Bárbara Borges faz forte relato sobre por que decidiu raspar a cabeça: "Tive complexo"

"O cabelo tem toda uma simbologia na minha vida. Tive muito complexo com ele na minha infância. Meu cabelo antes era liso, depois com os hormônios, já fiquei mocinha, começou a cachear, mas ele sempre foi muito volumoso, sempre tive muito cabelo. Eu tenho memórias na minha cabeça de que meu cabelo era feio, que era uma juba. Antigamente, o cabelo liso tinha toda uma massificação, em revistas e tudo, era sempre o cabelo liso que era mais elogiado. Eu cresci com essa crença de que meu cabelo era uma juba de leão, como se isso fosse ruim. É uma coisa boa, mas depende de como você enxerga. Eu enxergava como uma coisa ruim, para mim era feio. Cresci com isso, vivia com muito complexo. Até que com uns 20 e poucos anos começaram as técnicas, eu comecei tirando as ondinhas, diminuindo o volume, até que eu passei - foram muitos anos alisando o cabelo. Eu rejeitava o meu cabelo, não queria enxergar ele. Na gravidez do Theo, foi quando deu o clique e falei: vou deixar meu cabelo voltar. Essa volta de três anos para cá, quando eu comecei a voltar aos meus cachos, foi um processo muito lindo, eu fui realmente olhando para ele. Fui firme, me conectei com o meu cabelo, olhando e me achando bonita. E aí ele voltou total, botei ele assumindo o volume mesmo, assumindo o bagunçado dele. Foi muito lindo, e chegou ao momento em que eu fiz as pazes, mas comecei a sentir vontade de raspar. Senti essa vontade, e aí tem relação com o movimento da minha alma, tem a ver com a minha espiritualidade. A primeira coisa é que eu tive que lidar com os medos: eu tinha medo da rejeição, de me atrapalhar, de me prejudicar. E isso tudo faz parte do autoconhecimento, porque fiquei um mês quieta, investigando e pensando: qual é o problema se o meu coração dizia? Fazia todo o sentido com o que eu estava vivendo internamente. E por incrível que pareça, [depois de raspar], eu me olhei e me senti me libertando de correntes, das minhas crenças, dos meus pensamentos. Me olhei e também vi: quem sou eu atrás de tantas máscaras? Essa era mais uma máscara. E poxa, o cabelo pode voltar, e também se não voltar, deixa eu conhecer esse novo que vai florescer daqui. Eu não to muito preocupada com isso, to preocupada com o agora, com a vivência, o que eu to experimentando nesse momento."