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'Será que ele escolhe quem salva?', diz Cacau Protásio sobre bombeiro que a ofendeu

Publicado 2 Dez 2019 – 10:42 AM EST | Atualizado 2 Dez 2019 – 10:42 AM EST
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Após ir ao principal quartel do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro para gravar uma cena do longa “Juntos e Enrolados”, previsto para 2020, a atriz Cacau Protásio descobriu ter sofrido racismo em áudios criminosos vindos de profissionais do local - e, ao “Fantástico” (Rede Globo), contou como isso já começou a afetá-la de formas que quem nunca passou por algo assim nem imaginaria.

Cacau Protásio sofre racismo e desabafa

A situação vivida por Cacau Protásio começou quando, um dia após a ida ao Corpo de Bombeiros, ela recebeu áudios que saíram de um grupo de integrantes do quartel e passaram a circular pela rede social.

Neles, os profissionais atacaram a atriz com comentários preconceituosos, como: “Vergonhoso. Mete aquela gorda, preta, filha da p**** numa farda de bombeiro. Uma bucha de canhão daquela…”.

No filme, Cacau interpreta uma sargento que é interesse romântico de outro membro do quartel, e a cena gravada no Corpo de Bombeiros consiste em um sonho dele, onde a personagem dançava fardada em meio a outros bombeiros. Além das ofensas racistas e gordofóbicas, alguns dos áudios também continham falas homofóbicas direcionadas aos dançarinos que gravaram com ela.

Uma semana depois do ocorrido, no programa da Rede Globo, ela se mostrou entristecida e disse como passar por isso a fez questionar seu trabalho. “Esse tipo de gente coloca a gente num lugar que eu pensei: 'Eu não tinha que estar aqui, eu não tinha que estar trabalhando, não tinha que estar fazendo filme...' Ele faz acreditar no pior”, disse ela, que, também se pronunciou na web.

Para registrar o crime, ela foi à Delegacia de Combate a Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), no Rio e, ao chegar lá, acabou ficando presa no elevador - momento em que as ofensas direcionadas a ela alguns dias antes vieram à tona em sua mente, já que, conforme contou ao “Fantástico”, os policiais tiveram de chamar os bombeiros para resolver o problema do elevador.

“O policial falou assim: 'Olha, você vai ter que aguardar porque eu vou chamar o bombeiro para te salvar'. Naquele mesmo momento, me deu uma angústia e um medo muito grande, falei: 'Se vem esse cara [autor das ofensas], será que ele vai me salvar, por eu ser negra e por eu ser gorda?' Sabe? 'Será que ele escolhe a pessoa que ele salva?'”, disse ela, sem conseguir segurar as lágrimas.

Apesar da tristeza, ela foi categórica ao afirmar sua recusa em abaixar a cabeça diante desta situação e outras pelas quais já passou, afirmando que continua tendo admiração pelo Corpo de Bombeiros e que seguirá usando seu trabalho de atriz como uma forma de dar voz a quem, assim como ela, lida com o racismo no dia a dia, mas não tem o apoio do qual ela dispõe.

“Quando eu era criança, tinha muita vontade de ser bombeira e bailarina. É uma farda que eu acho linda, continuo respeitando bombeiro. Vou continuar gravando, representando, sendo voz de muita gente humilhada, maltratada, e que não pode falar. As pessoas têm que aprender o significado da palavra respeito. Respeito sempre”, completou a humorista.

Racismo no Brasil

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