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Fantasia de Ewbank em vídeo gera grande debate: conselho profissional se posicionou

Publicado 18 Abr 2019 – 04:52 PM EDT | Atualizado 18 Abr 2019 – 04:52 PM EDT
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Ao escolher fantasia de enfermeira para usar em um dos vídeos publicados em seu canal no YouTube, a atriz e apresentadora Giovanna Ewbank causou uma enorme polêmica em relação ao traje vestido por ela e sua convidada, a também atriz Ingrid Guimarães.

O desconforto gerado pela roupa vestida pelas atrizes foi tanto que o Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP) se posicionou sobre o assunto e explicou. Entenda:

Fantasia de enfermeira de Giovanna Ewbank e Ingrid

A polêmica que envolve Giovanna e Ingrid tem a ver com dois vídeos publicados por Ewbank em seu canal.

Nele, a apresentadora entrevista a amiga, ambas usando roupas sensuais de enfermeira, sobre assuntos relacionados a sexo e artigos eróticos.

A temática dos vídeos de Giovanna buscava remeter ao filme “De Pernas Pro Ar 3”, a terceira parte da franquia estrelada por Ingrid em qual a atriz interpreta um dona de sex shop. Porém, a ideia não pegou bem.

Crítica da Coren-SP à fantasia de Ewbank e Ingrid

Depois que os vídeos foram ao ar, o Coren-SP decidiu se pronunciar sobre eles. Em uma carta aberta direcionada às atrizes, a presidente do conselho, a enfermeira Renata Pietro, explicou por que usar roupas de enfermeiras com intenções eróticas não cai bem.

Segundo Renata, a enfermagem é uma carreira estigmatizada por uma forte carga sexual – marca que não condiz com as atribuições diárias do profissional. “Abordagens como essa são um empecilho para a nossa luta em busca de reconhecimento”, pontuou a presidente do Coren-SP.

Como bem lembrou Renata, a enfermagem consiste em uma não se trata de uma carreira feita para satisfazer fetiches sexuais, mas para o cuidados da saúde do outro.

“Atuamos em todas as fases da vida das pessoas, desde o nascimento, passando pelos cuidados preventivos, paliativos, até os momentos mais difíceis. Trabalhamos com indivíduos de todos os gêneros, idades e classes sociais, na saúde pública ou privada.”

Em número, a presidente do Coren-SP reforçou o peso que o profissional da enfermagem tem na área da saúde.

“No país, a enfermagem corresponde a 80% da força de trabalho da área da saúde. E no estado de São Paulo, sou uma em um universo de cerca de 450 mil mulheres que integram a profissão. Nós, mulheres, correspondemos a cerca de 86% de todos os profissionais de enfermagem do estado.”

Por todos esses motivos, é válida a reflexão sobre o quanto a profissão não deve ser reduzida a uma fantasia sexual e como sua um exemplo de um machismo estrutural que reduz o trabalho feminino a questões sexuais

“Não são poucos também, por exemplo, os casos de feminicídio praticados contra profissionais de enfermagem, o que só demonstra o tamanho da luta que temos para além de nossa rotina de trabalho. Em uma breve busca de imagens no Google, vocês podem ver que o resultado para “enfermeira” é bem diferente do para “enfermeiro”. Precisamos mudar a visão de que mulheres profissionais de enfermagem (que também são auxiliares e técnicas, além de enfermeiras), assim como secretárias, professoras e outras, sempre sejam lembradas com uma carga erótica que não condiz com o seu real trabalho”, aconselhou Renata.

Iniciativa para a mudança

Renata ainda lembrou que, a poucos dias do mês da Enfermagem, comemorado em maio, situações como a exposta no vídeo de Giovanna com Renata mostra o longo caminho que a categoria ainda precisa percorrer para quebrar os paradigmas e mudar a concepção que muitas pessoas ainda mantém sobre o papel de enfermeiros.

A Giovanna e Ingrid, um apelo foi feito para que as atrizes reflitam sobre o quanto se referir a uma profissional, como as enfermeiras, como um fetiche pode ser prejudicial.

“Imagino que vocês também se sentiriam incomodadas e pouco representadas com qualquer imagem que pudesse distorcer a profissão de vocês. Como figuras públicas, formadoras de opinião e principalmente, mulheres, peço que não se refiram mais a qualquer trabalhadora como um fetiche.”

Em seu texto, Renata lembrou que atualmente há iniciativas nacionais e internacionais, como a campanha “Nursing Now”, idealizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e que traz Kate Middleton e a atriz Emilia Clarke como suas embaixadoras, para ajudar a promover o profissional de enfermagem, assim como aprimorar sua capacitação.

“Esta mensagem é para chamar vocês, grandes atrizes e mulheres brasileiras, a compartilharem conosco essa jornada, pelo empoderamento feminino e pela sororidade”, enfatizou Renata.

Pedido de desculpas de Ewbank e Ingrid

Depois de receberem a carta aberta do Coren-SP, Giovanna e Ingrid reavaliaram seu comportamento.

No Stories do Instagram Ingrid agradeceu pela carta enviada por Renata e por ter aberto a discussão proposta pela enfermeira. A atriz ainda pediu desculpas pelo ocorrido. “Eu queria deixar a minha solidariedade e o meu respeito. Eu, como comediante, quando a piada é boa, tem que ser boa para os dois. Se em algum momento a gente fez alguma coisa que desagradou, para mim já não vale”

Giovanna também se pronunciou sobre o assunto no Stories do Instagram e, assim como Ingrid, desculpou-se pelo ocorrido. Ela também aproveitou para convidar Renata para participar de seu canal e falar mais um pouco sobre o assunto criticado pela enfermeira.

"Não sei se vocês viram, mas depois do meu vídeo com a Ingrid Guimarães, vestidas de enfermeiras erotizadas, eu recebi uma carta aberta dessa mulher foda, maravilhosa, explicando várias questões importantíssimas sobre a erotização da profissional de enfermagem. E que me fez abrir a cabeça de uma maneira muito esclarecedora. Eu te agradeço pela carta, que abriu diálogo, que não foi nem um pouco agressiva"

Empoderamento feminino

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