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A atleta que superou derrame cerebral, 200 tumores e é campeã do mundo: uma heroína

Publicado 13 Mar 2019 – 04:33 PM EDT | Atualizado 13 Mar 2019 – 04:33 PM EDT
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Verônica Hipólito tem 22 anos. Ao longo dessas mais de duas décadas, a brasileira que atua no atletismo paralímpico teve um derrame cerebral, tumores cerebrais e 200 tumores malignos em seu intestino grosso.

Mas ela também foi campeã mundial de paratletismo nos 200 metros e vice-campeã mundial nos 100 metros em 2013. Um ano depois foi, ainda, campeã sul-americana de paratletismo nos 100 e 200 metros e no salto a distância em competição disputada no Rio de Janeiro.

Também ganhou a prova de 100, 200 e 400 metros pelos Jogos Parapanamericanos de Toronto em 2015. Nos Jogos Paralímpicos do Rio 2016, foi medalha de prata nos 100 metros T38 e de bronze nos 400 metros T38.

E Verônica não tem parada. Apesar de ter passado por uma cirurgia recentemente, ela voltou a treinar cinco horas por dia para voltar a lutar por seu sonho: seguir correndo, seguir competindo e, sobretudo, seguir vivendo. Afinal, é no atletismo que a atleta encontrou seu principal porto seguro.

"A corrida me levantou muitas vezes. Após o AVC, foi a reabilitação. Voltei a andar, depois a trotar, e aí sai correndo por esse mundão (...) Atletismo, você me ensinou e mostrou muito mais do que corridas, saltos, arremessos ou lançamentos. Sempre será o seu dia, a base de todas as modalidades, a mais democrática de todas", declarou em seu Instagram.

História de Verônica Hipólito

Conforme conta no Instagram, Verônica competia no atletismo olímpico anteriormente, mas precisou migrar para o paralímpico depois que sofreu um AVC, ainda na adolescência, que teve como sequela a limitação de seus movimentos do lado direito do corpo.

Na época do derrame cerebral, os médicos chegaram a dizer à menina que ela nunca mais poderia voltar a caminhar. Porém, em apenas dois anos, ela não só conseguiu se recuperar como também ganhar a prova de 200 metros do campeonato mundial de 2013, aos 17 anos.

Cânceres

Foi nesse mesmo ano, em 2013, que Verônica teve outra surpresa em sua saúde: um tumor cerebral foi diagnosticado na atleta.

Quatro anos antes, a jovem já havia passado por algo parecido, quando um tumor no mesmo local já havia sido retirado de seu corpo. O tratamento para o novo câncer de Verônica a fez ficar distante das pistas por alguns meses.

Além do câncer cerebral, dias antes dos Jogos Parapan-Americanos de Toronto, em 2015, Verônica se deparou com outro quadro similar, quando foi diagnosticada com tumores no trato intestinal.

Por conta de uma polipose adenomatosa familiar, uma doença genética que provoca pólipos cancerosos no intestino grosso, mais de 200 tumores no órgão foram descobertos na atleta.

Depois de retirar 90% de seu intestino grosso, Verônica voltou a treinar e conseguiu chegar aos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, o seu maior sonho.

"Voltei a correr. Voltei a competir num evento teste para o Rio 2016, com mais de 300 atletas de 24 países. Fui campeã nos 100m e 400m rasos, fazendo a terceira e a primeira melhores marcas do mundo nesse ano. Crises passam. Sério, parece que é o fim do mundo às vezes, mas te juro que não é. Palavra de quem foi do céu ao inferno N vezes nessas últimas 45 semanas. Tenha a mente flexível, os pensamentos otimistas, metas claras e a certeza de que tudo passa. Tudo passa. Menos as gentilezas que fizerem por você", disse a atleta em seu Instagram, na época em que se preparava para o Rio 2016, onde foi prata e bronze.

Novo câncer

Porém, a vida voltou a colocar desafios na vida de Verônica. Em 2017, os médicos encontraram outro tumor cerebral na atleta e, um ano depois, em 2018, os médicos viram que existiam rastros do tumor - o que implicava uma nova cirurgia.

Ou seja: de 2017 a 2019, Verônica não treinou muito e se dedicou mais a cirurgias, consultas médicas e recuperação de seu corpo por conta das doenças que passou.

Apesar da jornada difícil dos últimos anos, ela procura sempre mostrar seu otimismo. "Momentos difíceis, apesar de serem muito chatos, existem, e nós não podemos fugir deles. Levanta a cabeça, constrói o seu mundo, e lembre-se: isso não é sobre cair, mas se levantar e continuar com aquilo que você acredita", disse a menina ao compartilhar um vídeo, no Instagram, em que dá os primeiros passos após a cirurgia em que retirou o tumor em maio de 2018.

Recomeço

Verônica conseguiu sair vitoriosa de todos esses obstáculos e, hoje em dia, segue treinando no Centro Paralímpico Brasileiro de São Paulo.

Ali ela passa cinco horas diárias trabalhando para melhorar sua meta. Com um percentual de gordura que a incomoda na hora de correr após ter perdido condicionamento físico, ela está 10 kg acima do peso, um dos efeitos colaterais do pós-operatório, já que a atleta precisou tomar corticoide.

"Hoje fiz o segundo treino de força desde a cirurgia na cabeça, em 2018. Eu tenho certeza que antes eu reclamaria sobre como estaria fraca, sobre a dor, sobre como um treino que deveria ser fácil estava sendo tão difícil... Mas, hoje só consigo agradecer pelas oportunidades. Oras, eu estou viva, com saúde, posso treinar, consegui terminar o treino, e sinto que estou cada vez melhor."

Além da disposição para treinar, Verônica também tem tido muita energia para dividir sua história e incentivar outras pessoas que passam por situações parecidas com a dela.

É o caso do menino Tiago, que, assim como Verônica, também já teve 100% de sua mobilidade e hoje em dia não a tem, precisando se locomover com cadeira de rodas.

"Foi então que comecei a falar sobre o que eu já tinha passado, o que as pessoas falavam, mas como eu e meus pais acreditamos e nos esforçamos sempre, e que hoje corro por esse mundão", relatou em seu Instagram.

E por tudo o que Verônica passou, a atleta não parece querer desistir. Muito pelo contrário: ela tem muita vontade de conquistar cada vez mais objetivos. "E eu vou até o final. Vou escrever a minha história, vou inspirar e ajudar muitas histórias, e sei que tudo isso será incrível. Eu vou viver. Estou viva."

Afinal, sua história não é para poucos. "Quando eu era criança, descobri que o futuro era incerto. Tive tumor na cabeça, AVC e tantas outras coisas. Mas, não desisti. Ergui a cabeça e aos 17 anos fui campeã mundial de atletismo. Falam que sou prodígio. Mas na verdade, quando se luta para conseguir algo, o futuro é sem limites."

Mulheres inspiradoras

Original Author: Valentina C Original Author URL: https://www.vix.com/es/users/valentina-c
Original ID value: 214364
Original Site: es
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