Relato corajoso de Netinho revela até onde depressão o levou e prova: cura é possível
Após ter três acidentes vasculares cerebrais (AVC) decorrentes de problemas no fígado causados pelo uso de anabolizantes, passar dois anos internado e mais um longo período tratando as sequelas, o cantor baiano Netinho deu um depoimento comovente no “Programa do Porchat” (TV Record).
Ao apresentador, Netinho falou sobre a depressão que viveu durante o processo de recuperação (algo que chegou a motivar duas tentativas de suicídio), contou como os obstáculos o transformaram em uma nova pessoa e deixou um recado inspirador a todos que se veem em uma situação parecida com a vivenciada por ele.
Netinho teve depressão
O cantor contou que, após acordar de um longo estado de coma, passou meses sem voz, sem memória e mexendo apenas os olhos. Hoje, Netinho está recuperado, já voltou a fazer shows pelo Brasil e busca passar uma imagem “alto astral” aos fãs, mas disse que nem sempre foi tão positivo assim.
Em 2014, poucos meses após deixar o hospital, Netinho organizou um show no Rio de Janeiro para mostrar que estava pronto para voltar aos palcos, mas, após a apresentação, não se sentiu bem e teve de buscar auxílio médico novamente. “Passei mal depois desse show, voltei para o hospital. Voltei para o apartamento do Rio e tentei me suicidar duas vezes”, desabafou.
Experiências ruins trouxeram aprendizado
Netinho contou que, nesse período, ninguém notou sua depressão porque ele não manifestava os sintomas mais “conhecidos” da doença. Além disso, o próprio cantor não aceitava o diagnóstico e, muitas vezes, apenas fingia ter tomado a medicação. Motivado por amigos, ele finalmente conseguiu se recuperar tanto física quanto mentalmente, e contou que, hoje, está na melhor fase da vida.
“Tudo na minha vida mudou, tudo foi ressignificado, porque quando a pessoa passa por uma coisa como a que eu passei, é o fim. Quando você consegue sair, tudo é diferente. A vida toma outro sentido, é muito bonito”, afirmou o cantor, comparando a experiência a uma escola.
“Nesses anos de hospital, eu aprendi mais do que aprendi na minha vida toda. Estar numa situação daquela é desesperador, mas, quando você olha pro que foi, é uma coisa fantástica. Hoje vivo o período mais feliz da minha vida toda porque eu aprendi a me amar no hospital. Aprendi a gostar da solitude, o prazer de ficar comigo mesmo. É uma maravilha - não o que eu passei, [mas sim] a ressignificação das coisas”, explicou.
E não foi só na vida pessoal que Netinho se transformou. “Quando eu estava à beira da morte no hospital, o Netinho artista não me serviu para nada. O que eu tinha não me socorreu. Meus bens? Não podia usar! Isso não é nada. Isso move esse mundo das ilusões em que a gente vive”, disse.
Jornada de superação é lembrete inspirador
Hoje, Netinho já consegue se apresentar em trios elétricos sem apoios, intercala caminhada com corrida durante 9 km todas as manhãs e usa o próprio aprendizado para ajudar aos outros. No programa, ele incentivou que as pessoas prestem atenção umas às outras para notar possíveis sinais da depressão, e que parentes de pessoas depressivas procurem saber se elas estão realmente tomando os remédios durante o tratamento.
Antes de cantar o hit “Milla” junto de Porchat e da plateia, Netinho também revelou uma letra que escreveu especialmente para as pessoas que entram em contato com ele nas redes sociais para pedir ajuda. Chamada de “Tempo de Cuidar”, ela fala de força, superação, coisas alegres e ajuda, e Netinho não segurou a emoção ao cantar alguns versos. “Todo mundo pode. Eu consegui, todo mundo pode!”, disse.