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"Dois Papas" é aposta da Netflix para Oscar 2020: o que é real e o que é ficção no filme

Publicado 27 Dez 2019 – 06:57 AM EST | Atualizado 27 Dez 2019 – 06:57 AM EST
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"Dois Papas" é uma das principais apostas da Netflix para o Oscar 2020 e estreou na plataforma de streaming como sucesso absoluto entre o público e a crítica especializada que elegeram o longa como um dos melhores do ano.

Dirigido por Fernando Meirelles, o filme acompanha o embate filosófico entre dois pontífices da igreja católica, Bento XVI (Anthony Hopkins) e Francisco (Jonathan Pryce), mas nem tudo foi baseado em fatos reais.

Descubra o que é real e o que é ficção em "Dois Papas".

O que é real e o que é ficção em "Dois Papas"

Ditadura argentina

Francisco liderava uma ordem jesuíta na Argentina quando uma junta militar tomou o poder em 1976. O filme mostra o religioso entregando padres para a ditadura, mas não foi exatamente assim que isso aconteceu.

Por temer as ações do governo, Francisco cooperou com oficiais, queimando livros de esquerda e tirando dois padres, Franz Jalics e Orlando Yorio, do trabalho comunitário de Rivadávia, fazendo com que perdessem o direito de celebrar missas.

Por outro lado, o que a Netflix não mostra é que Francisco chegou a dar referências para que os padres pudessem ser protegidos por bispos locais, mas o plano não surtiu efeito e os dois foram torturados pelo regime.

Em uma das cenas em que os dois papas se encontram no filme, Francisco diz para Bento que, ao contrário de Yorio, Jalics o havia perdoado, o que bate com o relato de um jesuíta no livro "Valley".

Relacionamento de Francisco

Mais um fato mostrado por "Dois Papas" é o relacionamento de Francisco com Amalia. Os dois se conheceram durante a juventude e, no filme da Netflix, chegaram a ficar noivos, até que o religioso terminou o relacionamento para seguir sua vocação.

O romance é real, mas a história por trás é um pouco diferente do que foi mostrado na ficção. Francisco e Amalia foram namorados na infância, mas nunca chegaram nem perto de noivar e terminaram por causa da desaprovação dos pais.

No passado, quando tinha apenas 12 anos, o futuro papa escreveu uma carta para a namorada onde dizia que, caso não se casassem, viraria padre, mas o relacionamento terminou muitos anos antes.

Casos de pedofilia

A principal polêmica abordada por "Dois Papas" foi um caso de pedofilia, abafado por Bento XVI no passado, que condiz com a realidade e aparece em uma passagem, com o áudio propositalmente abafado.

O crime envolve o Marcial Maciel Degollado, um padre mexicano influente que assediou garotos por décadas, mas foi acusado no fim dos anos 90 por nove homens, que entraram com uma ação formal no Vaticano.

Bento XVI tinha conhecimento da denúncia e, quando ainda liderava a Congregação para a Doutrina da Fé, falhou em processá-lo. O filme mostra o religioso fingindo surpresa com a acusação, mas não foi o que aconteceu de fato.

Paixões dos religiosos

Para provar que "Dois Papas" procurou retratar detalhes da vida real, Bento XVI era, de fato, viciado em Fanta, além de ser apaixonado por tocar piano, paixão que também aparece no filme da Netflix.

A informação foi confirmada pelo blog The Young Catholic e tudo indica que o amor pelo refrigerante, que era fabricado na Alemanha, veio da juventude do religioso. Mas atenção: tem uma cena que não é verdadeira.

Quem lembra quando Bento e Francisco comem pizza e tomam Fanta escondidos na famosa "sala das lágrimas" na Capela da Sistina? Ainda que mostre o novo papa se vestindo pela primeira vez, a sequência nunca existiu.

Outra cena que é bem improvável de ter acontecido na vida real é a que mostra os papas assistindo à final da Copa do Mundo de 2014, disputada entre Argentina e Alemanha, fato que foi desmentido pelo próprio roteirista.

Francisco sempre foi favorável à modernização da igreja e rejeitou de verdade os sapatos vermelhos, usados pelo antecessor, Bento XVI, como um ato político. O alemão teria feito várias críticas à decisão do religioso.

Encontro no Castel Gandolfo

Os dois papas chegaram a se encontrar no Castel Gandolfo, mas não como é mostrado no filme, que tem como norte uma reunião secreta entre os religiosos, fato que foi adaptado pela Netflix para a ficção.

No filme, Francisco e Bento XVI se encontraram na casa de verão do papa, quando o argentino pede ao pontífice que lhe conceda aposentadoria antecipada, mas a solicitação é entendida como ato de insubordinação.

É a partir daí que tem início um debate filosófico sobre o dogma católico, mas, na vida real, o encontro teria acontecido somente em 2013, quando Bento XVI renunciou ao cargo e o argentino já tinha se tornado papa.

Relutância de Francisco

Quem assistiu ao filme deve ter se perguntando se é verdade que Francisco relutou em ser papa. A resposta é sim, principalmente depois do conclave de 2005, que elegeu Bento XVI.

Assim como foi mostrado em "Dois Papas", apesar da insistência do cardeal Carlo Martini, Francisco considerava que sua contribuição à igreja já tinha sido satisfatória.

A adaptação da Netflix ainda pega leve com a relutância. Francisco chegou a dar entrevistas em que deixou claro estar descrente de ser a pessoa corra e, durante o primeiro conclave, incentivou as pessoas a votarem em Bento XVI.

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