null: nullpx
câncer de mama-Mulher

Acordar com camisola úmida a fez descobrir câncer na mama e ensinou muito sobre viver

Publicado 18 Out 2018 – 04:51 PM EDT | Atualizado 22 Out 2018 – 10:59 AM EDT
Compartilhar

"Um dia você acorda e vê a sua camisola molhada na região da mama e no dia seguinte novamente, mas pela terceira vez, você para e pensa se tem algo errado: 'Será que estou grávida?'. Essa foi a única opção que passou pela minha cabeça", mas a secreção que saía do seio de Mônica não era leite materno e indicava algo grave.

Secreção que saía do mamilo era sintoma de câncer

A empresária, fundadora e CEO da MCM Brand Group, Mônica Schimenes, de 44 anos, tem o costume de dormir de bruços e, certo dia, ao acordar, percebeu que sua camisola estava molhada na região da mama direita. "Era um líquido bem fininho, não tinha cheiro nenhum e seu aspecto era leitoso", relatou.

Quando viu aquilo, Mônica pensou que poderia estar grávida, já que não estava usando nenhum método contraceptivo com o ex-marido e tinha o sonho de ser mãe. Hoje, ela é casada com Ogair, que aparece nas fotos junto com ela e o filho que adotou em seu primeiro casamento, Léo.

Mas com o passar dos dias, a secreção foi aumentando a ponto de deixar até o lençol úmido e então ela decidiu marcar uma consulta com sua ginecologista. Após vários exames, veio o diagnóstico: Carcinoma Ductal in Situ (CDSI).

De acordo com com a cirurgiã oncologista do Núcleo de Referência de Mama do A.C.Camargo Cancer Center Solange Torchia Carvalho, o Carcinoma Ductal in Situ é um câncer em estágio inicial e, na maioria das vezes, é diagnosticado por exames de imagem, como a mamografia. Já a secreção não é um sintoma comum, mas pode acontecer.

"Em alguns casos o carcinoma pode aparecer como uma descarga papilar, ou seja, você tem uma saída de secreção pelo mamilo, geralmente acompanhada de sangue. Só que nem sempre esse secreção é um indicativo de câncer, mas é um alerta para a mulher ", explicou Solange.

Mônica não tinha histórico de câncer na família e fazia autoexame

Mônica não tinha histórico de câncer na família. Por isso, quando notou que uma secreção começou a sair de seu mamilo, não imaginou que poderia ser um sinal de câncer de mama.

Além disso, ela tinha apenas 33 anos e fazia frequentemente o autoexame. "Nunca senti nenhum nódulo na minha mama". Isso não deveria causar nenhuma surpresa, já que de acordo com Solange, esse método não é suficiente para detectar alterações ou cravar diagnósticos.

"O autoexame não é considerado um método de rastreamento. Um câncer na fase inicial é difícil de ser apalpado, pode acontecer, mas não é o habitual", afirmou a médica, que alertou que ainda sim, é importante ser feito para a mulher conhecer melhor e se conectar com seu corpo.

Mastectomia e autoaceitação

Mônica não passou por quimio, nem radioterapia pois o Carcinoma Ductal In Situ é restrito à mama, ou seja, não se espalha nem causa metástase para outros órgãos do corpo. A expressão In Situ significa no lugar ou no local, quando usada na medicina.

Embora não tenha passado por alguns percalços comuns ao tratamento do câncer, como aperda dos cabelos devido à quimioterapia, Mônica teve que realizar uma mastectomia para fazer a retirada total da mama direita.

Segundo Solange, o tratamento varia de acordo com o paciente. "A gente tenta evitar a mastectomia, mas em alguns casos é necessário", como no de Mônica, que se abalou muito com a cirurgia.

"A questão da perda da mama não é só estética, mas sim o que ela representa: o símbolo do feminino. Perder a mama, faz você se sentir menor como mulher", diz Mônica.

A questão da retirada da mama foi tão difícil para Mônica, que ao sair do hospital, ela passou em uma loja que vendia sutiãs para mulheres que passaram pela mastectomia antes mesmo de ir para casa.

Mônica não pôde colocar a prótese no seio logo após a cirurgia, pois junto com a mama, muita pele foi retirada. Por isso, ela teve que usar uma prótese de extensão para poder regenerar e se alongar a pele e depois implantar o silicone.

Mas com apoio psicológico e a colocação da prótese, Mônica foi aceitando seu "novo corpo" com mais facilidade.

"Existe uma Mônica antes e outra depois do Câncer"

O câncer está longe de ser algo bom, mas de acordo com Mônica, a doença mudou o modo como ela enxergava a vida. "A partir do momento que você se enxerga lutando para continuar viva, tudo muda de cor, de cheiro e de sabor. Eu comecei a dar mais valor para a vida".

Além disso, o decorrer do tratamento fez com que Mônica finalmente experimentasse o delicioso gosto da maternidade. "A luta pela vida acelerou a vontade que eu tinha de ser mãe e me trouxe o Leo".

Mônica sonhava em ser mãe, mas recebeu uma notícia durante o tratamento que mudou totalmente o curso materno em sua vida. "O oncologista me disse que o melhor seria eu não engravidar durante os primeiros 5 anos após o tratamento". Ela não quis esperar e logo depois da mastectomia, decidiu dar entrada em um processo de adoção.

Após quase dois anos de espera, Mônica e o ex-marido finalmente se tornaram pais com a chegada de Leo, um bebê de apenas 8 meses. A maternidade trouxe muita felicidade e completou a vida da empresária.

"Sempre pensei em ter um filho biológico e outro adotivo. Mas hoje, se eu decidir ser mãe pela segunda vez, minha gestação será fora da barriga, porque a experiência com o Leo foi tão boa, que eu adotaria outra criança".

Até no trabalho as coisas mudaram e ela aprendeu uma importante lição. "Foi outra oportunidade de aprender a delegar e lembrar que não temos controle de tudo".

Mônica fez uma comparação para entendermos melhor como o câncer ensina a gente a dar mais valor à vida. "É como respirar, se você não tem problema pulmonar, você não percebe o quanto o ar é essencial e nem dá tanta importância para ele".

Para a empresária o câncer foi capaz de transformar até mesmo algumas coisas que ela achava que era impossível de mudar. "Existe uma Mônica antes e outra depois do Câncer".

O tratamento de Mônica durou quase dois anos e hoje ela está curada, mas continua fazendo exames de rotina e prevenção.

Outubro Rosa

Compartilhar

Mais conteúdo de interesse