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O que é o complexo de Electra?

Publicado 14 Out 2019 – 08:09 PM EDT | Atualizado 14 Out 2019 – 08:09 PM EDT
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O relacionamento entre a filha e o pai é complexo e passa por diferentes estágios, mas nunca deixa de apresentar uma conexão especial. Na mitologia grega, a relação ficou conhecida pela história de Electra, a filha de Agamenon, que, após a morte de seu pai, conspirou para assassinar sua mãe. Daí o nome do que na psicanálise é conhecido como complexo Electra.

O que é o complexo de Electra?

Em termos gerais, o complexo Electra refere-se à competição entre mãe e filha para conquistar o carinho do pai. Mas a explicação é muito mais complexa do que você imagina, pois vai além de um simples caso de desejar a atenção e o cuidado constante de um pai.

Essa teoria é frequentemente atribuída erroneamente a Sigmund Freud (imagem acima), o pai da psicanálise. Isso porque foi ele quem criou a teoria do complexo de Édipo e muitas pessoas acreditam que ele e Electra são como lados opostos da mesma moeda. Mas, de fato, Freud ficou irritado por eles serem considerados assim, pois sustentava que ambos eram fenômenos com diferentes motivações e desenvolvimentos. Isso é explicado pelo dicionário da American Psychological Association.

Foi Freud quem primeiro estudou esse relacionamento e o chamou de complexo feminino de Édipo. O psicanalista explicou que o desenvolvimento psicossexual das pessoas ocorre em cinco etapas: oral, anal, fálica, latente e genital. É durante a fase fálica que se apresenta o complexo de Electra, entre 3 e 6 anos de idade.

Segundo Freud, é nesse período que as crianças de ambos os sexos são obcecadas por seus órgãos genitais, principalmente pelo pênis. Ao descobrirem que não têm pênis, as meninas assumem, inconscientemente, que suas mães são responsáveis ​​por isso. Essa "castração" é o que na psicologia freudiana é conhecida como "inveja do pênis". É apenas uma fase passageira, após a qual a menina se alinha novamente com a mãe para tê-la como modelo. (O desejo de ter um pênis que, segundo Sigmund, as duas mulheres anseiam, é compensado com a gravidez).

Esse raciocínio leva as filhas a focar sua atenção nos pais, por quem sentem atração sexual e é por isso que suas mães se tornam sua "rival". Freud explicou que esse complexo termina quando as meninas deixam o ciúme com medo de perder o amor de suas mães. Com isso, elas aceitam os papéis de gênero impostos ao sexo feminino. Ao contrário do complexo de Édipo, Freud apontou que o de Electra era muito mais emocional.

Posteriormente, o psiquiatra e psicanalista Carl Jung (imagem acima), que trabalhou ao lado de Freud até que os dois pensadores romperam os laços e seguiram linhas de pensamentos distintas, chamou esse fenômeno de complexo de Electra em 1913, que o estabeleceu como uma espécie de contrapartida do complexo de Édipo. Jung também disse que algumas pessoas nunca avançam do estágio fálico ou sequer têm regressões a ele, o que implicaria que essas mulheres continuassem atraídas pelos pais.

Quem era Electra na mitologia grega?

Os poetas gregos Sófocles e Eurípides escreveram sobre Electra em suas tragédias. Ela era filha do rei Agamenon e da rainha Clitemnestra. O regente estava ausente para participar da Guerra de Troia, mas antes de embarcar na viagem, ele sacrificou sua filha Ifigêneia como uma homenagem a Artemis, para ter boa sorte. Dizem que esse foi um dos principais fatores que provocaram a fúria de sua esposa em relação a ele.

Quando Agamenon voltou da batalha, ele veio acompanhado por Cassandra, sua nova concubina. Cassandra era uma mulher com poderes proféticos, mas cujas revelações nunca foram levadas a sério, mesmo que no final elas se mostrassem verdadeiras. Ela viu que sua vida e a de Agamenon terminariam quando ele voltasse com sua família, mas isso não conseguiu impedir o que iria acontecer. Ao retornar, ambos foram mortos por Clitemnestra e Egisto, o amante da rainha.

Por causa da tragédia, Electra e seu irmão Orestes fugiram para se salvar. Quando Orestes completou 20 anos, o Oráculo de Delfos disse que ele deveria vingar a morte de seu pai, então ambos planejaram como realizá-la. No final, Orestes conseguiu assassinar Clitemnestra e Egisto.

As consequências do complexo Electra

Meninas e mulheres com complexo de Electra vivem em constante competição com a mãe para terem o carinho do pai e, à medida que crescem e desenvolvem seu relacionamento com o sexo oposto, procuram semelhanças entre os pais e os possíveis parceiros.

Para a psicologia neofreudiana, aquelas que sofrem do complexo Electra nunca superam com sucesso o estágio fálico do desenvolvimento sexual na infância, que termina em uma reconciliação com o sexo e na aceitação do papel da mãe como espelho de sua identidade.

A busca de uma figura paterna, se perdida, pode implicar em uma mulher com característica submissa em seus relacionamentos, pois ela procura recuperar um homem que cumpre esse "papel paterno". O oposto também pode acontecer: a mulher é dominante e controladora, tentando imitar o pai que não estava presente em seu papel.

Fora do complexo de Electra, foi demonstrado que mulheres que tiveram ou têm um bom relacionamento com o pai canalizam sua personalidade ou até características físicas para o que seria seu homem ideal. Mas esses postulados não pertencem apenas ao complexo de Electra, pois é uma noção que parte da psicologia em geral e que foi demonstrada em pesquisas e estudos científicos.

Com isso em mente, você deve saber que não há realmente um grupo de consequências ou sintomas específicos causados ​​pelo complexo. Isso ocorre porque a condição nem é reconhecida como um distúrbio oficial, portanto, não há como diagnosticá-lo ou tratá-lo. A razão pela qual as principais organizações de psicologia não consideram o complexo um fato verdadeiro é porque não há evidências para apoiá-lo. São apenas hipóteses. Portanto, seus efeitos na vida adulta tendem a ser conjecturas.

Não confunda o complexo de Édipo com o de Electra, pois, embora eles partam da mesma base, são diferentes.

Qual a diferença entre o complexo de Édipo e o de Electra?

A explicação do complexo de Édipo é um pouco mais simples que o de Electra. Em 1899, Freud propôs que os meninos se sentissem sexualmente atraídos por suas mães, o que os leva a ver seus pais como uma competição direta.

Segundo o psicanalista, o complexo de Édipo também é apresentado durante o estágio fálico, que ele considerava o mais importante de todos no crescimento das pessoas. É nessa fase que os indivíduos aprendem a reconhecer quais comportamentos sexuais são aceitos na sociedade e quais não são.

A diferença entre as duas teorias depende da perspectiva do autor. Por exemplo, Jung estabeleceu que Electra era a variante feminina de Édipo, mas com a diferença de que, no caso das mulheres, está implícita uma "inveja do pênis". Para Freud, o complexo de Édipo se aplicava igualmente a ambos os sexos e os comportamentos do chamado complexo de Electra pertenciam a um fenômeno diferente.

O nome do complexo de Édipo vem da história de outro personagem da mitologia grega. A história conta que o pai de Édipo, o rei Laio, pediu que um servo abandonasse seu filho em uma montanha para morrer. Isso ocorre porque uma profecia do Oráculo de Delfos indicava que no futuro essa criança o mataria e se casaria com sua esposa, Jocasta. Mas o enviado se recusou a deixar o pequeno morrer e foi criado por outro casal de reis.

Ao ouvir a profecia, e sem saber que era adotado, Édipo fugiu de sua família adotiva para impedir que seu destino fosse cumprido. Mas ao longo do caminho, ele acaba matando seu pai biológico e se casa com sua mãe, sem saber quem eles realmente eram.

Críticas ao complexo de Electra

Lembre-se de que esse conceito foi formulado no início do século passado, em um contexto completamente diferente do atual. Na sociedade da época, havia outra visão do mundo, especialmente do sexo feminino. Por exemplo, da Grécia antiga ao século XX, acreditava-se que a histeria era um distúrbio definido por um excesso de emoções, que se originava no ventre das mulheres.

Talvez no tempo de Freud ele não se destacasse tanto por seguir o pensamento daquela época, mas agora fica claro que sua teoria (junto com a de Jung) discriminava as mulheres e o homem corporificado (e seu órgão genital) como o centro de desenvolvimento psicológico de meninos e meninas. Por isso o complexo de Electra e o de Édipo não são teorias amplamente aceitas, ainda que tenham aberto caminhos para muitos entendimentos.

É importante ainda notar que a teoria de ambos os fenômenos considera apenas relações heterossexuais e famílias nucleares, onde os fatores-chave no desenvolvimento de uma pessoa são que eles têm pai e mãe e que são atraídos apenas pelo sexo oposto.

Diferentemente de outras teorias do desenvolvimento infantil (como a de Jean Piaget, para citar um exemplo), essas representações do desenvolvimento psicossexual de Freud não têm estudos para defendê-las. Freud também foi criticado por favorecer o aspecto sexual dos seres humanos sobre qualquer outra faceta, atribuída a uma preferência pessoal e não a um raciocínio científico e subjetivo.

Educação infantil

Original Author: Isabel Valenzuela Original Author URL: https://www.vix.com/es/users/isabel-valenzuela
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