova dimensão. “É como se ele passasse a ser o observador do que antes ele achava que era”.

Pessoas meticulosas e seguras

Já estes grupos de pessoas tendem, segundo Gabas, a preferir meditações mais estruturadas, com técnicas simples e “sem margem para fazer errado”. “Meditações muito soltas ou que exigem uma abertura maior, em geral, não são as mais indicadas para o iniciante na meditação com essa característica”, diz o especialista.

De acordo com ele, pessoas assim costumam se dar bem com linhas meditativas que envolvam repetição de mantras ou que tenham todos os passos e visualizações guiados.

Pessoas energéticas e sensíveis

Segundo o profissional, para estes grupos os tipos de meditação mais indicados são as que envolvem despertar e cultivo de sentimentos como amor, bondade, compaixão, perdão, aceitação, gratidão, entre outras. “Existem técnicas inclusive que são feitas em movimento, dançando e em grupo. Com isso, o aspecto mais ‘monótono’ de sentar, fechar o olho e olhar para dentro deixa de existir”, afirma ele.

Saúde e bem-estar

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