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Ingrid e Giovanna revelam que filhas têm mesma atitude de pudor: é normal tão cedo?

Publicado 10 Abr 2019 – 06:08 PM EDT | Atualizado 10 Abr 2019 – 06:08 PM EDT
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Quem é mulher ou tem filhas pequenas sabe o quão comum é para meninas ouvir coisas como “sente-se direito”, “está aparecendo a calcinha” ou represálias por colocar a mão no órgão sexual e fazer perguntas sobre ele, enquanto meninos não são cobrados de forma tão incisiva.

Normalmente, essa cobrança vem dos pais ou adultos responsáveis por aquela menina, mas nem sempre é assim – algo que tanto o relato da atriz Ingrid Guimarães quanto o da apresentadora Giovanna Ewbank sobre as respectivas filhas exemplificam bem.

Filhas de Giovanna e Ingrid e o pudor

Em um vídeo para o canal de Giovanna no YouTube, o “GIOH”, a dupla comentou a nova sequência de “De Pernas Para o Ar”, filme estrelado por Ingrid, abordando a liberdade feminina na discussão. Ao citar comportamentos que as mulheres são orientadas a reprimir desde pequenas, porém a atriz expôs algo que a filha faz sem que ela sequer tenha exigido.

“Minha filha já fala: ‘Mãe, mas como é que eu vou usar vestido sem um short por baixo?’. Ela fala: ‘Mãe, mas vai aparecer minha calcinha!’, e eu falo: ‘Filha, mas tudo bem, você é criança’. Quando vai trocar [de roupa] na praia, ela não quer que veja essa parte de cima. Não tem nada, mas não quer que veja”, contou Ingrid, que é mãe de Clara, de nove anos.

Surpreendentemente, o mesmo acontece na casa de Giovanna e Bruno Gagliasso, pais da pequena Titi, de cinco anos. “A minha também não tem nada e ela quer pôr a parte de cima [do biquíni]. Eu falo: ‘Filha, fica só com a parte de baixo, fica livre’, não, ela quer pôr a parte de cima”, compartilhou a apresentadora.

Nos relatos, as duas mães mostram que nunca cobraram que as filhas se reprimam, mas que ambas têm esse “pudor” enraizado em si desde pequenas. De acordo com especialistas, porém, não é só a fala dos pais que é capaz de trazer essa percepção para as crianças – e certos cuidados devem ser tomados quanto a esse assunto.

Isso é normal?

Conforme explicam as psicólogas Livia Marques e Ellen Moraes Senra, as crianças de atualmente não são iguais às das décadas anteriores e, hoje, elas são expostas a mais do que apenas os conselhos dos pais.

“A criança tem acesso a diversos conteúdos na internet e na TV, ela observa e absorve todas as informações”, afirma Ellen, explicando que basta a menina ouvir algo em certos tons para reproduzir.

Para explicar comportamentos como os que as filhas de Giovanna e Ingrid exibem, Livia relembra que, ainda hoje, nossa sociedade carrega uma herança machista da época em que mulheres eram explicitamente tidas como propriedade do homem (fosse ele pai ou marido).

“Nossa sociedade erotiza o corpo da mulher de forma muito precoce e muito voraz”, afirma ela, e isso pode ser exemplificado, por exemplo, pelo fato de que mulheres quando sofrem assédio sexual são frequentemente culpabilizadas por estarem, na ocasião, com roupas “muito reveladoras” (sendo que quem é mulher sabe que esse tipo de coisa acontece mesmo se estiverem cobertas do pescoço aos pés), enquanto homens vestem o que querem sem nada lhes acontecer.

Ainda que isso afete muito mulheres adultas – como mães que são malvistas ao amamentar em público, por exemplo –, esse comportamento também ronda adolescentes e crianças.

Para Livia, ao lado das fontes de informações que podem pressionar a criança, essa sexualização por parte da sociedade pode fazer as meninas sentirem necessidade de se proteger do que há de errado no mundo.

O papel dos pais no processo

No processo de assegurar que meninas tenham tanto direito quanto os meninos de descobrir o próprio corpo, ambas as especialistas aconselham que os pais avaliam muito bem aquilo que cobram das filhas.

Hoje, por exemplo, há diversos modelos de sutiãs bem elaborados para meninas que mal desenvolveram seios e, enquanto Ellen não vê problema nas peças em si, há problemas no que se cobra da criança com relação a algo do tipo.

“Criança deve se vestir como criança. Aquele batonzinho simples é muito comum, mas ela deve evitar colocar coisas que não sejam próprias para a idade, justamente para não haver uma sexualização precoce”, explica a psicóloga, e Livia concorda, afirmando que coisas dessa natureza podem ser ou não problemáticas dependendo do contexto em que aparecem.

Para assegurar que as crianças além de livres para ser crianças também estão protegidas, as duas especialistas afirmam que é essencial manter com elas uma conversa franca. “É necessário o discurso de cuidado e de evitação mesmo porque o assédio acontece e a criança precisa se respaldar o máximo possível”, explica Ellen.

Para Livia, o mais importante dessa conversa é conduzi-la de uma forma que a criança consiga entender. “A gente precisa deixar ela ciente das situações e das coisas que estão acontecendo, do que pode ser um risco ou não, tudo dentro da linguagem dessa criança, dentro do que ela já conhece e com cautela. A gente não pode sair enchendo nossas crianças de informação”, afirma a psicóloga.

Mães e filhas

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