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“Eu amo magreza”: influencer explica qual o problema de vídeo polêmico de blogueira

Publicado 6 Jan 2020 – 03:38 PM EST | Atualizado 31 Jan 2020 – 09:59 AM EST
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Um vídeo publicado pela blogueira Bianca Andrade causou grande polêmica na internet por cultuar a magreza em meio a um movimento tão forte de aceitação de todos os corpos.

Diante da controvérsia, a também digital influencer Alexandra Gurgel, militante pelo fim dos padrões de beleza, explicou por que a gravação é tão problemática.

Vídeo de Boca Rosa gera polêmica nas redes sociais

Pouco antes do fim de 2019, Bianca, conhecida também como Boca Rosa, viu-se diante de uma polêmica após compartilhar um vídeo no Stories do Instagram. No post em questão, a blogueira especialista em maquiagem aparece de biquíni ao lado de amigas dançando em frente a um espelho.

A gravação, contudo, gerou polêmica devido a uma fala dita na gravação. Enquanto a blogueira e as amigas dançavam, é possível ouvir uma delas dizer: “Eu amo magreza”. A fala foi fortemente criticada, especialmente por internautas nas redes sociais.

A principal crítica foi em relação ao fato de discursos como este perpetuarem a forma física magra como sendo a ideal e alimentarem o preconceito contra corpos gordos - a chamada gordofobia.

Entre as pessoas que criticaram a declaração exposta no Stories de Bianca, uma que se destacou foi Alexandra Gurgel, digital influencer conhecida por falar sobre aceitação de corpos fora do padrão estético.

“‘Eu amo magreza’. Sim. Vamos pra 2020 com essa influência rolando solta. Boa noite”, declarou a influenciadora, em seu Twitter, após tomar conhecimento do conteúdo publicado por Bianca.

A crítica de Alexandra, por sua vez, teve uma repercussão controversa. Ao mesmo tempo em que muitos captaram a mensagem da influenciadora, outros entenderam que a blogueira de empoderamento de corpos estava criticando pessoas magras.

“Pessoalmente não vejo problema em alguém dizer que ama sua magreza. Minha amiga já sofreu bastante com isso, hoje tenta se enxergar linda não podendo engordar. Se pessoas gordas podem se amar gordas, por que não o contrário? Mas acho que o contexto do vídeo é meio problemático”, escreveu um internauta.

Para explicar o fator problemático da fala “eu amo magreza”, Alexandra gravou um vídeo para seu IGTV em que explica os fatores críticos da frase.

Segundo a blogueira, todas as pessoas carregam consigo algum tipo de insatisfação com o corpo. Analisando somente mulheres, a questão é bastante perceptível. Uma pesquisa realizada pela Unilever, por exemplo, mostra que 96% das mulheres estão insatisfeitas com o próprio corpo.

Alexandra explicou que sua crítica não é contra mulheres que são magras, mas sim ao endossamento de uma cultura que valoriza padrões estéticos magros - especialmente quando um discurso como esse é exposto em plataformas de pessoas tão influentes, como Boca Rosa.

“A problemática do stories do ‘eu amo magreza’ é que, quando se tem tantos seguidores e você endossa esse tipo de cultura, você coloca o corpo como se ele fosse uma bolsa da Gucci. O corpo se tornar um produto. A sociedade patriarcal, machista e capitalista, ela capitaliza em cima da sua insatisfação, criando essa vontade de ter um corpo diferente”, explica Alexandra.

Continuando sua fala sobre a problemática do vídeo, a blogueira enfatiza que não há problema algum desejar um “corpo diferente”, almejar o emagrecimento, uma cirurgia plástica ou mesmo o ganho de peso.

“A diferença é que você tem que pensar: será que essa é uma vontade minha ou impuseram isso a mim? Eu tenho que fazer a plástica X, Y e Z porque eu tenho que ser bonita, aceitável?”

Alexandra ainda fez questão de reforçar, em seu discurso, que sua atuação em assuntos voltados à aceitação de corpos não está relacionada a enaltecer o excesso de peso.

“Em nenhum momento [eu digo] 'eu amo gordura', 'eu amo ser gorda'. Eu falo que eu amo ser quem eu sou. Eu não fico enaltecendo a gordura. As pessoas acham que gordos que se amam e se aceitam são pessoas que romantizam a obesidade. Aceitação corporal não tem nada a ver com romantizar a obesidade. Se eu romantizasse a obesidade, eu falaria: 'Vamos comer para c******! Vambora, vamos crescer, engordar'. E eu falo isso para vocês, gente? Claro que não!”

Em uma de suas palavras sobre a polêmica, Alexandra lembrou que pessoas magras podem, sim, amar seus corpos - assim como as demais pessoas podem gostar de si pela estética que apresentam.

“Se amar é para todo mundo. Se amar é para que você comece a sua vida, sem esperar o corpo perfeito para começar a viver (...) Fico muito feliz de que, no meio disso tudo, esse assunto seja discutido em larga escala, está ganhando mais força, aliados, mais gente. Estou feliz porque estamos conseguindo, passo a passo, fazer a mudança, fazer com que a sociedade seja mais igualitária no quesito corpo.”

Bianca Andrade comenta polêmica

Diante da proporção que o vídeo ganhou, Bianca também foi ao Stories para se explicar. De acordo com a influenciadora, no momento em que ela e as amigas dançavam em frente ao espelho, a fala polêmica de uma de suas companheiras não foi percebida por ela e por isso o vídeo foi publicado na rede social.

Porém, ao tomar conhecimento da declaração, Boca Rosa sentiu-se na obrigação de falar sobre o assunto por ser uma pessoa pública. “Quando eu posto alguma coisa e isso fere algumas pessoas, mesmo que eu não tenha falado, por ter sido no meu [Instagram], eu me torno responsável. Eu tinha duas opções: passar batido ou me posicionar”, disse Bianca.

A blogueira afirmou ter consciência de que discursos como o da amiga são problemáticos e reforçou o quanto mulheres como Alexandra são importantes para que a aceitação de corpos fora do padrão seja cada vez maior.

“Hoje em dia eu prefiro me posicionar quando atinge outra pessoa. Eu sei o quanto que isso gera transtornos (...) Alexandra, o que eu te falei no MTV MIAW, sobre você ser um respiro para mim e para muitas de minhas amigas, é verdade. Você abre um olhar novo para muitas mulheres. Eu aprendo muito contigo.”

Aceitação do corpo: mulheres que inspiram

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